quarta-feira, junho 30, 2004

É sempre bom saber

"The Portuguese prime minister's qualification [is that] nobody minds him too much"

Slovakia's Pravda, citado pela BBC

A cunhazita na comissão europeia


"Um português na comissão europeia é bom para Portugal". Esta afirmação repetida vezes sem conta, baseia-se em quê? Dizem que com um Português na Presidência da Comissão Europeia Portugal tem os seus interesses melhor defendidos. Mas que eu saiba a comissão europeia não serve para defender os interesses particulares de nenhum país. Que eu saiba a comissão serve o interesse da união. Então, como se pode dizer que Durão Barroso presidente da comissão pode ser bom para Portugal? A verdade, é que não se pode. Mas as pessoas, ou algumas, dizem. E a razão? Bem, essa encontra um paralelo no pior que este País tem. Falo da presunção que algumas pessoas têm de que conhecendo alguém num determinado serviço do estado, logo podem dispor dele como se fossem cidadãos especiais: passar antes do fecho do serviço deixar o pedido e ir buscar logo de manhãzinha; fazer um pedido pelo telefone ao amigo que se conhece que em seguida o envia pelo correio; saber de pormenores antes de ter de se confrontar o balcão, enfim, comodidades que existem e que dividem os Portugueses entre os que vão aos serviços públicos no balcão e são mal atendidos e os outros que telefonam e os frequentam por favores e com deferência.
É este o pensamento em que assenta a afirmação de que a ida de Durão Barroso para a Comissão é boa para Portugal. È como conhecer alguém numa conservatória, ou nos serviços do bilhete de identidade, ou no hospital.

Trocadilhos

Il Portogallo è più Cristiano e meno Figo.
Figo è molto cristiano, ma Cristiano è molto più figo.


Cristiano e Figo, em italiano, significam, respectivamente, cristão e bonito.
O La Repubblica decidiu apostar no trocadilho, a propósito do Portugal-Holanda de hoje, e o resultado foi este:

Portugal está mais Cristão e menos Bonito.
O Figo é muito cristão, mas o Cristiano é muito mais bonito
.

Piada fácil do dia

É preciso mandar os laranjas embora!!!

terça-feira, junho 29, 2004

UM GRANDE, GRANDE ESTUPOR

Addio, adieu, auf Wiederseh'n, goodbye
Bastardo, cabrón, you were a disaster in our lives
Se o Zé Manel aceitar, só me ouvirás cantar
Addio, adieu, auf Wiederseh'n, goodbye
Bastardo, cabrón, you were a disaster in our lives
Oo... ah...

Esta Europa não tem grades, fronteiras, barreiras, muro em Berlim
É um mar, é um rio, é uma fonte que nasce dentro de mim
É o grito do meu universo, das estrelas p'ra onde eu regresso
Onde sempre esta música paira no ar

Addio, adieu, auf Wiederseh'n, goodbye
Bastardo, cabrón, you were a disaster in our lives
Se o Zé Manel aceitar só me ouvirás cantar
Addio, adieu, auf Wiederseh'n, goodbye
Bastardo, cabrón, you were a disaster in our lives
Oo... ah...

Este Portugal é um pássaro livre voando no céu azul
Será o mais belo país deste mundo de Norte a Sul
E as palavras que uso em refrão fazem parte da mesma canção
Que ecoa nas galáxias da minha ilusão

Addio, adieu, auf Wiederseh'n, goodbye
Bastardo, cabrón, you were a disaster in our lives
Se o Zé Manel aceitar, só me ouvirás cantar
Addio, adieu, auf Wiederseh'n, goodbye
Bastardo, cabrón, you were a disaster in our lives

(Addio, adieu, auf Wiederseh'n, goodbye)
Uma grande alegria
(Bastardo, cabrón, you were a disaster in our lives)
(a disaster in our lives)
Se o Zé Manel aceitar, só me ouvirás cantar
Addio, adieu, auf Wiederseh'n
Addio, adieu, auf Wiederseh'n
Bastardo, cabrón, you were a disaster in our lives

Porque

me recuso a ir buscar chá à cozinha

P S L - Partido Social Liberal


Hoje estou convencido que apesar de tudo, o próximo primeiro-ministro, ainda que apenas até ao Outono, vai ser Santana Lopes. Porque razão esta realidade causa reacções tão agudas em certo eleitorado? Se a situação não é nova pois já Balsemão, foi primeiro-ministro sem ter ido a eleições, tem de haver uma razão para além deste argumento da legitimidade eleitoral.

E de facto há. Várias. Mas agora interessa-me apenas a que segue. Santana Lopes não tem, nem nunca teve uma intervenção política de fundo. O que pensa sobre a educação, a saúde, a politica externa, as drogas, ou código do trabalho são coisas que nunca disse porque nunca foi assim que ganhou eleições.

Santana nunca apresentou qualquer proposta de fundo ao país. O seu valor político assenta não no programa que defende, mas nas suas qualidades pessoais. E se tentarmos retirar das experiências autárquicas algumas ideias, somos obrigados a concluir que a sua obra se pautou sempre pelos grandes anúncios de primeira página de jornal em que o ponto essencial não era a ideia em si, mas o facto de ser Santana a dizê-la.

Estas duas notas: a falta de uma politica de fundo e a redução do valor político a características exclusivamente pessoais, têm um nome: populismo. Santana é populista. E digo isto sem qualquer sentido depreciativo, pois apesar de tudo, resultou: na Figueira e em Lisboa. E agora no governo.
O vento do populismo levanta-se também em Portugal, e a sua primeira aragem é Santana Lopes.

Carta aberta aos amigos europeus

Portugal, 29 de Junho de 2004



Caros amigos europeus,

É com muita emoção que vos escrevo esta carta aberta. A emoção de quem sabe que é nos maus momentos que se vêem os verdadeiros amigos, aqueles com que sabemos poder contar. Hoje é para mim, e acredito que para Portugal, um dia muito especial. O nosso Zé Manel deixará, a partir de hoje, de ser o primeiro de todos os portugueses e passará a ser o presidente da comissão de todos nós.

Eu sabia, e sabia que vocês sabiam, que era fundamental que o Zé Manel saísse do governo português o mais depressa possível. Os dois últimos anos têm sido de intenso sofrimento para os portugueses (valha-nos agora o Deco e o Scolari!). Mas nunca pensei que vocês estivessem dispostos a sacrificar os próximos anos de desenvolvimento da Comunidade Europeia só para nos livrarem deste calvário. Talvez porque eu, e assumo essa fraqueza com frontalidade, no vosso lugar não seria capaz de tal prova de altruísmo.

Em boa verdade, eu, que me sinto mais europeu que português, tenho alguma dificuldade em permitir que isto aconteça. Sei que os próximos anos de desenvolvimento da Europa ficam seriamente comprometidos. Dirão alguns que é só o Presidente da Comissão, que não tem assim tanta influência. Mas acreditem em mim. Eu já vi o Zé Manel em acção. Será trágico. Mas nada vou fazer, porque não aguento mais a angústia dos que estão à minha volta. Nós aqui não aguentamos mais. E o sofrimento a dividir por todos custa menos.

Por isso, resta-me agradecer-vos reconhecidamente este vosso gesto grandioso. Espero que num dia de maior prosperidade nós o possamos retribuir. Em boa verdade eu só acredito que o Zé Manel se vá embora no dia em que o vir tomar posse. Por isso, para já, serei contido nos festejos. Nesse dia, no entanto, garanto-vos que as buzinas dos automóveis portugueses tocarão com toda a força pelas ruas das nossas cidades e que haverá mais bandeiras desfraldadas por esse Portugal do que no dia da vitória sobre a Inglaterra.

É com enorme emoção e com uma contida esperança que me despeço, com os melhores cumprimentos,

Gabardina

P.S.- Aviso-vos desde já que, por tradição, em Portugal nunca aceitamos devoluções. Por isso nos desculpamos, certos da vossa melhor compreensão.

segunda-feira, junho 28, 2004

Hoje, volta a fazer sentido

Eleições já!

Eleições já!
Paulo Portas nos negócios estrangeiros e Santana Lopes Primeiro-ministro. Sim Senhor! E que mais? Que tal Alberto João Jardim nas finanças, Avelino Ferreira Torres na administração interna e Valentim Loureiro na justiça. Genial, não?

Manuela Ferreira Leite fala em golpe de estado dentro do PSD, Pacheco Pereira não vai para a UNESCO se Portas for ministro, Cadilhe não gosta nada. Serão estas personalidades radicais de esquerda? ou agentes infiltrados do PS?

O PSD ganhou as eleições democraticamente sem dizer que ia fazer uma coligação. Fez a coligação. Está há dois anos no governo e Durão Barroso começou a ser assobiado em algumas cerimónias públicas. Paulo Portas idem. Nas eleições europeias a coligação tem um terço dos votos. Agora, querem sem mais mudar o primeiro-ministro e remodelar o governo. Não passa pela cabeça de ninguém.

Então Santana não queria ser Presidente da Republica? Ou qualquer coisa vai servindo?

Amar

Não, eu não o amava, se por não amar se entende denunciar aquilo que não é justo naquilo que amamos, se não amar é exigir que o ser amado esteja à altura da mais bela imagem que dele possuímos.

Albert Camus, Cartas a um amigo alemão

O nosso país

E eu gostaria de poder amar o meu país, amando ao mesmo tempo a justiça. Para ele não desejo uma grandeza qualquer, tal como a do sangue ou a da mentira. É fazendo reinar a justiça que eu quero fazê-lo viver.

Albert Camus, Cartas a um amigo alemão

Gabardina - primeiro aniversário

Faz hoje um ano. Sentados na esplanada do café Montanha, em Coimbra, decidimos fazer um blog. Porque queríamos ter um espaço público para escrever e porque era a primeira verdadeira oportunidade de concretizarmos um sonho antigo.

Duas horas depois a Gabardina estava on line. Podia ter tido outros nomes. Nomes que curiosamente nunca vi pela blogosfera. Mas ficou Gabardina porque queria mostrar o que está por baixo. Queria destapar o país, queria destapar o mundo e queria destapar-nos a nós também.

Passou um ano. Escrevemos 622 posts. Estamos a chegar aos 8.000 leitores e às 20.000 page views. Escrever de segunda a sexta tornou-se um vício. Muito das nossas vidas passou para aqui.

A Gabardina foi, com o passar de semanas e meses, ganhando uma certa coerência. Para além das opiniões, pentes, comentários, canivetes e disparates que destapou, revelou-se um blog luso-céptico, criativo, paixonetas, amante da poesia e de curiosidades, coisas não programadas à partida.

Hoje quero partilhar a alegria da data com os que nos lêem. Afinal o sitemeter é uma força que nos empurra. A Gabardina começou com uma frase roubada a Camus. Peço-lhe mais duas emprestadas. Elas ilustram algumas das coisas que penso e me fazem escrever. A Gabardina continua. Até já.

sexta-feira, junho 25, 2004

Desde 66 que eles estavam a pedi-las, campeão!

Use the Force, Ricardo.



No episódio V da Guerra das Estrelas - O Império Contra-ataca - o jovem Luke Skywalker, que tem a Força, mas que ainda não é um Jedi, segue na sua nave espacial para tentar meter um golo, no centro da estrela da morte e assim evitar que o seu planeta seja destruído. A nave desloca-se a grande velocidade por entre os desfiladeiros metálicos. O jovem Ricardo, faz pontaria com um aparelho da mais alta tecnologia, prepara o míssil e de repente? De repente surge-lhe a imagem do grande mestre Yoda, um Jedi com mais de novecentos anos, que lhe diz: " use the force, Luke". O remate tinha que entrar no centro da estrela da morte. Não havia tempo a perder e Luke tinha que decidir: ou confiar na técnica, ou agir usando a Força. Tirou as luvas, concentrou-se e disparou dois mísseis certeiros: uma defesa e um remate. Longe dali, Eusébio, sentia que Luke, usara a Força, e que por isso era já um Jedi.

Menos ais, menos ais, menos ais

O abraço entre Scolari, Ricardo e Nuno Gomes no fim do jogo diz tudo. Muito mudou, e para melhor, desde os tempos do absurdo Oliveirinha. E parece-me que é por isso que ganhamos. E se não ganharmos mais, ganhamos pelo menos isso. Abraços e boa disposição em vez de prostitutas e murros nos árbitros.

Agora, meus amigos, como sempre, queremos muuuuiito maaais...

O melhor que aconteceu em Portugal em 5 anos

quinta-feira, junho 24, 2004

E nós não queremos isso...

Polícia diz que há maior risco de incidentes em caso de vitória da Inglaterra

Só mais uma vez!





A abordagem Zen da coisa...

" Com o tempo fiz um acordo: não corro atrás dele e ele não me persegue."

Loving the game

Nos Estados Unidos tenta-se que o desporto não seja só uma questão de paixão irracional, mas que seja, sobretudo, um bom e emocionante espetáculo pelo qual os espectadores estejam dispostos a pagar. Por isso, nas competições semelhantes à Formula 1, os carros são todos muito parecidos, com os mesmos motores, os mesmos chassis e os mesmos pneus, ficando a cargo dos pilotos e dos mecânicos fazer a diferença.

Mas o melhor exemplo deste espírito é, muito provavelmente, a mais espetacular liga do mundo: a NBA. A Liga de basquetebol norte-americana promove o equilíbio entre as várias equipas, não só através de tectos salariais individuais e de plantel, mas também dando preferência às equipas pior classificadas na época anterior na escolha dos jogadores disponíveis para entrar na Liga na nova época. Este complexo sistema a que a NBA chama Draft, permite que as piores equipas de hoje tenham as estrelas do futuro e possam ganhar o título daqui a três ou quatro anos.

Hoje realiza-se o Draft de 2004. Conseguem imaginar a revolução que seria se o Paços de Ferreira pudesse ter escolhido o Cristiano Ronaldo para as próximas épocas e o Benfica tivesse que se contentar com um qualquer João Silva, a bem do equilíbrio da Superliga?



Pois é, impossível. É que por cá nós não amamos o jogo, amamos as nossas equipas.

quarta-feira, junho 23, 2004

Máxima possivel

Hoje, ser revolucionário é não ter pressa

Decisões

O pior de tomares essa decisão é que gostas do que vais perder.
E é por isso que a indecisão tomou conta de ti.

Casa Pia

Se os factos contidos neste texto do Público são verdadeiros, então a decisão de não pronunciar Paulo Pedroso é tenebrosa.

Agora caladito

Agora vais estar caladito três semanas, que estamos a organizar o Euro. Sim, eu sei que andamos a gozar contigo há anos e anos. Eu sei que tu ganhas pouco. Eu sei que estás cada vez mais pobre. Que eu conduzo um BM e tenho um Volvo na garagem e tu já nem as prestações da casa consegues pagar a tempo e horas. Bem sei que os preços não param de aumentar e que nos últimos dois anos nós não te aumentámos o salário. Mas sabes que como é... o deficit... E depois há sempre uns amigos nossos que precisam de emprego. E sabes que essa gente ganha muito... Eu sei que o mundo não é justo, mas as coisas são assim, e não te podes revoltar contra elas. Agora tens que te portar bem. Fingir que andas feliz para que estes senhores estrangeiros que nos deram a honra de nos virem visitar saibam que somos um belo país. Por isso, agora, durante três semanas estás caladito e quieto. Depois disso podes manifestar-te à vontade. Afinal, nós sempre respeitámos esse teu direito...

terça-feira, junho 22, 2004

Portugalidade

Portugal é por definição uma contradição nos próprios termos. Por um lado é comum falar-se da pouca auto-estima dos Portugueses, por outro, comemoram-se as vitórias do futebol em clima de euforia entusiástica. Um país deprimido não comemora como Portugal comemorou, uma vitória. Por isso, concluo que Portugal não tem falta de auto-estima. O que Portugal tem é uma opinião excessivamente boa dele próprio. Creio que foi o Dr. Castro Caldas, psiquiatra, que, quando todos tentavam levantar a auto-estima aos Portugueses, disse que o problema não era falta de auto-estima, mas o era o excesso de confiança. Não posso estar mais de acordo.
Os Portugueses porque consideram que nenhum desafio será tão difícil como foi a tarefa dos descobrimentos, tendem a empreender cada tarefa como " para quem já deu mundos ao mundo isto vai ser canja" , só que, depois confrontados com a realidade, desesperam e improvisam. E, assim desenvolveram esta característica do improviso, reconhecida internacionalmente como bastante eficaz, e que na maioria dos casos resolve à última da hora, os erros resultantes do excesso de confiança.

Cinema Paradiso



Conta-se a história de um soldado, na corte de um Rei, que se apaixonou pela filha deste último e, mesmo consciente da distância social que os separava, decidiu confessar o seu amor à Princesa e, esta, maravilhada e fascinada pelo gesto do soldado, prometeu: "Se souberes esperar cem dias e cem noites debaixo da minha janela, acreditarei no teu amor e serei tua. Deves só ter paciência. Quando abrir a minha janela, terás o meu sinal".

E, assim, o soldado apaixonado, decidido a conquistá-la, iniciou a longa espera.

Passou o primeiro dia, o segundo, o quinto, o décimo... De vez em quando espreitava lá de baixo para aquela janela fechada. Passavam os dias, e debaixo de sol, ao frio, à neve ou mesmo debaixo de grandes tempestades, o soldado não se dava por vencido.

Chegou o nonagésimo dia: o fim estava próximo. Depois, o nonagésimo nono. Faltava o último degrau para chegar à meta.

E, exactamente naquele momento, agarrou nos seus haveres e partiu.

Como somos pequenos e mesquinhos

Vejam o belo mail que eu recebi:

Obrigatório! Vamos mesmo mandar! O jornal EL Mundo está a realizar um inquérito sobre o motivo da derrota de Espanha. O link é:
www.elmundo.es/eurocopa/2004/debate/2004/06/22/prevotaciones22.html

Existem vários motivos, mas o menos votado é "La superior calidad de los rivales". Acede à página e vota nesta opção..... passa a outros.... Vamos mostrar aos "nuestros hermanos" que Portugal ganhou porque era o melhor!!

Esperança

Durão Barroso, emergiu nos últimos dias como o candidato mais sério à sucessão de Romano Prodi na presidência da Comissão Europeia

Se os europeus não fossem, em geral, pessoas esclarecidas e inteligentes, ainda haveria esperança para Portugal...

Moda



Depois das mulheres dos futebolistas russos é a vez de os atletas olímpicos australianos tirarem a roupa para a fotografia. Bela moda...

segunda-feira, junho 21, 2004

Vida

Vive com intensidade. Corre. Faz. Aleija-te. Apaixona-te. Sofre. Ri. Diverte-te. Partilha. Está com quem gostas de estar. Afasta os de que não gostas. Lança-te de cabeça. Faz só o que queres. A vida é tua. Nela só mandas tu. Ninguém manda em ti. Ninguém vive por ti. Encontra alguém que viva contigo. Não faças coisas que sabes que são estúpidas. Não confies nos fracos, nos hipócritas, nos maus. Afasta-te deles também. Grita. Aborrece-te. Sê justo. Embebeda-te. Dança e canta, mesmo que não saibas cantar nem dançar. Joga à bola. Abraça. Faz isso tudo hoje. Porque o passado já ninguém to tira. Porque o futuro não existe. Ou és feliz no presente ou não és nada. E se não és nada, és tu quem decide se acaba. Faças o que que fizeres, não te arrastes pelo mundo.

Os adeptos os nazis e os peregrinos...

Ontem, depois do Portugal - Espanha, a Avenida da Liberdade em Lisboa era um símbolo de alegria para os Portugueses, de tristeza para os Espanhóis, e para aquilo que me interessa agora, um festim de infracções ao código da estrada. Não há uma alínea do código da estrada que não tenha sido violada. Infracções graves, infinitas. Muito graves, milhões. E a policia? Nada. Olhava compreensiva.

Antes do dia de ontem, algures perto de Lisboa, foi organizada uma reunião de neo-nazis. Não sei se era previsível que os nazis cometessem alguma infracção ao código da estrada, mas pelas imagens que foram transmitidas, a operação stop que a policia organizou perto da casa onde estava a decorrer a reunião, não detectou uma única infracção. A polícia estava lá. A mandar parar, e a fiscalizar.

Ambos os casos se passaram no mesmo Pais, com o mesmo código da estrada, e com a mesma polícia. Qual a razão de comportamentos tão diferentes? A diferença está em quem manda na polícia. Quem manda na policia -o poder político? ? tem interesse em promover as manifestações do euro, e pretende dificultar a reunião de grupos nazis. Essa é a verdade. E qual é problema? O problema é que em todo o lado dizem que a lei é igual para todos. E na verdade, uma infracção ao código da estrada é igual se for praticada por um nazi ou por adepto da bola. Mas para o poder politico não é. São diferentes. Tão diferentes como são diferentes as infracções ao código da estrada cometidas pelas motas em Faro, ou pelos peregrinos na Nacional-1, para Fátima.

Por que será

que há muitas candidaturas?

Dear Candidate,
Due to the large amount of applications received, the recruiting process triggered in "O Expresso" has slowed down its pace. We apologise for this delay and will contact you till the 16th of July with its outcome.

Regionalismos

Para os "jornalistas" d'O Jogo, os jogadores do Porto mereceram todos nota 8 ou 9 no Portugal-Espanha de ontem. Os que não são do Porto tiveram todos nota 6 ou 7.
Depois queixam-se quando dizem que são regionais...

Venha a Inglaterra!

sexta-feira, junho 18, 2004

eis o resultado de 10 horas de sono


Foi publicado ontem mais um relatório preliminar do inquérito sobre os ataques do 11 de Setembro. O plano idealizado ultrapassa a dimensão das piores previsões. Nunca ouvi qualquer comentador a levantar sequer suspeitas sobre a verdadeira dimensão que os ataques poderiam ter tido. Uma trintena de aviões desviados, ataques a todos os principais organismos estaduais Americanos, ataques simultâneos em vários estados e na Ásia, despenhar aviões sobre centrais nucleares. Bem, a coisa têm uma dimensão que dificilmente encontro paralelo. È que as razões humanas para matar um homem, eu percebo-as ainda que as aceite ou não, agora as razões humanas para aniquilar uma civilização, isso não pode ser coisa dos humanos. Esse desejo só nasce quando os humanos pensam como Deus. Quando os homens pensam que agem em nome de Deus. Só pode.
Apesar de europeu, civilizado e de ter derivado para o divino, Kant, assumia claramente que a razão nunca deve ter outro senhor que não ela própria. Considerando que a razão kantiana, foi "suja pela prática" (emoções) por António Damásio, o mesmo principio Kantiano deve ser a única defesa contra aqueles actos hediondos. Nem Deus, nem as tradições, nem o estado. A razão de cada individuo só pode ter um amo, ela própria.
Porque será que é sempre em nome dos outros que os piores actos são praticados. "eu não queria mas é o meu trabalho", "é assim porque Deus quer", " é a lei ", " por mim entrava mas são as ordens que tenho"...

Aposto que nenhum terrorista consegue ter tanto ódio dentro dele que necessite para o libertar de fazer explodir uma central nuclear dentro de uma cidade. O terrorista só quer fazer isso porque o faz em nome de algo capaz de odiar em tal medida.

E basta ir aos filmes. Nos filmes em que a questão da destruição global é tratada há sempre um momento em que um ser humano individual fica com o poder de carregar no botão que iniciará o cataclismo nuclear, e o que faz: em geral nada. Porque não quer ser ele o responsável pela destruição do planeta. O único que é capaz de assumir essa responsabilidade é Deus ou os seus mandatários.

Estranhos tempos

Que força arrasta trinta mil ingleses e suíços para um estádio em Coimbra, Portugal (Terra de Lusitanea - como diz a nova campanha turística da região - seja lá o que isso for), para ver um jogo de bola entre as selecções dos dois países?
O que é que os faz pagar 100 euros pelo bilhete para entrar no estádio quando podiam simplesmente ficar no sofá confortável ou entrar gratuitamente numa qualquer fan zone do País?
O que é que os faz passar 90 minutos a incentivar onze tipos que ganham num mês o que eles ganham em dez anos?
O que é que os faz pensar que a vitória de uma organização de trinta pessoas é a vitória de uma nação ou de um país?
O que é que os faz chorar quando esses onze tipos perdem, coisa que em nada influencia a sua vida?
O que é que me faz a mim ser igual a eles?

CANÇÃO DE PARTIDA


Ao meu coração um peso de ferro
Eu hei-de prender na volta do mar.
Ao meu coração um peso de ferro...

Lançá-lo ao mar.

Quem vai embarcar, que vai degredado,
As penas do amor não queira levar...
Marujos, erguei o cofre pesado,

Lançai-o ao mar.

E hei-de mercar um fecho de prata.
O meu coração é o cofre selado.
A sete chaves: tem dentro um carta...
- A última, de antes do teu noivado.

A sete chaves - a carta encantada!
E um lenço bordado... Esse hei-de o levar,
Que é para o molhar na água salgada
No dia em que enfim deixar de chorar.



Camilo Pessanha

quinta-feira, junho 17, 2004

Chico

Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez no tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei como encantado
Ao lado teu


A blogosfera portuguesa decidiu festejar antecipadamente os 60 anos que Chico Buarque completará no próximo sábado. Eu, que nem sabia que ele estava para fazer 60 anos, acho que a Gabardina deve mostrar algumas das coisas que Buarque escreveu, dado que elas foram parte importante da banda sonora dos últimos anos da minha vida. Poderia passar para aqui a letra d'"O Meu Guri", do "Samba do Grande Amor" ou da "Carolina", mas a verdade é que neste preciso momento estou, qual bola de ping pong, entre as duas que aqui ficam. "Todo o Sentimento" e esta que, seguramente não por acaso, foi escrita no ano em que nasci:

O que será que me dá
Que me bole por dentro, será que me dá
Que brota à flor da pele, será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta aos olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
E que me faz mendigo, me faz suplicar
O que não tem medida, nem nunca terá
O que não tem remédio, nem nunca terá
O que não tem receita

O que será que será
Que dá dentro da gente e que não devia
Que desacata a gente, que é revelia
Que é feito uma aguardente que não sacia
Que é feito estar doente de uma folia
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os unguentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem descanso, nem nunca terá
O que não tem cansaço, nem nunca terá
O que não tem limite

O que será que me dá
Que me queima por dentro, será que me dá
Que me perturba o sono, será que me dá
Que todos os tremores que vêm agitar
Que todos os ardores me vêm atiçar
Que todos os suores me vêm encharcar
Que todos os meus órgãos estão a clamar
E uma aflição medonha me faz implorar
O que não tem vergonha, nem nunca terá
O que não tem governo, nem nunca terá
O que não tem juízo

Nem todos os amorosos são triângulos

Ir votar.


Votar não é tão fácil como parece. Entramos na antiga sala de liceu, recordamos a inutilidade dos sumários ditados, das aulas de revisões e dos livros de ponto pretos, e chegamos à urna. Urna? Nome, estranho para o objecto que contém a unidade irredutível da democracia. Depois, entregamos o bilhete de identidade o cartão de eleitor, e num ápice o nosso nome é, qual chamada de presenças do liceu, dito em voz alta. O boletim de voto e vamos para a cabine. Cabine? Nome estranho de peep show, para um local onde não há qualquer referência erótica. Na cabine, somos pela primeira vez confrontados com o boletim de voto. E, em vez de vermos dois ou três partidos, somos avassalados por mais de 14. " mas de onde é que veio essa gente toda, ainda bem que já decidi em quem votar, é só pôr a cruzinha. Mas onde? Onde é que está o meu partido, no meio destes todos?" Este espanto, perante a imensidão de partidos corresponde àquilo que os sociólogos chamam de síndrome de Helsínquia ao contrário, um cliché do senso comum mas que eles definem com palavras com mais de três sílabas e que não me interessa nada. Colocada a cruz, dobra-se o papelito, espera-se que não se veja a cruzinha e destrói-se o voto. Colocá-lo na urna é enterra-lo, enterrá-lo é porque morreu e se morreu alguém o matou. O eleitor.
Tudo isto, porque causa das eleições europeias que merecem uma análise tão profunda como o acto de votar. O PSD perdeu o PP também, eu já não me estou a sentir nada bem.

Revolta e revolução

Quanto seria o desperdício para a economia mundial se, em todo o mundo, todas as pessoas que têm o seu próprio agrafador no trabalho o apertassem, uma única vez e em simultâneo, sem papel para agrafar, para dentro do caixote do lixo?

No futuro as revoluções serão muito mais fáceis de fazer.

Euro

Os jogos não têm sido fantásticos, os estádios raramente têm estado cheios, o movimento nas cidades é menor do que o que eu esperava, a selecção portuguesa está a desiludir.

No entanto, o Europeu tem proporcionado bonitas imagens. É que, como disse um amigo meu, felizmente os cameramen ainda são homens.

Parece-me

Ódio, desilusão e irritação.
Só se sentem, simultaneamente, por quem se ama.

quarta-feira, junho 16, 2004

Portugal - Rússia: a entrevista

Portugal joga com a Rússia e quase todos já falaram. O presidente, os jogadores, os adeptos. A gabardina tem o prazer de apresentar aos seus leitores a entrevista que faltava. Fomos ao estádio da luz e falamos com uma folhinha de relva que está dois dedos a seguir à linha branca que marca o meio do campo.
- Obrigado por nos receber, como é que se sente para o jogo de logo à tarde?
- Estou bem, obrigada, ontem sai com umas amigas lá do fundo, fui às docas e deitei-me tarde.
- Tarde e sozinha! diz uma folha de relva mais perto do meio do campo.
- Tens é inveja, sua porca, badalhoca...
- senhoras, senhoras, isto não são as eleições... Então quer dizer que para logo à tarde não vai estar a cem por cento?
- vou, claro, só uma pergunta, isto é para a televisão?
- Não, esta entrevista é para uma página de um blog na Internet. Gabardina.
- Mas os jogadores vão ler a entrevista?
- Podem ler, mas acho é pouco provável.
- Bem, fica o aviso... para ganhar à Rússia é necessário duas coisas?
E neste momento crucial da entrevista um senhor policia puxou o repórter e deteve-o.
As roupas escuras que envergava, a mochila preta que tinha, as botas da tropa que usava e um Corão que tinha comprado em segunda mão na livraria barata, não ajudaram muito a que os policias acreditassem que o nosso repórter estava somente a entrevistar uma folhinha de relva. Detido, humilhado e ofendido o nosso repórter está no Linhó, à guarda dos GOE à espera da transferência para a base de Guantanamo. Em breve circulará uma petição para o libertar.

A Gabardina aconselha: apostem!

Não há melhor forma de viver o Euro. Um conjunto de apostas com os amigos para os jogos do Euro, a valer uma jantarada grátis para quem mais acertar ,é a única forma de dar emoção a um Suécia-Bulgária.

Ontem, num café de Coimbra, fui eu o único a festejar o segundo golo da República Checa contra a Letónia. Está bem, às vezes faz-se figura de parvo, mas sempre se faz melhor figura do que os que estão a ver o República Checa-Letónia, num café, a beber finos e comer tremoços, sem nenhum interesse no jogo...

Negócio

Foi descoberto o primeiro vírus que ataca telemóveis.
Nada mais natural. Afinal de que vive quem faz e vende o Panda, o Norton e todos os outros anti-vírus à venda no mercado?

E à indústria farmacêutica, poderá aplicar-se também este raciocínio?

terça-feira, junho 15, 2004

Eis o que interessa...


1 12-Jun SAB 17:00 RTP Portugal 1 2 Grécia
2 12-Jun SAB 19:45 SIC Espanha 1 0 Rússia
3 13-Jun DOM 17:00 TVI Suiça 0 0 Croácia
4 13-Jun DOM 19:45 RTP França 2 1 Inglaterra
5 14-Jun SEG 17:00 TVI Dinamarca 0 0Itália
6 14-Jun SEG 19:45 RTP Suécia 5 0 Bulgária
7 15-Jun TER 19:45 RTP Alemanha 2 3 Holanda
8 15-Jun TER 17:00 TVI R.Checa 1 2 Letónia
9 16-Jun QUA 17:00 TVI Grecia 1 4 Espanha
10 16-Jun QUA 19:45 SIC Rússia 4 2 Portugal
11 17-Jun QUI 17:00 SIC Inglaterra 3 1 Suiça
12 17-Jun QUI 19:45 TVI Croácia 4 5 França
13 18-Jun SEX 17:00 RTP Bulgária 6 1 Dinamarca Braga
14 18-Jun SEX 19:45 SIC Itália 15 8 Suécia
15 19-Jun SAB 17:00 SIC Letónia 1 0 Alemanha
16 19-Jun SAB 19:45 TVI Holanda 1 4 R.Checa
17 20-Jun DOM 19:45 TVI Espanha 3 1 Portugal
18 20-Jun DOM 19:45 SIC Rússia 7 3 Grécia
19 21-Jun SEG 19:45 SIC Suiça 4 2 França
20 21-Jun SEG 19:45 RTP Croácia 2 1 Inglaterra
21 22-Jun TER 19:45 RTP Itália 2 0 Bulgária
22 22-Jun TER 19:45 SIC Dinamarca 3 1 Suécia
23 23-Jun QUA 19:45 TVI Holanda 1 0 Letónia
24 23-Jun QUA 19:45 RTP Alemanha 1 1 R.Checa


Os leitores da Gabardina merecem ser poupados aos comentários dos senhores que comentam os jogos por isso aqui fica a lista completa de todos os resultados do Euro 2004 até ao final da primeira fase. Para além desses, fica aqui a papinha feita para aqueles que não têm pachorra para estar hora e meia sentados frente à televisão a ver uns rapazes a correr atrás de um bocado de couro branco cheio de ar.
Só os resultados da primeira fase? - perguntas tu, ó leitor ágil de pensamento - Sim, respondo eu, com a certeza milenar do império Ming. È que não vai haver quartos, nem semi-final, nem final. Porque? Ouço o coro ignoto. Porque ? brado a plenos pulmões ? os portugueses depois de perceberem que Portugal não passa à fase seguinte vão-se embora do pais. Piranço colectivo. È verdade, está confirmado pelas bolas de cristal do prof. Mané, chinbé e chalana de Cabinda. Ficando o pais sem Portugueses o euro deixa de poder funcionar porque não há minguem parta servir ás mesas, para abrir as portas do estádios, para varrer bem as ruas, etc.


Olha que aquele discurso da tanga não foi nada inteligente...

Football nella Eurocopa

Se mais vantagens não vier a ter o Euro'2004, já é muito bom chegar ao trabalho de manhã e ter três e-mails de amigos estrangeiros a comentar os resultados da véspera, das suas selecções, da nossa e também das outras.
Fica o agradecimento ao Dr. Madaíl.

Patético

És bom tipo, mas um bocado totó. Na adolescência, enquanto outros frequentavam cafés em que eram organizadas orgias, tu estavas sempre com meninas bem comportadas. Na Faculdade noventa por cento das raparigas de quem te aproximavas viviam com os pais. Conheces a América Latina, mas as prostitutas repugnam-te e as paixões sempre falaram mais alto que as miúdas giras e fáceis dos bares, das ruas e das discotecas. Agora até sabes como é ser "o outro". Mas dessa circunstância conheces apenas o desconforto, porque de fama (que nem consegues decidir se seria má ou indiferente) e proveito (que, acreditas, não deve ser mau de todo), absolutamente nada.
O que melhor te define é aquela miúda que olha para ti com ar de desprezo e acusa "Tu és demasiado decente!".
És patético.

segunda-feira, junho 14, 2004

são manchas, ó doutor !


No banco de espera das consultas externas de dermatologia do hospital do barlavento algarvio, estão sentadas quatro doentes: Coimbra, Lisboa, Porto e Faro. Estes doentes marcaram uma consulta de dermatologia porque desde da passada semana que lhes têm aparecido na pele, umas manchas.
Entremos dentro do consultório onde já se encontra Coimbra a ser consultada, violemos ostensivamente o segredo médico, sejamos mosquitas da fruta e ouçamos a conversa médico-doente.
- pois é soutor, isto apareceu-me na semana passada. Olhe aqui, esta manchinha: esta parte vermelha dá-me uma comichão?, ao lado a parte verde parece-me pus e depois no meio a separar as duas está este liquido amarelo. Que coisa estranha! E está pelo meu corpo todo.
- interessante, de facto estas manchinhas, são curiosas. Só apareceram agora?
- Sim, e não foi só mim, parece que apareceram a todas as cidades.
- Isso deve ser alguma alergia. Olhe, vou lhe dar este antipirético. Toma-o três vezes e depois vai ver que essas manchas passam logo. Aqui está. São três comprimidos, o azul é para tomar no dia 12 e sabe a derrota contra a Grécia, o segundo toma dia 16 e sabe a derrota contra a Rússia e o terceiro só toma se sentir que as manchas na quarta não desapareceram totalmente.
-Muito bem. Obrigado e adeus.
-Já agora mande entrar Lisboa.

Caminhos

São dois que se provocam,
Se insinuam,
Se namoram.

Nasceram de um só
E esse de dois diferentes
Já antes cruzados, aí convergentes.

O que eu queria não me levou,
O outro é aquele em que estou.
Sigo-o decidido; quero-o porque é o meu,
Mas quando um junto do outro vem
Pressinto o que desde então se perdeu.
Não sei se se cruzam, não sei se divergem,
Só sei que os seus futuros me afligem.

São dois que se provocam,
Se insinuam,
Se namoram.

Não vou contra eles, não vou contra o mundo.
Não quero nunca ficar parado
E queria tanto saber que não estou no errado...

sexta-feira, junho 11, 2004

Futebol é isto mesmo!!!



Mulheres dos jogadores russos despem-se para apoiar os maridos



E as outras, vão-nos deixar pensar que não gostam tanto dos maridos como estas?

Eu acredito

Ontem vi um documentário na televisão sobre Ronald Reagan. Um dos pormenores mais interessantes e, aparentemente, mais importantes da vida política do ex-presidente americano foi o seu discurso na tomada de posse, em Janeiro de 1981. Após ter assumido que o país atravessava uma grave crise e de considerar que esta seria ultrapassada, Reagan questionou-se: "por que não haveríamos de o conseguir? Afinal, somos americanos."

O país está cheio de bandeiras. Nas janelas, nos carros, nas lojas e nas fábricas. Esperança não falta. O Figo está outra vez em grande forma. O Rui Costa jogou pouco este ano e está descansado. O Simão fez uma grande época. Os do Porto são campeões europeus. O Ronaldo é uma estrela. O Scolari campeão do mundo. Todos acreditam. Eu, confesso, também penso na vitória. Imagino a festa, os abraços, a emoção dos jogos nos cafés, os cortejos pelas ruas. Mas, de repente, ao ver uma bandeira enorme no topo de um carro, ainda o Euro não começou, caio em mim. Se calhar não vamos ganhar. Afinal, somos portugueses.

quarta-feira, junho 09, 2004

O amor é uma doença quando nele julgamos ver a nossa cura

Um dos melhores momentos da música portuguesa nos últimos dez anos foi-me oferecido pela voz inconfundível de Vítor Espadinha, que na parte final de uma canção dos Ornatos Violeta declamava os seguintes versos:

A cidade está deserta
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte
Nas casas, nos carros,
Nas pontes, nas ruas...
Em todo o lado essa palavra repetida ao expoente da loucura
Ora amarga,ora doce
Para nos lembrar que o amor é uma doença
Quando nele julgamos ver a nossa cura

Não somos todos iguais.

Nem todos pensamos da mesma forma. Nem todos achamos que aquilo que se diz em campanha nada tem que ver com aquilo que se pensa fora dela. Não, não é correcto dizer que ninguém estabelece uma relação de causa-efeito directo, entre os insultos iniciais da campanha, as disputas sórdidas no P.S de Matosinhos e o ataque cardíaco fulminante. Não, nem todos pensamos que as pessoas só merecem ser respeitadas depois de mortas. Nem todos insultamos em vida e bajulamos em morte. Não, não somos todos iguais. Há diferenças. Muitas. Todas, aliás.

Morreu Sousa Franco

Há dez minutos a TSF deu a notícia. O cabeça de lista do PS às europeias do próximo domingo morreu vítima de um ataque cardíaco na sequência de desentendimentos entre as duas facções do PS de Matosinhos, durante uma acção de campanha na lota local.

A quente, só me apetece insultar esta campanha e os seus insultos, e insultar ainda mais os medíocres e estúpidos políticos portugueses, que só pensam neles mesmos, não medem meios para alcançar poder e fortuna.

As europeias, que já pouco interessavam, agora não interessam mesmo nada. No próximo domingo podemos ir todos passear, ir à praia, ou simplesmente ficar no sofá a ver televisão. Quinze minutos a pensar no estado a que o país chegou fariam, certamente, bem mais pelo nosso futuro do que qualquer voto nestes trogloditas gananciosos que mostram as caras sorrridentes em outdoors estrategicamente colocados nas nossas ruas.

terça-feira, junho 08, 2004

Canalha

Sentado no meio das bases, fato aprumado, pose de estado. "Este tipo está acabado. Sem confiança. Que miséria!" As câmaras de televisão estão todas apontadas para ele, que finge ignorá-las. "A tua vez está a chegar. Podias subir àquele palco e conquistá-los com duas ou três frases bonitas. Estão à tua espera." Contorce-se na cadeira enquanto aplaude o fim do discurso do líder. As câmaras sempre fixadas nele. "Mantém-te calmo. Deixa-o cair de podre. Daqui a uns meses apareces como salvador e o poder irá cair-te nas mãos. Não te podes deixar levar pela ansiedade!" Levanta-se e dirige-se ao palco, aclamado pelas massas. Do fundo os miúdos gritam um slogan ridículo. Passa a mão pelo cabelo, ajeita o microfone, finge-se incomodado pelos aplausos, sorri: "Caros amigos, foi com enorme esperança e com o maior orgulho que ouvi o discurso do nosso Presidente. Nele confio, com ele vou até ao fim do mundo! Sei que é ele o homem certo para levar o nosso país rumo ao futuro!!!"

O trânsito de Vénus


-Que seca! Vá lá, já podem parar. Sim...
- Deixa-os lá. Só conseguem ver uma vez na vida por isso é que há tantos a olhar para nós.
-Tu, até podes estar habituado a que te observem, mas eu... eu apareço no inicio da noite e desapareço logo cheio de vergonha. E agora, estes seres que ridículos já eram, e ainda mais ficaram com aqueles óculos escuros a olhar. Mas porque olham tanto?
- É que passas à minha frente e isso só acontece uma vez na vida dos humanos e eles acham as coisas que só acontecem uma vez na vida especiais.
- Uma vez?!? Mas quanto tempo é que um humano vive?
- Para compreenderes melhor, imagina a tua volta completa na minha órbita, agora multiplica por 55. É mais ou menos isso, em média.

O Sol está enganado e confunde Vénus. De propósito? Achamos que não. O sol parte do principio errado que os humanos olham para o fenómeno para o observarem. Nada mais falso. Os humanos olham para o trânsito de Vénus, para guardarem em Vénus os olhares que emitem, na esperança de que quando voltar a acontecer e estiverem outros humanos a olhar o fenómeno, estes possam ver os milhões de olhares guardados em Vénus, e assim recordar os que já morreram. Por isso, é que são necessários os óculos especiais, que na verdade servem de envelope para remeter o olhar de cada um para esse planeta. De onde envelope, e nave espacial são sinónimos, pelo que CTT e NASA são a mesma e única empresa.

segunda-feira, junho 07, 2004

Nova Gabardina

A Gabardina está a experimentar um novo feitio, aproveitando os mais recentes templates base da blogger. Nos próximos dias decideremos se gostamos dele ou não.

Para além disso, e a pedido de vários leitores, o blog tem a partir de hoje espaço para comentários em cada post. O mail gabardinablog@hotmail.com continua a funcionar para textos que queiram ver publicados.

Vergonha do voto?

Todas as pessoas que já me falaram do seu sentido de voto no próximo domingo vão abster-se ou votar em branco.

Os outros não saberão em quem votar, sabem e não querem dizer, ou sabem e têm vergonha do que vão fazer?

sexta-feira, junho 04, 2004

Ter Voz nas Europeias

Blogs, de todas as cores e feitios, pela discussão e participação nas eleições europeias de 13 de Junho de 2004.
Já com link na coluna da direita.

Para quem a crise aperta



Ver no Ponto Media

Lá como cá

A TVE obteve ontem o seu pior em resultado do ano, em prime time, com a transmissão de um debate a seis no âmbito da campanha eleitoral para as eleições europeias.

Ser a palavra

Dizem que para ser viajante é necessário duas coisas: desassossego e ouvir em certas palavras um som diferente. Experimentemos:

Samarcanda,
Pérsia
Ur
Terra do fogo
Ardenas
Djbuti
Artico
Cabul
Tirana
Surabaya
Islamabad

Quem sou eu?

Um teste que aconselho a fazerem, e que eu descobri através do Solar da Rainha.

O meu resultado foi este:





Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia


Tónico

Jantar com gente gira e divertida e um gin tónico para festejar o aniversário de um amigo.
Os dias de trabalho deviam acabar todos assim...

quinta-feira, junho 03, 2004

A frase era bonita, mas já não serve...

Foi a frase do alargamento: "rapidamente os novos países nos irão alcanaçar". Pois a partir de hoje, meses depois do dito, a frase está, oficialmente, desactualizada. Chipre e Eslovénia estão à frente de Portugal. Os restantes oito vêm a caminho. Precisamos de outro alargamento rapidamente. O raio da lanterna vermelha persegue-nos!

o povo da rádio

Os fóruns de discussão pública que as rádios e as televisões promovem a meio da manhã, ou a meio da tarde sempre me pareceram um truque. Uma cartada de director de programação que num achaque de democracia combina a opinião popular com a necessidade de não deixar sem som ou sem imagem a estação emissora. Para além de parecer um truque de programação, do género: quando não há mais nada, dá-se a palavra ao povo, os temas desses fóruns são muito previsíveis e chatos. Por tudo isto, sempre que há fóruns de discussão mudo de estação.

Mas mudo não por ser um truque, mas porque quem telefona tem sempre certezas sobre tudo. Tem certezas e generaliza. E estas duas senhoras, a certeza e a generalização, tomam café muitas vezes com o senhor autoritarismo, e dizem as más línguas da corte das emoções humanas, que já pernoitaram com o anão totalitarista.

Eis o paradoxo: um acto da mais elementar democracia, dar a palavra a quem só pode falar, torna-se numa em "algo completamente diferente"; o que por principio é bom, pois também este post que parece defender a "verdadeira discussão", assume certezas e generaliza sendo no fundo, com os foruns, pouco democrático.Apesar de tudo...

De todo isto, ficam as únicas palavras honestas destes fóruns: "Desculpe, mas vai ter de baixar o som do seu rádio para que o possamos ouvir."

Exclusivo Gabardina

O PS, pela voz de António Costa, acusa o Governo de, através do pagamento atempado dos salários da função pública de Maio, promover a abstenção nas eleições europeias que terão lugar no próximo dia 13 de Junho e de, simultaneamente, beneficiar escandalosamente a coligação PSD/CDS-PP.

"O que o Governo quer é que os portugueses, de carteira cheia, vão passar o fim-de-semana fora e não vão votar!", afirmou, acrescentando que "se tal se verifica com os socialistas e os votantes de esquerda em geral, o Governo espera que os seus habituais votantes sintam que o salário de Maio pago a tempo e horas não foi mais que um pagamento adiantado pelo voto de domingo."

Segundo Costa "não será com estes truques baixos que o país se desenvolverá, como todos desejamos", defendendo que "enquanto a direita no poder não deixar de usar os recursos do Estado a seu favor, não haverá liberdade de voto e a democracia vai-se afundando cada vez mais."

Já depois de várias coçadelas de sovaco e de duas piruetas que o levaram até á porta, o candidato socialista ainda nos preveniu "oiçam o que eu vos digo: domingo estará um sol radioso! Tenho informações que me garantem que o Ministro da Defesa deu ordens nesse sentido. Depois como é que querem que os portugueses vão votar?"

Conclusão óbvia

Para quem, como eu, sempre achou que a teoria das quotas para beneficiar as mulheres era coisa do lobby sapatona, é claro que a ideia de criar quotas para proteger os homens nos cursos de medicina só pode ser obra do lobby gay...

quarta-feira, junho 02, 2004

Primeiras impressões

Frontal, arrogante, controverso mas altamente competitivo - o homem que vai electrizar a Liga Inglesa. Foi assim que o editor de desporto da BBC definiu Mourinho após a sua primeira e sorridente aparição como treinador do Chelsea.

Uma nova estrela na Premier League, que será vilão e motivo de gozo para os adversários e um ídolo para os adeptos de Stamford Bridge, acrescentou Phil McNulty.

De facto...

Comentava com uma amiga o rasgado sorriso de José Mourinho, ao ser apresentado por Peter Kenyon como treinador do Chelsea (assim que alguém divulgar as imagens tentarei publicá-las aqui), tentando realçar o estranho contraste com a atitude demonstrada em Portugal.

Ela limitou-se a responder: "A receber o que ele vai receber, até a Manuela Ferreira Leite se ria!"

Da mentira piedosa ao eufemismo é um pequeno passo

"É preciso desmontar um conjunto de mentiras piedosas."

"Não somos os melhores trabalhadores do mundo, não somos."


Augusto Mateus

Mais vale tarde que nunca

Augusto Mateus percebeu que o modelo económico português está, há muito, esgotado.

É uma pena que não tenha percebido quando estava no Governo...

Humor matinal

A maioria dos posts surgem assim: pequenas iluminações que embora não fazendo sentido ao pensamento mecânico normal, emitem tal brilho que é impossível não as escrever. É assim que cada post se me revela. Fora eu pastorinho, e em cima de um arbusto raso, veria com certeza a virgem feita palavras.
A revelação de ontem, e portanto a ideia apocalíptica de hoje, surgiu no exacto momento em que virei o olhar do titulo do jornal "o Crime " e comecei a enquadrar com os olhos a capa da "Maxmen" (que este mês também mostra uma senhora na capa): José Castel-Branco o emplastro e Adelino Granja, são uma e a mesma pessoa. As justificações ficam para depois, porque também a virgem apareceu primeiro e só explicou quando lhe apeteceu e para além disso, quem intui o mistério da santíssima trindade também compreende sem mais esta curiosa identidade.
Agora que já me livrei desta ideia, volto ser "balde despejado" e virado para baixo. Apesar de tudo?

terça-feira, junho 01, 2004

A Gabardina adverte

De dentro desta Gabardina aparecem coisas que podem, para facilitar raciocínios, ser divididas em cinco classes (ver sub-título do blog).
Em especial aos que conhecem os seus autores e são mais distraídos a Gabardina adverte que as Opiniões não devem ser confundidas com os Pentes e nenhuma destas duas com os Comentários, os Canivetes ou os Disparates. Por sua vez estas três últimas categorias também não devem ser baralhadas entre si.
Contribuições ou quaisquer outros assuntos para gabardinablog@hotmail.com.

Pergunta:

Como é que um homem que pratica futebol, andebol, karaté, caça submarina, golf, e outros desportos que se torna odioso mencionar tem um ar anafadíssimo é baixote e tem tempo para ser deputado europeu que é como sabemos uma função que toma cerca de 12 horas de trabalho diário.

eu é que sou o gato do senhor Sarmento

A campanha eleitoral para as eleições europeias vai ser rica no pequeno achincalhar, na boca fácil e no comentário boçal. Não se pense porém, que tal situação é espontânea. Não! As agressões foram todas combinadas entre os líderes dos principais partidos e constam de um documento mais ou menos secreto. O pensamento estratégico foi o seguinte: se as diferenças entre o PS e a direita são nenhumas, se o PCP existe, se o B.E tem piada e se o Monteiro ainda tem mais, então, porque nãocolorir a campanha acordando em temas polémicos que possam criar uma discussão politica. E assim foi.
Os signatários acordaram que iriam começar por gozar com os defeitos físicos uns dos outros, em seguida vão comparar as mulheres de cada líder a sacos de batatas podres ( aqui ressalvam-se os candidatos sem mulher e as candidatas), finalmente e lá para fim da campanha, acordaram todos participar nos jogos sem fronteiras orientados pelo grande desportista João D.D. Pinheiro.

Crise

Nos dias que correm, quando abro a porta da empresa e vejo uma cara desconhecida, percebo logo: é engano.

Usa e deita fora

Somos todos descartáveis. No trabalho, numa equipa de futebol, num grupo de amigos. Não há indispensáveis. Apenas convenientes e inconvenientes. E o facto de seres conveniente num determinado momento não te garante que não sejas inconveniente no seguinte. Tudo depende dos objectivos a atingir. Pela empresa, pela equipa ou pelo grupo de amigos. Se te enquadras na organização, na táctica ou nos esquemas, está tudo bem. Caso contrário, adeus, és o elo mais fraco. É normal, há que aceitar. Hoje és tu, amanhã serão outros. Ou pode ser que mude a táctica, abrindo um espaço para ti. Até lá arranja um novo emprego, uma nova equipa para jogar, um novo grupo de amigos. Se te custa, se gostavas do emprego, tinhas amor à camisola, ou gostavas mesmo muito dos amigos, paciência. Ninguém te mandou estar de boa fé.