quinta-feira, setembro 30, 2004

"The horror! The Horror!"

Há muitas coisas que não entendo. Destas, há as em que reflicto, e que por isso mesmo me levantam muitas dúvidas, e há as que me fazem rir pela impossibilidade de as pensar com racionalidade. Os capelões no exército, a veia ecuménica da igreja e o desejo de justiça popular fazem, assim, parte de uma boa barrigada de riso. Não percebo como é que uma instituição que defende o direito à vida, permite que os seus ministros sirvam num exército que não serve para outra coisa que impedir o direito à vida. Enfim... mas o que me interessa por agora é a justiça popular.
Recordo que quando Carlos Silvino foi preso, uma das corujas que todos os dias o ia insultar para a frente da judiciária, era uma simpática velhinha, temente a Deus, e capaz de fazer os melhores pastéis de bacalhau de Alfama. Esta senhora, ou melhor, Avó mítica, um dia foi entrevistada. Então debaixo dos cabelinhos brancos, dos olhos brandos e da expressão doce diz: " se eu o apanhasse metia-lhe um arame farpado pelo cu acima, atava a ponta a burro e punha-o a correr. Havia de lhe tirar as tripas." Ora, descontando, a pobre da alimária que nada tem que ver com os problemas dos homens esta senhora, numa frase, conseguiu pensar numa coisa que nunca vi escrita nos melhores manuais de libertinagem. De onde virá esta vontade de vingança de tão inofensiva velhinha? Que incontrolável força foi responsável por tão inqualificável ideia? Deus? o diabo? era mesma? Quem ou quê? "o espírito da perversidade"?
A resposta sobre a origem é difícil de dar, mas a realidade é fácil de constatar: no campo das paixões humanas, impera o hediondo. "The horror! The Horror!"

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