quinta-feira, fevereiro 26, 2004

Para os amigos

que se riam de mim quando eu dizia que Espanha estava escandalosamente mais barata que Portugal!!!

Paris consegue ser mais barata do que Viana do Castelo, que está ao nível de Bruxelas. Braga, Chaves, Elvas e Faro estão ao nível de Liège. O Porto, por sua vez, é bem mais caro do que Londres. Daí que não espante o facto de Portugal ser o terceiro país mais caro da Europa, logo a seguir à Holanda e à Bélgica. Alemanha e Espanha são os mais baratos.

É só escolher a porta de saída: Tui, Fuentes de Oñoro, Badajoz, ou, para os mais finos, o aeroporto da Portela. O último que não se esqueça de fechar a porta!!!

Quem come na gamela da crise económica?

Porque se vive uma crise económica dos diabos, as associações patronais sentem-se legitimadas em recorrer á redução de mão-de-obra.
Porque se quer sair o mais rápido possível da crise, as associações patronais sentem-se legitimadas para pedir baixa de impostos.

conclusão: As crises são positivas e até desejáveis para os interesses das associações patronais.
Se isto não é uma contradição absoluta entre o capital e o trabalho não sei o que é.

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

Alex Ferguson enganou-se

O treinador do Manchester United afirmou, sobre o FC Porto, que eles ganham o campeonato todos os anos - sempre que compram uma garrafa de leite são mais três pontos.

Pois a Gabardina faz questão de explicar ao Sr. Ferguson que as coisas, em Portugal, não se passam assim de ânimo leve. Os três pontos não se compram com leite, porque os árbitros portugueses não têm esse estilo de vida. Uns whiskies a martelo em garrafa de JB15 e umas miúdas ao serviço do bigodes, mais uns quinhentinhos (hoje em dia dois mil e quinhentinhos ou mil e seiscentinhas, em câmbio local, mais inflação) são o necessário e parece que o suficiente. Em alternativa, o Carnaval fora de época no norte de Brasil tem saído muito bem e com bons resultados.

"Early morning vomit"

9:30 – Escritório
- Então o Carnaval? Foi bom?

- Olhe, passou-se, foi mais um. Com este frio nem apeteceu sair de casa.

- Passou-se? Foi mais um? Como assim? Foi menos um, isso é que foi, menos um! Está a ouvir ?! Sim, esse tédio que nada fecunda, esse aborrecimento deprimente, esses olhos baços, lentos e embora sem cataratas velhíssimos na idade, esse corpo das rotinas dos outros, têm menos um Carnaval. Pode não saber mais nada, mas ao menos saiba isto: não foi mais um Carnaval, foi menos um Carnaval. Foda-se. E eu é quero ir ver o Nick Cave. Ou gostava porque nem sequer tenho bilhete.

Amor e Ócio

Sem querer desiludir o Rui Tavares e a Ana Sá Lopes, atrevo-me a adivinhar que o cheiro a pataniscas que invade o Amor e Ócio em plena Rua Corpo de Deus, nesta bela cidade que é Coimbra, indica que o seu autor não se chama Rui Baptista, mas provavelmente Álvaro Vieira...

De qualquer maneira, confirma-se. Os jornalistas em geral e os do Público em particular continuam a entrar na blogosfera.

Se não é a mesma coisa...







terça-feira, fevereiro 24, 2004

Afinal é carnaval...

Na esperança de que um leve sorriso se desenhe na face do leitor e o colega de frente pergunte: " tás a rir de quê, pá?" aqui ficam duas fotografias. Ao seu autor que não consigo identificar um abraço.

"O rabinho dos bosques"


"Amor intra-geracional"


segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Saltwater wells in my eyes

Era eu um miúdo quando alguém me tentou explicar, em frente ao mar da Figueira da Foz, que as ondas vêm em ciclos de sete. E que se ficarmos a olhar atentamente para elas e se contarmos até sete, veremos novamente a primeira (aproveito desde já para pedir desculpa à malta do surf, incluindo o meu colega de blog. Mas ainda que tudo isto esteja errado, serve-me a metáfora). E eu lá fiquei, encantado, a olhar para o mar, a tentar ver se a teoria se confirmava na prática.

Mais ou menos pela mesma altura era comum que os jovens das séries americanas de televisão fossem surfistas e estivessem sentados na praia, com a prancha espetada na areia, à espera da "sua onda". E também eu passei a estar sentado em frente ao mar, ao fim da tarde, depois da correria do resto do dia, a tentar perceber qual das sete ondas daquele mar era a minha. E depois de decidido isso, a contar de sete em sete, para a ver de novo. E que alegria era vê-la de novo...

E imaginava, como imagino, que para um surfista nada haveria de melhor que encontrar a sua onda, e nada mais desesperante que deixá-la passar.

Aprendi mais tarde, com Heraclito, que a mesma água não passa duas vezes debaixo da mesma ponte. E que, portanto, as ondas também não voltam.



E por isso, hoje, quando sete ondas depois não é possível apanhar uma que escolhi como minha, fica-me a alegria de a ter visto de novo, e a frustação de ela ter passado e de poder não voltar ao meu mar.

Apesarr de tudo, faz sentido.

Depois de agradecer veementemente, e prestar a merecida homenagem ás leis da improbabilidade que, numa conjugação irrepetível, permitiram numa primeira ocasião que um autocarro fosse engolido por uma estrada, e numa segunda que uma baleia explodisse no meio de uma cidade da ilha da Formosa, queria dar nota da mais recente manifestação dessas leis: A vitória da Académica ao Belenenses por 5-0. Que dizer!

Se era improvável que o macadame almoçasse um efectivo da carris e se era impensável que a baixa de uma metrópole ficasse plena de vísceras podres de uma baleia, totalmente irracional era pensar possível uma vitória da Académica fora de casa. No entanto, a vitória verificou-se e pelo absurdo resultado de 5-0.

Comparado com isto, um porco a andar de bicicleta é a base da relação causa - efeito.

Governo: resignação ou revolução?

Este fim-de-semana estive em conversa com dois amigos que votaram neste governo e que continuam a ser seus defensores. Em conversas separadas. Os argumentos que eles utilizaram para defender o executivo de Durão, Manela e Cia., apesar de concordarem que ele é péssimo, foram dois e os mesmos:

1.º argumento: não vale a pena mudar porque um governo do PS seria igualmente mau;

2.º argumento: os governos anteriores arranjavam ainda mais empregos para os seus boys do que este.

O pior de tudo isto é que eu concordo com o primeiro argumento e não consigo afirmar convictamente que o segundo é falso.



Consigo, no entanto, dizer que este governo é péssimo, corrupto, desonesto e deve ser derrubado. E se o primeiro dos argumentos apontado é verdadeiro, então que se derrubem sucessivamente todos os governos do país, até que apareça alguém honesto. Já não se exige competência técnica neste momento. Apenas honestidade.



Por outro lado, eu, que sempre me considerei moderado, eu que até já votei no centro-direita, revejo-me cada vez mais nas palavras de uma amiga que há dias me dizia: "eu estou pronta para apoiar uma revolução em Portugal".



Quando estivermos prontos para a fazer, quando estivermos prontos para partirmos a cara a estes senhores que arranjam empregos de 800 e 1000 contos aos seus meninos e à sua família, então poderá haver esperança para Portugal.

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Direito a escolher a morte e não a má sorte

Morreu Maria. Em Itália. Aos 62 anos.
Recusou que lhe amputassem uma perna gangrenada, mesmo sabendo que essa decisão a levaria a uma morte rápida.
Decidiu-o contra as vozes de médicos, políticos e religiosos, e conseguiu que um juiz autorizasse a sua decisão.

Até onde irá ser levado este direito a dispor da própria vida, será cedo para dizer.
Com certeza ao fim da absurda obrigatoriedade de uso de cinto de segurança. Dificilmente à eutanásia. Mas parece ser um passo rumo ao futuro.

viver

o coração bate mais forte em certas ocasiões
ainda consegue sentir aquela sensação no estômago
ainda se desilude quando vê o correio e não tem nada
ainda fica feliz quando vê o correio e tem um poema de amor
ainda se ri sozinho quando tem esperança
ainda chora quando pensa que não há esperança nenhuma
ainda adormece a sonhar com coisas que pode fazer no futuro
ainda acorda, duas horas antes do habitual, a pensar como seria bom se os sonhos se realizassem
ainda ensaia mil vezes a frase "amo-te"
ainda está vivo

Portugal Vs Inglaterra

Quando Portugal joga com a Inglaterra há sempre a sensação que são os caseiros que jogam contra os senhores.
Os caseiros, de tez morena, por trabalharem no campo todo o ano, recebem os senhores da casa, que vêm de longe e chegam com uma sobranceria, de quem sabe, que apesar do resultado existe uma diferença incontornável entre eles: os senhores são os donos da terra e os caseiros apenas a trabalham.
Apesar de no campo serem 11 contra 11, há entre Portugal e Inglaterra uma relação feudal qualquer. Uma subserviência estética, um baixar congénito do olhar.

quarta-feira, fevereiro 18, 2004

Máxima possivel

"até aos 30 tens a cara que Deus te deu, depois tens a cara que mereces"

terça-feira, fevereiro 17, 2004

Mais cérebro, menos betão

E finalmente a Comunidade Europeia força Portugal a fazer o que deveríamos ter feito há muito tempo:

investir na massa cinzenta e não no alcatrão.

Talvez porque as verdadeiras auto-estradas estejam aqui:

Mulheres e homens

Quando um gato quer festas roça-se na perna do humano mais próximo até ter as festas que quer. Quando não precisa de humanos não lhes dá confiança absolutamente nenhuma.

Um cão está sempre disposto a dar e receber festas.

Não ceder às coisas fáceis

Muitas vezes tenho a tentação de fazer um blog que se alimente exclusivamente com citações de Ana Gomes ("ministra sombra" dos Negócios Estrangeiros do PS).

Para já, vou resistindo heroicamente...

Quiz

Se:
o Paulo gosta do Pedro que gostava de ser o Jorge,
e o Marcelo é amigo do Jorge e não gosta do nem do Pedro nem do Paulo porque é do Aníbal que gosta
e o Aníbal não gosta de ninguém,
de quem é todos gostam?

A)Não devia haver aqui mulheres?

B)Só deles próprios

C)Do Woody Allen

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

O Pirata

Durante um ano de erasmus em Itália, no ano lectivo de 1997/98, apenas durante um pequeno período regressava à residência universitária onde vivia depois do almoço na cantina: durante o Giro'98. Nessas semanas, passava uma hora, hora e meia, ao início da tarde, a ver os feitos heróicos do italiano do momento: Marco Pantani. O favorito dessa edição do Giro era um russo chamado Pavel Tonkov, bom rolador e especialista no contra-relógio, que conseguia acompanhar o ritmo dos melhores nas montanhas. Numa dessas tardes a etapa acabava numa subida de 20 kms. Pantani atacou assim que a montanha começou. Tonkov resistiu, ataque após ataque, um quilómetro, dois, cinco, dez. Ao fim de dezoito quilómetros, Tonkov resistia e Pantani ainda atacava, sem parar, quatro, cinco vezes a cada mil metros. A mil e quinhentos metros da meta, Pantani ataca de novo. O russo, exausto, sentou-se no selim e deixou-se descolar. Nesses mil e quinhentos metros, o italiano, numa corrida louca, ganhou quase dois minutos a Tonkov. E ganhou-lhe o Giro.

Pantani era ícone maior de uma certa Itália. Irreverente, diferente, frágil, genial mas com muitas fraquezas, muitas vezes rude e mal-educado, em permanente luta contra um sistema de que discordava. Um condenado a ser o eterno segundo, que deu a volta por cima e foi o primeiro. A sua atitude de fora-da-lei e o lenço que gostava de usar na cabeça valeram-lhe a alcunha de "Pirata", que gostava de alimentar.



Em 99, depois de ainda ter ganho o Tour de 98, caiu em desgraça: foi apanhado num controlo anti-doping. Nunca mais se levantou verdadeiramente. Passava os meses entre clínicas de desintoxicação e tentativas de regresso à competição, nunca deixando de fazer notar a hipocrisia de um desporto em que todos se dopam, e todos o admitem, mas onde só pagam os que são apanhados.

Este fim-de-semana o Pirata deixou-se descolar uma última e definitiva vez do pelotão. Foi encontrado morto, num quarto de hotel, sem a família, que lhe geria os bens, por perto. Morreu de overdose, sabe-se agora. Morreu, aos 33 anos, abandonado por um desporto a cujos adeptos ofereceu os momentos mais arrepiantes das últimas décadas.

Morreu, sozinho, o homem que disse: "Venço tudo e sinto-me só".

vassouradas ...

Primeiro, pega-se numa grande vassoura.
Depois, segura-se o cabo com a firmeza de quem quer higiene. Em seguida, entra-se, resoluto, na federação Portuguesa de Futebol, na sede dos clubes, e na liga de futebol. Começa-se a varrer os escritórios que cheiram a charutos e os corredores onde esperam homens de fato com enormes barrigas. Feito isto e prevendo já algumas resistência, é necessário pegar nas pessoas responsáveis por esses organismos e segurando-as pelos calcanhares, sacudi-los com vigor ás janelas e qual tapetes, dar umas fortes vassouras para que deixem o pó sair para a rua. As vassouradas devem ter tal vigor, que os dirigentes desportivos feitos tapetes enjoados pelos abanões, devem querer voltar imediatamente para casa.

Se bem feito este procedimento evita a utilização de detergentes epromove o respeito pelas leis da republica.

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

O dia menos romântico do ano

Faz amanhã seis anos que passei o dia de S. Valentim em ambiente internacional. Uma amiga americana, com quem jantei nesse dia, no tabuleiro habitual da cantina trouxe, excepcionalmente, dois pacotes de vinho, daqueles foleiros ao estilo Camilo Alves (com o devido pedido de perdão ao homónimo blogger, que muito aprecio). E embebedou-se. Ali mesmo na cantina. Explicou ela que era tradição, dela e das suas amigas, festejar assim o dia de S. Valentim, nos anos em não tinham ninguém especial com quem o partilhar.

O dia de S. Valentim é de facto algo de terrível para quem não tem um Valentine. É mesmo algo de contraproducente em relação à ideia que dele se tem. Todos achamos que este é um dia em que o amor acontece. Pois na verdade o amor só acontece neste dia para aqueles a quem já aconteceu. Os outros, mesmo que tenham vontade de sair com alguém do sexo oposto (para os leitores mais recentes, este blog é, de forma assumida, politicamente incorrecto) ficam naquela dúvida do “será que ele/ela vai pensar que isto é um convite romântico? Se calhar o melhor é deixar para outra altura…” Estes, portanto, estão condenados a passar o dia sozinhos ou com companheiros de longa data. Também sozinhos, claro. Para eles, este é, garantidamente, o dia menos romântico de todo o ano.

sexta-feira 13

Os portugueses não estão preocupados com este dia.
Há oito anos que, para nós, todos os dias são sexta-feira 13.
Já nos habituámos.

A globalização é...

...um indiano, na Baixa, a vender o Borda d´agua por 3 Euros.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

País de esquizófrénicos...



O governo, que quer promover hábitos de vida saudável, pode ser o mesmo governo, que aceita dinheiro de bebidas alcoolicas, para patrocinar o desporto?
Não... não pode. E, não pode, porque a racionalidade humana, se não estiver embriagada, assenta no principio da não-contradição. Por isso, das duas uma: ou o governo é ele próprio patrocinado pelo alcool, ou Portugal tem dois governos. Um que aparece na televisão e outro que decide na sombra. Em qualquer das hipóteses, nenhum deles me inspira grande confiança pois, o que a um falta de sobriedade a outro sobra em opacidade.

Era um fino, por favor!

O governo quer acabar com a venda de cigarros e álcool junto das estradas e dentro da generalidade dos serviços públicos. Para além de saber se as Queimas das fitas poderão daqui em diante ser patrocinadas por cervejas, interessa-me perguntar qual é o sentido de ter a selecção nacional de futebol patrocinada por uma marca de finos.
Este esforço do governo, parece que se insere numa ideia maior de promoção de hábitos de vida saudável. Hábitos esses que na óptica do governo passam pelo incremento de uma melhor dieta alimentar e pelo aumento da prática desportiva. Ora, em relação à melhor dieta, é necessário que as pessoas quando vão ao supermercado possam escolher entre 4 hambúrgueres a um euro e meio e o peixe fresco a cinco euros a posta. Ter um salário melhor é ter uma alimentação mais saudável.
E depois há o desporto. Nas declarações do próprio primeiro-ministro à Antena 1, este depois de anunciar a preocupação em promover a prática desportiva, logo se retirou a ele próprio dessa possibilidade. Mas há mais, se os exemplos devem vir de cima, como entender que um homem, que parece estar sempre na iminência de um ataque de apoplexia fulminante seja, ele próprio, o secretário de estado do desporto.
O problema de fundo de Portugal não são cigarros, as imperiais, ou como a contra-mão na auto-estrada, como dizia hoje Luís Delgado; o problema deste país são os salários baixos.

Cragnotti vs. Pinto

Em Itália, país dado tradicionalmente, pelos portugueses, como exemplo do "vêem, ainda há quem seja mais corrupto que nós!", foi preso ontem Sergio Cragnotti, ex-presidente da Lazio e emblema maior do que não deve ser o desporto: negócios escuros, movimentos de bastidores, dinheiro que não se sabe bem de onde vem... enfim, uma realidade que nós por cá tão bem conhecemos...

Ao mesmo tempo, numa pequeno país da Europa Ocidental, há uma pequena ave que rapina e que resiste há mais de duas décadas...

O sobe e desce do preço da electricidade em Portugal

No dia 20 de Janeiro de 2004, Durão Barroso, na cerimónia de assinatura do acordo fundador do Mercado Ibérico de Electricidade, afirmou, em jeito de promessa, que este novo espaço levaria a uma redução dos preços da electricidade para os consumidores de Portugal.

Ontem, dia 11 de Fevereiro de 2004, o presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), Eng.º Jorge Vasconcelos, informou quem consome energia em Portugal que, provavelmente, a tendência dos preços, em resultado da constituição desse mercado, será de subida.

Ora acontece que quem define os preços da electricidade para o território nacional é a ERSE e não o Governo. O que significa que o primeiro-ministro meteu o nariz onde não era chamado e ficou agora com ele entalado.

Desta contradição podemos tirar imediatamente três conclusões:

• Os governantes portugueses ainda não aprenderam a respeitar o espaço das Entidades Reguladoras (veja-se também a situação ridícula em que se encontra a Entidade Reguladora da Saúde);

• A vida dos portugueses continuará a ser cada vez mais cara, enquanto os seus salários continuarão, na melhor das hipóteses, a ser os mesmos;

• Ao fim de dois anos de governo, Durão Barroso e Carlos Tavares devem estar a começar a perceber que não será tão fácil como pensavam verem-se livres do Eng.º Vasconcelos. E ainda bem…

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

O mais belo beijo da história do cinema. E o mais moderno

A Blockbuster decidiu promover a eleição dos beijos mais bonitos da história do cinema, por votação dos clientes das suas lojas.

O primeiro lugar ficou para este beijo entre Audrey Hepburn e George Peppard

no "Breakfast at Tiffany's".

De destacar que nos primeiros 20 lugares ficou um "beijo lésbico", dado a meias entre Sarah Michelle Gellar e Selma Blair no filme "Cruel Intentions". Sinal dos tempos...

Por que será?

Portugueses são os europeus mais pessimistas, diz o Público.

Em compensação, os portugueses são o povo que mais confia na União Europeia, diz a mesma notícia. Talvez na esperança de que, um dia, ela tome definitivamente conta de nós...

As beatas do mercado

Há quem ache que os nascidos depois de 1974 podem ser utilizados pelas empresas como estas bem entenderem. Há quem considere que os nascidos depois de 1974 nunca vão poder ter um emprego seguro, pois a dinâmica da economia de mercado exige a máxima flexibilidade do trabalho. Depois de se ouvirem as conclusões saídas o encontro no Beato é impossível não ser marxista.

terça-feira, fevereiro 10, 2004

Em todos os casos casa pia

Há a verdade jurídica, a verdade histórica, a verdade jornalística, a verdade psicológica, a verdade da memória, a verdade científica, a verdade intuída, a verdade relatada, a verdade económica, a verdade religiosa, a verdade emocional, a verdade lógica a verdade…. E nenhuma delas coincide exactamente uma com a outra.

Vaticano fashion

Eis as propostas do estilista Christoph Cremer para a Primavera/Verão 2004 no Vaticano (ver o El Mundo, com link na coluna da direita).


Aceitar o erro

Como é que podemos decidir sem ter toda a informação?

Percebo que a maior parte dos erros que cometo se devem a informação errada ou insuficiente.
E pergunto-me se poderia ter feito melhor. Concluo que com a informação disponível, talvez, na maior parte dos casos, tivesse sido difícil. A solução é tentar ter sempre toda a informação disponível. Como isso nem sempre será possível, acho que estou mesmo condenado a continuar a errar…

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Generation trap

A geração que em 1974 tinha entre 20´s anos vinha da noite escura da repressão politica, fez o 25 de Abril e começou a manhã do resto das suas vidas cheia de esperanças e possibilidades.

A geração que em 2000 tem 20´s, vem da liberdade inconsequente da juventude, tirou um curso superior e entrou na noite escura da desilusão.

Apesar de parecerem contraditórias, ambas as gerações têm um grande denominador comum: é que se a primeira não concretizou o que tinha idealizado com o 25 de Abril a segunda não se vai realizar com o curso que tirou.

egoísta adj. e s. 2 gén. que ou a pessoa que apenas trata de si ou dos seus interesses

O Dia

O dia nasce, cheio de esperança.
Ele levanta-se e acredita que este pode ser um dia diferente.
Lava-se, veste-se, vai à luta.
As horas passam; umas melhores, outras piores.
Pela do almoço há um brilhozinho nos olhos.



É hora do chá, tudo se complica.
Nem tudo o que parece é, miúdo. Lá te deixaste iludir mais uma vez!
Anoitece; o dia acaba, provando-te que não há esperança nenhuma.
Amanhã será um novo dia, cheio de esperança. Como todos os outros.

(gif assumidamente roubado ao Desejo Casar)

Poema em linha recta para vida sem linha nenhuma

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semi-deuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


Álvaro de Campos, Poema em linha recta

A desilusão só existe

para ti, seu idiota, que ainda te iludes!

sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Welfare state

Na sequência do post desta manhã fui ao Kazaa buscar o mp3 do "Those were the days".

Vale a pena fazê-lo só para ouvir a voz de nojo do Archie Bunker a cantar "welfare state".

Lindo!

Ser útil ao país e ao mundo

Tenho pensado muito nos jornalistas que aguardam à porta do EPL e do TIC por notícias sobre Carlos Cruz.
Que esforço fantástico e útil têm feito esses jovens rapazes e raparigas para nos manterem informados ao segundo, caso se venha a passar alguma coisa.
E pergunto-me: será que o país poderia avançar se eles lá não estivessem? Poderia o resto da população portuguesa e, arrisco mesmo a dizer, mundial, continuar com as suas tarefas diárias, sabendo que uma decisão poderia ser tomada e o mundo só saber meia hora depois? O que seria de nós sem eles?
E pergunto-me mais: os seus jornais, rádios e canais de televisão continuariam a ser respeitados se não tivessem, pelo menos, um repórter à porta de cada uma das instituições?

Uma coisa é certa: sem eles eu não estaria neste momento a escrever este inútil post de fim de semana. E, também por isso, vos agradeço, rapazes! Continuem o bom trabalho!

Those were the days

Uma referência dos marinheiros a Archie Bunker, fez-me lembrar o grande momento que era ouvir a dupla Archie e Edith cantar o genérico de "Uma família às direitas".

Que saudades dos tempos em que não reinava o politicamente correcto...

Aqui fica a letra, para os saudosistas da voz esganiçada da Edith:



Boy the way Glen Miller played
Songs that made the hit parade.
Guys like us we had it made,
Those were the days.

And you knew who you were then,
Girls were girls and men were men,
Mister we could use a man
Like Herbert Hoover again.

Didn’t need no welfare state,
Everybody pulled his weight.
Gee our old LaSalle ran great.
Those were the days.

Bom fim-de-senama e de vida.

EMBRIAGAI-VOS

É necessário estar sempre bêbedo.

Tudo se reduz a isso; eis o único problema.

Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo,

que vos abate e vos faz pender para a terra,

é preciso que vos embriagueis sem cessar.

Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.

Contanto que vos embriagueis.

E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio,

na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou

desaparecida,

perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio,

a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola,

a tudo o que canta, a tudo o que fala,

perguntai-lhes que horas são;

e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio,

hão de vos responder:

É hora de se embriagar!

Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas!

De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.

(baudelaire)

quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Dois quilos, oitecentos e cinquenta

Conheço-te. Bem. Cada vez melhor.
Mas estava hoje a pensar e... não sei em que dia fazes anos. Por momentos um medo invadiu-me: E se for hoje e ninguém me disse nada? Ri-me. É muito improvável...

Acho que o dia em que nascemos é muito importante. E não acredito em horóscopos, nem em nada dessas coisas. Mas, que raio! Se se fazem filmes sobre 21 gramas que perdemos, então o dia em que ganhamos mais ou menos três quilos deve ser convenientemente celebrado!

Mal menor

Há dias que parecem não querer acabar.

Prefiro estes aos que gostaria que nunca tivessem começado.

Almoçamos?

É necessário imaginar que estamos no meio da ponte 25 de Abril. Mais, é necessário imaginar que estamos no ponto mais alto da ponte. A seguir é preciso imaginar a vista. Está? Bem, agora, viramo-nos para Sul e recuamos aos dias em que Lisnave trabalhava em pleno. E que é que vemos? Vemos uma multidão de operários a entrar todos os dias nas entranhas da fábrica, vemos os fatos macacos azuis alinhados, sentimos o movimento da hora do almoço, os sons das cantinas o leve odor do guisado e, ao final da tarde, de novo o burburinho da saída dos operários. Guardemos estes imagens. Agora, e ainda do mesmo local da ponte, olhemos para norte e assumamos que estamos nos dias de hoje. Feito? – bem eu espero – E? o que é que vemos? Vemos uma multidão de operários a entrar todos os dias nos edifícios das avenidas novas, vemos os fatos macaco azuis, feitos fato escuro e gravata, sentimos o movimento e a pressa da hora do almoço e ao final, de novo, ouvimos o burburinho da saída dos operários.
Antes de concluir é melhor sair daqui, não vá passar um avião mais rasante. Já sentados na esplanada do op art, concluiremos: o operário da Lisnave não era dono dos meios de produção, o operário das avenidas novas não é dono do seu tempo.

estilo de compromisso entre o vendedor de Alfa Romeos e o estagiário pretensioso de firma chique de advogados

Fernando Rosas descreveu ontem no Público, com perspicácia, sentido de humor e precisão os "meninos de direita" em Portugal. E descreveu-os assim:

Há que reconhecer que eles já criaram uma imagem de marca, os "cavaglieri" lusitanos. Muito engomadinhos e pomposos nesse estilo de compromisso entre o vendedor de Alfa Romeos e o estagiário pretensioso de firma chique de advogados, com o seu convencionalismo postiço, esse verniz que mal tapa o caceteirismo instintivo e à flor da pele, eles são os herdeiros políticos e culturais da velha direita portuguesa de sempre.

Eu concordo e diverti-me, mas lembro o historiador Rosas de que, ao fazê-lo, se colocou a jeito para que alguém defina o jovem bloquista como um compromisso entre o charrado da noite do bairro alto e o pseudo intelectual que nunca conseguiu acabar o curso superior e vive à custa de anti-depressivos.

O que talvez pudesse ter sido dito é que, hoje em dia, em Portugal, até para ser vendedor da Alfa Romeo é preciso ser jotinha de direita.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Aos desamparados…

Aos que acreditaram que a invasão do Iraque era justificada, aos que acreditaram nas palavras de Bush e Blair, aos que tiveram medo de uma ataque biológico, químico e até nuclear em três quartos de hora, aos que classificaram as manifestações contra a guerra de folclore da esquerda chique, aos no fundo foram enganados queria deixar um a palavra de apoio, de amizade e de esperança.

Quando o medo é o fundamento de qualquer acção do Homem, o resultado será sempre a opressão e a violência. Qualquer estado, qualquer igreja, qualquer guerra, qualquer acção individual se tiver com fundamento o medo, irá sempre implicar a subjugação do indivíduo. Sempre

Ao menos uma vez

Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado por ser inocente.


Legião Urbana

terça-feira, fevereiro 03, 2004

Esse dejá vu não...

Gostava de saber porque é que o árbitro do jogo Benfica – Académica não mostrou um único cartão amarelo, embora tenha havido infracções que o justificariam. Será que o facto de todos os jogadores do Benfica se chamarem Fehér amedrontou de alguma forma supersticiosa o Sr. Árbitro

Eu tenho o direito de ver



Se o Sporting tem, como diz ter, provas de que José Mourinho rasgou uma camisola do Rui Jorge e desejou que ele morresse em campo deve divulgá-las.

Eu, que pago, anuidade de sócio e bilhete de época, para que haja futebol em Portugal, acho que tenho o direito de ver.

Eu, que já paguei este ano um bilhete ao FC Porto para ver a Briosa jogar nas antas, acho que tenho o direito de ver.

E as piadas...

Porque razão é que ainda não ouvi piadas sobre a morte do jogador do Benfica. Bem, talvez já tenha ouvido uma, mas nada como aquele chorrilho de larachas que normalmente precede um acontecimento trágico. Os psiquiatras reconhecem ás piadas sobre acidentes trágicos, um efeito de início de racionalização de um facto brutal. Ora, parece que ainda não se conseguiu dar início a esse processo. Porquê? A minha teoria, é que sobre esta morte não vão surgir piadas piadas, e não surgir porque esse jogador morreu na sala de jantar do Portugueses. Foi como se cada um dos telespectadores tivesse ficado com um morto na sala. E porque houve essa ligação pessoalíssima com o morto, dificilmente se pode ter a distância para gozar com ele. Assim como ninguém diz uma piada um ente querido que tenha morrido.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

A baleia bomba

Depois de ter agradecido ás leis da improbabilidade a imagem de um autocarro ser comido por uma estrada eis que quero agora superlativizar esses agradecimentos pelas mesmas regras terem permitido a explosão de uma baleia em plena cidade.


Os extremos não se tocam

Por vezes há comparações que por serem impossíveis merecem ser feitas. Uma delas é a comparação entre Sid Vicious e uma daquelas “estrelas” musicais dos programas de televisão.
Vicious, que morreu faz hoje 25 anos, tinha a raiva de um grupo social ao qual tinham sido cortadas quaisquer perspectivas de futuro. Era raivoso, cru e agressivo mas honesto, frontal e novo.
As “estrelas” desses concursos, embora tenham vindo do mesmo grupo social são frouxas, subservientes e moles. Deixam que lhes escolham tudo: o “look”, as palavras e até as músicas que vão cantar. São uma mentira presunçosa e pomposa.
Sid pode ter morrido com 21 anos mas estas cabeleiras cheias de gel e com dentes certinhos nunca chegaram a nascer.


Desportivismo

É sempre no fim destes gloriosos fins-de-semana futebolísticos em Portugal que tenho orgulho ser sócio da Académica e simpatizante do Benfica. Dois clubes sem grandes sucessos desportivos nos últimos anos, mas com um comportamento bem diferente dos outros.