Boicotar
Em França foi recentemente publicado um livro de título "Bonjour paresse", (bom dia, preguiça), escrito por Corine Maier.
Este livro ensina um método para que o trabalhador responda com a mesma categoria, às investidas do sistema de trabalho das sociedades capitalistas actuais: se as promoções são feitas essencialmente por factores não relacionados com a competência (logo não dependentes do trabalhador), então a resposta adequada do trabalhador só pode ser: fazer o mínimo indispensável. Mesmo na perspectiva dos interesse da empresa ou organismo onde trabalha: duplicação de tarefas, repetição de procedimentos, confirmações e reconfirmações? uma monotonia pegada que se pode combater com a sabotagem do tempo do trabalho: esculturas de clips, barquinhos de papel, paixonetas por colegas, Internet, discussão sobre os filhos, solitário, buscar água, verificar dezenas de vezes o mail, um telefonema pessoal e chegar ao final do dia cansado.
A ideia não é nova. Os primeiros a defende-la, para a sociedade capitalista, foram os anarquistas libertários: os primeiros sabotadores.
Esta senhora, porém, porque não tem barbas enormes, não vive num século XIX sujo de carvão, arriscou perder o emprego com publicação do livro, é economista e psicóloga teve o mérito de chegar às massas.
Nos inícios da revolução industrial, os operários que começavam a ver as máquinas tirarem-lhes o trabalho (= dinheiro para comer) reagiram destruindo-as. A sabotagem. Hoje, os operários não vendem mão-de-obra braçal, vendem a sua disponibilidade mental. Por isso, não destroem as máquinas, que não lhes tiram o lugar, mas boicotam os serviços que lhes ocupam o tempo.
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