sexta-feira, novembro 28, 2003

Estádio Olímpico China'2008



E nós convencidos de que temos estádios modernos...

O amor acontece

Ontem fui ao cinema ver “O Amor Acontece”.
A Lúcia Moniz faz de empregada doméstica, o que deixa Portugal bem representado. O mesmo não se pode dizer da populaça portuguesa que a acompanha quase no fim do filme. Tem imensa piada, os estrangeiros devem rir-se muito, mas é um bocadinho humilhante para quem tem passaporte lusitano…
À parte isto o filme é fraquinho. Salvam-se alguns momentos com piada e a banda sonora, de que sobressai esta canção da Joni Mitchell, que a Gabardina publicou há algumas semanas atrás.
Para fechar uma noite com piada, à saída do cinema, a amiga com quem fui brindou-me com a seguinte frase (e não tentem dar-lhe conotações sexuais, que o contexto era outro): “Se fosses um peixe, serias um mexilhão!”
Conclusões/conselhos: Vão ver Mystic River (ainda que já o tenham visto uma vez), e façam testes de QI a quem convidam para ir ao cinema.

quinta-feira, novembro 27, 2003

A primeira vez...

A beach generation tem a honra de apresentar o seu primeiro manifesto. Este manifesto foi devidamente discutido e analisado nas reuniões deste, ainda nascituro movimento. O primeiro manifesto consiste na aplicação do “CuT UP” inventado por William Burroughs a um texto bem conhecido de todos. Esta técnica consiste no corte de tiras de um texto e posterior mistura. O texto final tem um sentido diferente do inicial.
Porque tudo já foi inventado, e porque só há novidade no modo como se observa, eis o resultado:
Daqueles Reis que foram dilatando
As armas e os barões assinalados
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
E entre gente remota edificaram
A Fé, o Império, e as terras viciosas
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Cantando espalharei por toda parte,
Por mares nunca de antes navegados
E também as memórias gloriosas
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Novo Reino, que tanto sublimaram;
Passaram ainda além da Taprobana
Mais do que prometia a força humana
De África e de Ásia andaram devastando,
E em perigos e guerras esforçados

A bandeira da GNR no Iraque



Jaguar? Eu? Não me lembro...

quarta-feira, novembro 26, 2003

E, fomos de vela…

Portugal vive de golpadas.
O país precisa de ter sempre um qualquer motivo, no curto prazo para se suportar e por isso, ciclicamente, surgue uma Expo98, um Euro 2004, ou uma American Cup.
Estes eventos de que Portugal ciclicamente necessita, verdadeiras injecções de adrenalina, têm sempre duas coisas em comum: construção civil em barda, e derrapagens orçamentais que mais parecem peões.
Desta vez, fomos de vela e se queremos ver a American Cup temos de ir a Valência, ou esperar que outro país sem mar ganhe a prova e decida atribuir-nos a organização da prova.

terça-feira, novembro 25, 2003

Homenagem

Quero fazer uma homenagem a todas as condições humanas e naturais que permitiram que hoje, um autocarro fosse comido pela estrada.
Assim para agradecer esse momento verdadeiramente surrealista, aqui fica um pastiche de um poema de Mário Henrique Leiria publicado nos "Novos Contos do Gin Tónico" e de nome "Rifão Quotidiano".

Trambolhão do Americano

Um autocarro
estava parado
deitado
muito calado
a ver
o que acontecia

chegou a estrada
e disse
olha um autocarro
e zás comeu-o

é o que acontece
aos autocarros
que ficam parados
calados
a esperar
o que acontece

anti-feministas (parte II) - cosmo-moderno-feministas

continuação

Como disse na parte I deste post, tinha algumas dificuldades em classificar o referido grupo das anti-feministas. Passei anos descontente (apesar de tentar fazer a vida negra às que conheço) com as expressões “sapatona” e “moderna”. Isto até que há uns dias encontrei, nas primeiras páginas de um livro que estou a ler, passado em 2045 (O Memorando de Aachen), uma expressão que me parece perfeita para definir o tal grupo: cosmo-moderno-feminista (cmf).

Por quê cmf? Passo a explicar:

Moderno, porque estas raparigas fazem tudo para estar na moda. Na moda do seu grupo, claro, mas não deixa de ser uma moda. Ouvem todas a mesma música (Manu Chao e afins, desde que com capa de cartão), vêem todas os mesmos filmes (aqueles que só elas e os críticos de cinema do Público fingem perceber), gostam sempre de todas as peças de teatro. E moderno porque, no outro sentido de moda, gostam de coisas passageiras (o exemplo clássico foram as paixões musicais por The Gift e Belle Chase Hotel. Quem é que ainda se lembra?).

Cosmo, de cosmopolita. É o que se esforçam por ser, à sua maneira, claro. Para elas, saber o máximo possível sobre os muçulmanos neste momento, é o mais cosmopolita possível. Claro que os americanos, os japoneses, os chineses e mesmo os europeus que se lixem. Não interessam nada…

Feministas, pelo que já expliquei. Dão a cara como defensoras das mulheres. Não para as defenderem, na verdade, mas para que cada vez mais sejam como elas, o que dá normalidade ao seu estilo de vida. E sobretudo, porque essa posição pública lhes dá protagonismo (pelo menos porque passam a vida a citar-se mutuamente).

Neste momento, pensa quem lê: mas se elas não são modernas (porque apesar de tudo são iguais a uma pequena minoria), não são cosmopolitas (porque têm uma visão apertadíssima do mundo) e são anti-feministas, por que é que se diz que a expressão cosmo-moderno-feminista é perfeita para as definir?
Precisamente por isso! O que define melhor alguém que passa os dias a tentar provar ao mundo que é algo que não é, que vive num mundo de falsidade? Uma expressão que define aquilo que ela não é, mas se esforça ao máximo para ser.
É perfeito.
COSMO-MODERNO-FEMINISTAS.
É isso que elas são.

A estrada que mordeu o autocarro

Esta é uma conversa que escutei num cruzamento de uma cidade. Uma estrada para outra:
- Bom dia!
- Bom dia! Então, já tomaste o pequeno-almoço?
- Ainda não, sabes, estou em obras há muito tempo, e não tenho tido buracos para me alimentar dos pneus, e das suspensões dos carros que passam.
- Não sejas maluca, sabes perfeitamente que faz mal passar muito tempo sem comer. Vê lá se comes alguma, coisa antes de ires trabalhar.
- Agora, que dizes isso, até me está a dar uma fomeca. Olha, vou ver se petisco este autocarro que aqui está em cima parado. Queres um pedaço?
- Não obrigado. Que tal te está a saber o autocarro?

anti-feministas (parte I)

Há um grupo de mulheres facilmente identificável e em forte crescimento nas sociedades ocidentais.
À primeira vista a tentação é chamar-lhes feministas (Eu, ao longo dos últimos anos tenho oscilado entre chamar-lhes “modernas” ou “sapatonas”). Nada de mais errado poderíamos fazer. A defesa das mulheres, da igualdade de direitos entre homens e mulheres, não pode ser confundida com a igualdade absoluta entre os dois géneros. Nos primeiros tempos da espécie humana, antes dos preconceitos, os dois nasceram iguais em direitos, mas não quiseram igualdade absoluta. Não é assim naturalmente.
Como podemos então identificar o grupo? Talvez o mais fácil seja elencar as características comuns das mulheres que o compõem (quando se escrever são/gostam/querem/…, leia-se “são/gostam/querem/… na sua esmagadora maioria”):
1.São de esquerda;
2.Gostam de Manu Chao e de música brasileira da menos conhecida;
3.São feias;
4.Gostam de não fazer regularmente a depilação e de não tomar banho todos os dias;
5.Odeiam mulheres bonitas, especialmente se tiverem sucesso;
6.Odeiam tarefas domésticas (com excepção de cozinhar, que é in);
7.Fazem qualquer coisa para subir na carreira (mesmo – ou especialmente - dormir com elementos mais importantes da mesma organização);
8.Têm um enorme fascínio por lésbicas e fanchonos;
9.Adoram minorias sociais e culturais (neste momento estão particularmente hip os muçulmanos – provavelmente por causa do 11 de Setembro);
10.São ricas, passam férias no estrangeiro (em hotéis de 5 estrelas, se for no 3.º mundo) e conduzem carros comprados e sustentados pelos papás;
11.Odeiam os Estados Unidos (mas não perdem uma oportunidade de lá ir passar férias e fazer compras);
12.São poligâmicas (porque rejeitam termos como meretriz e seus sinónimos);
13.Unem-se em lobby a propósito de tudo e mais alguma coisa e têm como objectivo final que todas as mulheres sigam o seu exemplo (na prática, que deixem de existir mulheres, tal como o género foi criado).

O que me perturba não é o que elas são ou fazem (citando um grande amigo, sou sempre pela liberdade!). É o facto de tentarem convencer outras a sê-lo e de, em pouco tempo, terem adquirido um poder considerável.
Acho que o mais correcto é chamar-lhes anti-feministas. Mas um novo dado me surgiu nos últimos dias. E é esse dado que em breve partilharei convosco.

continua

segunda-feira, novembro 24, 2003

Luta com o luto.

A luta conta as propinas está a entrar num estado pré-comatoso. Não há unidade na contestação, pois cada universidade assume posições isoladas lançando os poucos estudantes que aderem no deserto da desmotivação. É necessário que a contestação assuma outra dimensão. È necessário adicionar às greves e aos cadeados uma nota de ética irrefutável.
È necessário que os estudantes, e digo especialmente os de Coimbra, decidam decretar o Luto Académico. Só assim poderão demonstrar à opinião pública que a luta contra a lei de financiamento do ensino superior não é só um desvairo de juventude, como muitos dos responsáveis políticos e na verdade muitos estudantes a vêem. O luto académico surge como a prova de fogo dos que contestam esta lei.
Abdicar da queima das fitas, hoje é condição para que ela exista no futuro

Alívio

É um alívio encontrar escrito o que há muito pensamos e ainda não conseguimos traduzir em palavras.
Foi isso que me aconteceu com este texto do Classe Média:

Desistência
Duas pessoas desrespeitam-se, violentam-se, tornam-se opacas. Numa última homenagem aos anos passados ao lado uma da outra, recusam-se por turnos a assumir a responsabilidade por declarar a falência do amor. Os amigos interrogam-se sobre qual das duas terão de apanhar do chão primeiro.


Não há nada melhor que estar rodeado de amigos e nada pior que sentir os inimigos por perto...
Obrigado aos primeiros.

blog com metro e meio, glass, off shore, sem crowd...

Para os que, a primeira coisa que fazem depois ligarem o pc é ir ver como é que está o mar, eis o blog perfeito : ondas.
Para ir para este pico basta remar pelo canal à direita e dropar o link : ondas. Para além dos textos, existem belas fotografias que talvez ajudem a compreender qual é a razão que leva pessoas a acordar às 7:30 da manhã de um dia qualquer de Dezembro sem sol e com um frio dos diabos, sair de casa, a vestir um fato de neoprene e a entrar no mar.

Expresso plagia Gabardina. Ou não?

Suspeito que alguém no Expresso está muito atento à Gabardina.
Há muito que tenho por lema de vida não acreditar na coincidência. Por isso, há algumas semanas atrás fiquei muito espantado quando encontrei na rubrica Gente, da revista Única (que tem estilo de blog), um texto sobre um tema de que a Gabardina já tinha falado e, incrivelmente, com o mesmo título: Bíblia pop.
Nessa altura, limitei-me a considerar remota a possibilidade de a ideia ter sido copiada, e a achar piada à situação.
Ontem, ao ler a mesma revista encontrei um texto sobre tradutores automáticos on line. A Única fazia experiências com textos do Expresso, que citava depois de traduzidos, e considerava o resultado “hilariante”. Ora leiam este texto da Gabardina do passado dia 7 de Novembro.

A Gabardina confessa-se um bocadinho orgulhosa por este “plágio”. E disponibiliza-se, desde já, para assegurar uma coluna semanal na Única a troco de um pagamento, mais ou menos simbólico, por parte do Expresso. O nosso mail está na coluna da direita. Ficamos à espera de um contacto!

sexta-feira, novembro 21, 2003

O padre da Sé Velha sai à noite e quer pagar impostos.

Algo está a mudar na Igreja Portuguesa. O pároco da Sé Velha, João Evangelista, afirmou ao jornal público, sobre os estudantes de Coimbra que ?os meninos que dizem "não pagamos" passam a vida nos bares de Alta".
Como é que ele sabe? O padre de Coimbra, só pode fazer uma afirmação destas, se também ele passar a vida nos bares da Alta, porque se o não fizer, não pode, sem desrespeitar os princípios cristãos, afirmá-lo. Como estou certo, que o Padre tem um respeito extremoso pelos valores cristãos, só o posso congratular pelas noitadas bem passadas. Esta é a primeira mudança que observo na Igreja Portuguesa: a noite como palco de trabalho pastoral.

A segunda é bem mais importante e refere-se as afirmações que o mesmo prelado fez: "Se eles não pagam, porque é que a gente há-de pagar?". Mas quem é a "gente" E pagar como? O senhor padre quer dizer que se os estudantes não querem pagar propinas, então, porque é que o resto da população as há-de pagar através dos impostos. E aqui está a segunda novidade que o senhor padre parece anunciar: a igreja quer pagar impostos. Deve ser isso. Porque só pode fazer uma afirmação destas, quem paga impostos. Certo? Mas toda a gente sabe que decorre directamente da Concordata assinada entre o estado Português e Igreja de Roma a isenção de impostos. Vamos à letra da concordata.


Artigo 8º
São isentos de qualquer imposto ou contribuição, geral ou local, os templos e objectos nele contidos, os seminários ou quaisquer estabelecimentos destinados à formação do clero, e bem assim os editais e avisos afixados à porta das igrejas, relativos ao ministério sagrado; de igual isenção gozam os eclesiásticos pelo exercício do seu múnus espiritual.
Os bens e entidades eclesiásticos, não compreendidos na alínea precedente, não poderão ser onerados com impostos ou contribuições especiais.


Assim só se pode compreender as afirmações daquele Padre como um indício de que algo está a mudar na Igreja Portuguesa. E que mudanças positivas! Digo eu?

quinta-feira, novembro 20, 2003

Extrema esquerda

Estes rapazes catalogam a Gabardina como “Extrema Esquerda”.
Não que isso nos preocupe… Mas talvez seja injusto tendo em conta que ainda há dez dias publicámos um post intitulado Anti-extremista
Estamos sempre a aprender coisas, até sobre nós próprios…

Um aviso à coligação?

As ruas de chuto.

A ministra da justiça tem toda razão em não querer salas de chuto nas prisões. Quem comete um crime deve, não só ser preso, como também ser contagiado com hepatite e sida.
Quem quer uma sala quando em Portugal há ruas. Qual o interesse em ter salas de chuto quando em Portugal existem ruas de chuto. Pois é, da próxima vez que a senhora ministra for ao banco de Portugal em Lisboa, depois de estacionar o seu carro no parque de estacionamento do banco, experimente, em vez de subir pelo elevador interior, dar a volta pelo Regueirão dos Anjos.
Demore-se no pequeno passeio. Observe os papéis de jornal no chão cheios de sangue e expectoração verde de tuberculose multi-resistente. Conte as seringas e as agulhas e as vezes que são utilizadas por pessoas diferentes. Suba, suba as escadas que ligam o Regueirão à rua dos Anjos. E sinta, sinta o cheiro. Percorra demoradamente as feridas que alguns tóxicos têm nos braços, pernas e pescoço. E descubra, descubra por si, onde é que um homem se injecta depois de deixar de ter veias nas pernas, nos braços e no pescoço. E vá lá no Verão com 43º. E vá lá no Inverno com chuva. E vá lá e reconheça uma cara.
A seguir, siga o seu caminho para a recepção no Banco de Portugal e tenha a coragem de dizer que não quer salas de chuto.
Num Pais em que a cocaína dá à costa, num País em que o haxixe vem nas malhas dos pescadores o primeiro passo para se lutar contra o flagelo de algumas drogas (sim, porque o álcool patrocina a selecção nacional) é assumir que elas existem.

quarta-feira, novembro 19, 2003

"Arbeit macht Frei"

Esta expressão está escrita à entrada de um dos maiores campos de concentração da Polónia: Auschwitz – Birkenau ou Oswiecim em Polaco.
O facto de alguém se lembrar de pôr à entrada de um campo de extermínio a expressão: “ o trabalho liberta” sempre me fez perguntar a quem é que essa expressão se dirigia.
Pensar numa actividade como “apenas trabalho” liberta-a de qualquer dimensão ética que esta possa ter. Assim, todas as práticas são possíveis, desde que sejam integradas na categoria de trabalho. Neste sentido, aquela expressão, era muito mais dirigida aos funcionários nazis que no dia-a-dia operavam a máquina assassina, do que aos judeus, ciganos e polacos, pois esses, por mais que trabalhassem, nunca iram sobreviver à incineração.
Hoje, embora com consequências diferentes, também não é difícil reconhecer que a expressão “é trabalho”, como que anula qualquer avaliação ética da acção que se pratica. Quando alguém integra determinada actividade da sua vida na categoria de trabalho, como que se distancia de tal forma da sua prática que lhe retira qualquer peso ético. A expressão muito comum “isto é o meu trabalho” como que neutraliza qualquer carga valorativa que a actividade possa ter. O exemplos são mais que muitos, mas para ilustrar esta conclusão deixo ao leitor a procura de uma situação concreta em que embora não concordasse com certa prática a executou “só” por ser trabalho, e por isso mesmo, ficou com a consciência tranquila.
Assim, a integração de certa actividade na categoria de trabalho, liberta da culpa que se sente quando essa actividade ofende a ética de quem pratica.

terça-feira, novembro 18, 2003

Outono- Inverno 2003/2004

A Gabardina mudou, uma vez mais, de pano.
Eram muitos os que se queixavam de que, quando a abriam, não conseguiam espreitar para tudo o que lá estava dentro. Por isso, porque estávamos fartos do subtítulo sem acentos e porque é bom mudar, arranjámos uma Gabardina renovada.
Esperamos que gostem!

O que queria Joaquim Loureiro?

“A juventude está perdida” disseram os carrascos de Sócrates. O primeiro mártir da filosofia ocidentalque foi aliás assassinado por tentar corromper a juventude.
Este exemplo serve para pôr em perspectiva todas as afirmações das gerações mais velhas sobre a juventude e sobre os seus comportamentos. Vem isto a propósito de um artigo publicado nas páginas do público em que Joaquim Loureiro afirma que o modo escolhido pelos estudantes de Coimbra (fechar a cadeado as portas da universidade) para contestarem as propinas é um “índice de menoridade cultural e ideológica.”
Do meu ponto de vista, o erro de Joaquim Loureiro, é utilizar o termo menoridade, pois ele pressupõe uma bitola apenas sugerida: a geração de estudantes que esteve na vanguarda do 25 de Abril. Ora, se é correcta a presunção de que se estão a comparar duas gerações, o argumento de fundo do articulista é: a minha geração é melhor que a tua. E este, é o argumento mais antigo de sempre.
O que me parece escapar a Joaquim Loureiro, é que não se trata de comparar duas gerações e saber quem daqui a 200 anos é que teve razão; do que se trata é perceber que a geração que nasceu depois do 25 de Abril é diferente da geração que lutou contra o fascismo. È diferente culturalmente e ideologicamente e não menor culturalmente e ideologicamente.
Esta geração a que chamaram rasca e a que chamo The Beach Generation, o mais radical que alguma vez fará vai ser umas greves e manifestações. Porque a verdade, é que se a geração do articulista fez uma revolução no País, a geração actual nem as propinas consegue derrotar.

segunda-feira, novembro 17, 2003

Questa nave fa duemila nodi

Um dos blogs portugueses mais “atentos” é o Mar Salgado. Os velhos lobos-do-mar têm link no forro direito da Gabardina, o que indica que são sua leitura diária. E não há dia em que, após a entrada na Nau Coimbrã (paragens por onde, como já terão compreendido os leitores mais assíduos, a Gabardina também se abre), um dos marinheiros não use a ligação do seu sitemeter para espreitar cá para dentro.

Assim sendo, a Gabardina decide oferecer aos homens ancorados entre a Ponte de Santa Clara e os destroços Ponte Europa um dos mais belos poemas do melhor cantautor italiano, Francesco de Gregori.

Chama-se I muscoli del capitano, e é a "cara" deles:

Guarda i muscoli del capitano
tutti di plastica e di metano
guardalo nella notte che viene
quanto sangue nelle vene.
Il Capitano non tiene mai paura
dritto sul cassero fuma la pipa
in questa alba fresca e scura
che rassomiglia un po' alla vita.
E poi il Capitano se vuole
si leva l'ancora dai pantaloni e la getta nelle onde
e chiama forte quando vuole qualcuno
c'è sempre uno che gli risponde.
"Capitano non te lo volevo dire
ma in mezzo al mare c'è una Donna Bianca
così enorme alla luce delle stelle
così bella che di guardarla uno non si stanca".
Questa nave fa duemila nodi
in mezzo ai ghiacci Tropicali
ed ha un motore di un milione di cavalli
che al posto degli zoccoli hanno le ali.
La nave è fulmine torpedine miccia
scintillante bellezza fosforo e fantasia
molecole d'acciaio pistone rabbia
guerra lampo e poesia.
In questa notte elettrica e veloce
in questa croce di novecento
il futuro è una palla di cannone accesa
e noi la stiamo quasi raggiungendo.
E il Capitano dice al mozzo di bordo
"Signor mozzo io non vedo niente
c'è solo un po' di nebbia che annuncia il sole
andiamo avanti tranquillamente".

Era um bilhete e uns caracóis, se faz favor.

Este Portugal tem contradições deliciosas. Certas contradições são assim como certos petiscos. São acres como uma salada de polvo, saborosas como pão de alho e ás vezes cretinas como cogumelos aporcalhados. A contradição que se segue será servida num pires de salada algarvia.
Qualquer português normal se quiser viajar de Lisboa para o Porto tem de pagar. Tem de pagar a gasolina ou o bilhete de camioneta ou de comboio. Se viajar de comboio o Português normal tem duas hipóteses, ou vai em primeira classe ou em segunda. Se for em primeira, pagará mais que se for em segunda. Assim, podemos concluir sem dificuldade, que as pessoas que viajam em primeira classe no Alfa pagaram mais que as que viajam em segunda? Certo? Errado.
A maioria dos passageiros que viaja em primeira classe no alfa não pagou bilhete. Os bilhetes de primeira classe não se compram, levantam-se. Isso mesmo. Chega-se à bilheteira da C.P. e apresenta-se uma guia de marcha passada por algum serviço do estado. E não são poucos os organismos do estado que facultam aos seus mais altos funcionários estas guias de marcha que permitem andar de borla de comboio. Eles são juízes, policias e quadros superiores dos vários ministérios.
- Era um palito se faz favor!

Domingo à tarde

Não há nada potencialmente mais deprimente que uma tarde de domingo. A perspectiva do regresso à rotina e aos problemas de segunda-a-sexta; a angústia da última porção de tempo livre que temos a obrigação de aproveitar ao máximo; o escurecer do fim da tarde que não nos permite esquecer o facto por um minuto que seja. Tudo é sádico numa tarde de domingo.

O tema tem-se tornado cada vez mais presente entre as pessoas à minha volta. Ainda ontem o discuti com um amigo que encontrei, por acaso, na rua. E acho que a solução é vencer a angústia. É fazer de cada tarde de domingo um momento especial e divertido. A fazer desporto, a ver um bom filme, a dar um passeio diferente ou a lanchar chocolate quente e croissants com os amigos, é preciso imaginar uma tarde de domingo feliz.

sexta-feira, novembro 14, 2003

ira que...

Ira que mata
ira que destrói
ira que consome
ira que incomoda presidentes americanos
ira que vence guerras cirúrgicas
ira que é vietman, mas pior
ira que é guerrilha
ira que é pior que vietnam
ira que vence o melhor exercito

quinta-feira, novembro 13, 2003

Ira que se serve nas cidades...

O que se vai passar no Iraque nos próximos meses vai ser o servir da Ira que os povos que nada têm a perder desenvolveram contra a ordem mundial e que os E.U.A inevitavelmente personificam. Esta vai ser servida nas casas, nas ruas e nas esquinas das cidades iraquianas. O prato: guerrilha urbana. A cozinha francesa das guerrilhas.
Até agora o festim de violência tem sido servido em pequenas porções diárias. Pequenas bombas e bombas de berma de estrada. São os soldados que num pequeno passeio sem a honra de um campo de batalha, ficam estropiados para a vida por uma bomba feita com gasolina e pregos por um puto de 8 anos.
E assim o maior exercito do mundo vai sendo cozinhado neste lume brandíssimo.

quarta-feira, novembro 12, 2003

Jornaliiiiismo! Jornaliiiiiiiismo! Onde estáááás?

Começa a ser hilariante tentar perceber até onde irão chegar os "jornalistas".

Leiam esta bela peça da Bola on line:

Ronaldo, uma das figuras salientes do Real Madrid, está a divorciar-se da sua mulher Milene Domingues. A notícia foi hoje confirmada no Rio de Janeiro pelo porta-voz do «internacional» brasileiro, Rodrigo Paiva.


«As relações entre o casal deterioraram-se bastante nos últimos tempos e o divórcio, inevitável, está já a decorrer», avançou Paiva acrescentando que embora vivam debaixo do mesmo tecto e partilhem a mesma cama «não existem relações entre marido e mulher».


E já agora, vejam a foto que o "jornalista" escolheu para acompanhar a notícia:



Que lata...

Tristeza, nojo e revolta

O que é que se passa na cabeça deste país para que isto seja possível?

terça-feira, novembro 11, 2003

Licença para matar

Hoje de manhã ouvi um pouco do Fórum TSF. Pelo que percebi (não ouvi o início) o tema proposto era: “A polícia portuguesa tem equipamento suficiente?”

As intervenções que ouvi… Meu Deus… Como é que nos podemos sentir seguros num país em que os polícias são de uma ignorância atroz?
Os argumentos dos senhores guardas e agentes que telefonavam eram sempre os mesmos:
Se nós matamos um criminoso (presunção de inocência? Quééé????) toda a gente faz um escândalo, por isso não nos sentimos à vontade para disparar contra eles. E isto é muito grave! Bom era se toda a gente soubesse que nós temos licença para atirar à vontade! Só assim teremos condições para combater a criminalidade!!!
E todas as intervenções iam sendo neste sentido: Queremos licença para atirar à vontade!

A Gabardina propõe: senhores guardas, senhores agentes, continuem a inventar multas de trânsito, que nós continuaremos a tentar fugir e a pagar quando tiver que ser.
E não se preocupem, os portugueses já têm medo de vocês!

Há mais vida para além da lei...

Os estudantes violaram a lei ao fecharem a cadeado a Porta Férrea; os estudantes suprimiram a ordem do estado democrático na antiga rua Larga, foi com estes comentários que algumas pessoas criticaram, em nome da lei, os protestos dos estudantes.
Em nome da lei e do estado democrático, os que durante as crises académicas de 1969 andavam a bater em Pides e a ensaboar escadas monumentais para derrubar os cavalos da G.N.R vêm agora dizer que os estudantes não têm o direito de fazer, nem sequer o mesmo, mas algo, muito menos agressivo. Aqueles que combatiam a lei, antes do 25 de Abril, e que por esse facto fizeram cair o regime fascista, devem, ou pelo deviam, aceitar, que os estudantes não concordem com esta lei das propinas e que por isso estejam dispostos a combatê-la.
A verdade, é que a geração que hoje está no poder em Portugal, não aceita que possam surgir mudanças como aquela que eles próprios organizaram e que de tanto se orgulham.
A lei não é nenhum imperativo categórico e se se pode impor ao corpo pela policia, não se pode impor ao espírito sem que dela emane Justiça. Por isso, é que a tortura do sono era legal mas todos a sentiam injusta.

segunda-feira, novembro 10, 2003

Máxima Possivel III

Quem vos elogia vosso senhor será.

Anti-extremista

O extremismo e o fanatismo são fenómenos que sempre me preocuparam. Sempre acreditei e continuo a acreditar que são responsáveis por muitos dos males do mundo.

Em Portugal há sinais, que me parecem muito preocupantes, de uma crescente tolerância para com determinado tipo de extremismo político e ideológico. Talvez seja culpa dos seis anos que passámos com um governo da 3.ª via, que não decidia, não fazia, não deixava fazer nem queria que se fizesse.

Este fim-de-semana passaram nas televisões dois desses sinais: a intolerância geral face aos protestos dos estudantes e a manifestação dos “amigos de Olivença”.

No primeiro caso estamos perante uma luta cuja justeza não vou, neste momento, discutir. O que digo é que os estudantes têm o direito de se manifestarem por aquilo que julgam justo e que é normal que jovens de 18 ou 20 anos ultrapassem alguns limites. Cabe à sociedade, quanto muito, explicar-lhes isso. Nunca ser completamente intolerante para com eles. Até porque eles têm muito a acrescentar a este país, em muitos aspectos.

No segundo a questão é completamente oposta. Os “amigos de Olivença” têm igual direito de se manifestar. Mas é estranho que um grupo de extremistas patéticos que se manifesta à porta de uma cimeira ibérica seja notícia e não receba sinais de desacordo por parte do resto do país…

Esperemos que estes sintomas de extremismo passem depressa, porque já temos problemas a mais no país.

Nova descoberta

A Gabardina descobriu, ao fim de vários meses de insucessos, como pôr fotografias no blog.
Só para celebrar o facto, oferece aos seus leitores a Natalie Imbruglia.
Esperamos que gostem!


sexta-feira, novembro 07, 2003

O velho e o novo.

O velho Portugal vai querer saber como é que o comerciante Castelo Branco passou a noite nos calabouços do T.I.C que tresandam a vomitado dos drogados que aí todos os dias ressacam.
O novo Portugal vai quer saber quem compra as jóias, com é que as paga, quando é que as paga e com dinheiro vindo de onde é que as paga.

O Anti-Português

Há um gozo mesquinho que parece atravessar o País com a detenção de um tal de Castelo Branco. O País, ou pelo menos, algum País, sente esta prisão como uma vingança doce sobre alguém que se afirmava de alguma forma superior.
Achava-se superior, se calhar pelas razões erradas, porque tinha dinheiro, jóias e queria pensões para pôr a dormir os motoristas. Este personagem interessa-me, não pela dimensão ética mas pela sua dimensão estética. Eticamente não é diferente de quase ninguém: faz negócios e quando pode, não passa factura. Foi o que aconteceu no aeroporto. A sua diferença é estética e está na forma como se apresenta ao mundo. È desabrido, é exuberante é efeminado é a antítese do português mítico.
Em Portugal há uma vergonha bacoca em de mostrar o que se é ou o que se tem. Há uma espécie de véu negro que cobre as caras diferentes dos Portugueses e os uniformiza em tristeza e pudor. Mas são essas mesmas caras, escondidas por detrás desse véu que desejam ardentemente ver a vida deste personagem, desejam saber os seus tiques sórdidos e as suas taras íntimas, para depois nos cafés e com os amigos dizerem o quão excêntrico ele é, e quão normais eles são.
Essa personagem afronta o Portugal velho e moralista e isso é óptimo.

Cospe ou swallow?

Alguém entrou na Gabardina através deste link, que, ao que percebo, é um tradutor automático do Google.
O resultado é hilariante. Deixo-vos só o exemplo de um post recente, traduzido automaticamente:

Looks at, forgives the girl cospe or swallows?
This is a question that can give beginning or to a small colloquy or a long friendship.
I suggest that this true?desbloqueador of colloquy? either soon applied after the presentation of somebody. Thus, then to follow to the two kisses, or the formal squeeze of hand, it must be asked, if the person cospe or swallows. Without more, thus, of chofre, without roundups, fears and hesitations, with the certainty and property of who it knows that it is to announce new ethics.
This is a question, that if it sends for one definitive context, then exceeds it and if it extends for all practical of the life the human being. Because in the truth, all the question of the Man left of being the definition of Good and Badly, to start to be a question to swallow or to cuspir. Cuspir or to swallow? here it is the question. It will be nobler to suffer the horrible destination to swallow, or catching in weapons to cuspir against the seas of tormentosos, and thus to finish them?
Today, this is the ethical question that if raises: to swallow or to cuspir?

Há dias em que nos sentimos um pouco George

Aproveitando a citação do Solar da Rainha, deixo uma frase do George Costanza, do Seinfeld:

"Every decision I have ever made in my entire life, has been wrong. My life is the complete opposite of everything I wanted to be. Every instinct I have, in every aspect of life, is it something to wear, something to eat, it’s all been wrong"

Como eu te compreendo, George...

quinta-feira, novembro 06, 2003

Orçamento

Temos orçamento aprovado!
Por que será que o país não está entusiasmado?

Olhe, desculpe a menina cospe ou engole?

Esta é uma pergunta que pode dar inicio ou a uma pequena conversa ou a uma longa amizade.
Sugiro que este verdadeiro “desbloqueador de conversa” seja aplicado logo após a apresentação de alguém. Assim, logo a seguir aos dois beijos, ou ao formal aperto de mão, deve perguntar-se, se a pessoa cospe ou engole. Sem mais, assim, de chofre, sem rodeios, sem medos e sem hesitações, com a certeza e propriedade de quem sabe que está a anunciar uma nova ética.
Esta é uma pergunta, que se remete para um determinado contexto, logo o ultrapassa e se estende para todas as práticas da vida humana. Porque na verdade, toda a questão do Homem deixou de ser a definição de Bem e Mal, para passar a ser uma questão de engolir ou cuspir. Cuspir ou engolir? eis a questão. Será mais nobre sofrer o destino horrível de engolir, ou pegando em armas cuspir contra os mares de tormentosos, e assim terminá-los?
Hoje, esta é a questão ética que se levanta: engolir ou cuspir?

quarta-feira, novembro 05, 2003

"isto precisava é de outro Salazar"

Quem anda de transportes públicos é por vezes confrontado com um comentário muito comum neste Portugal. -“Hoje em dia já não há respeito por nada. Com o Salazar pelo menos havia respeito!”
Devo dizer que nunca soube muito bem como rebater esta ideia que de vez em quando é verbalizada por um cidadão mais saudoso. Até hoje. Hoje, como numa iluminação, a resposta surgiu. De facto, a solução reside não em contrariar aquela expressão, mas em vê-la noutra perspectiva.
Assim, quando surge aquele comentário em vez de me opor veementemente, limito-me a concordar parcialmente: “é claro que não há respeito, mas havia de haver respeito a quê? ao estado que proíbe às drogas mas ruas mas que permite que se venda álcool e cigarro em cada esquina, à justiça que usa o segredo de justiça como melhor lhe convém e que prende preventivamente o Zé dos anzóis porque roubou um telemóvel, ao sistema de educação que adopta os regulamentos de programas de televisão como matéria lectiva, aos políticos que prometem a convergência das pensões com o salário mínimo e que depois não cumprem, às televisões que exploram o sofrimento do Zé dos anzóis para vender mais detergente. A que é que se deve respeito hoje? Sim, a quê?

terça-feira, novembro 04, 2003

Dois lados de uma mesma Gabardina

Joni Mitchell

Rows and floes of angel hair
And ice cream castles in the air
And feather canyons ev'rywhere
I've looked at clouds that way

But now they only block the sun
They rain and snow on ev'ryone
So many things i would have done
But clouds got in my way
I've looked at clouds from both sides now
From up and down, and still somehow
It's cloud illusions i recall
I really don't know clouds at all

Moons and junes and ferris wheels
The dizzy dancing way you feel
As ev'ry fairy tale comes real
I've looked at love that way

But now it's just another show
You leave 'em laughing when you go
And if you care, don't let them know
Don't give yourself away

I've looked at love from both sides now
From give and take, and still somehow
It's love's illusions i recall
I really don't know love at all

Tears and fears and feeling proud
To say "i love you" right out loud
Dreams and schemes and circus crowds
I've looked at life that way

But now old friends are acting strange
They shake their heads, they say i've changed
Well something's lost, but something's gained
In living ev'ry day

I've looked at life from both sides now
From win and lose and still somehow
It's life's illusions i recall
I really don't know life at all
I've looked at life from both sides now
From up and down, and still somehow
It's life's illusions i recall
I really don't know life at all

Humankindville

O cinema tem a capacidade de misturar alhos com bogalhos e assim permitir a quem vê, se essa for a sua predisposição, a percepção e compreensão de outras realidades. Se isto é assim para o cinema em geral, há no entanto, certos filme que estão para além do cinema. È o caso de Dogville.
Lars Von Trier afirma que “o cinema não é ilusão” e Dogville não um filme.
DogVille é Vida fotografada numa película de 35 mm a passar a 24 fotogramas por segundo. Dogville mostra, demonstra e exibe o Homem. Por isso, não se devia chamar DogVille mas Humankindville.

Merda de país

Está na moda dizer que temos que gostar de Portugal. Que temos que defender Portugal. Que é um dever patriótico. Contra os outros, os maus, os estrangeiros que nos querem destruir.
Mas por que é que eu devo dizer bem desta merda de país em que os vigaristas estão no poder, os pedófilos poderosos estão na rua e a maior parte da população faz contas à vida para comer?
Não. Dizer mal de Portugal é hoje um dever patriótico. Se não compreendermos a situação miserável em que estamos hoje, nunca sairemos dela. Os que conduzem Ferraris, os que jogam golf, os das off shores, nada farão para que isto mude.

segunda-feira, novembro 03, 2003

Caro Sharon:

Serve a presente, para o incentivar na luta contra o terrorismo palestino que como V. Exa, tem vindo a fazer só se extingue com a construção de um muro.
Na verdade, tenho vindo a acompanhar a construção dessa grandiosa obra de engenharia (a que alguns chamam de vedação e outros muro) com grande interesse.
Soube, no entanto, com surpresa, que os esforços de V. Exa têm sido barrados por dificuldades pontuais. Refiro-me especialmente, à parte do muro que pretende dividir a cidade Palestiniana de Tulkarm em dois sectores.
Porque urge combater o terrorismo, gostaria de sugerir a V. Exa uma ideia para debelar as dificuldades que, estou certo, pontualmente enfrenta. Assim, ouso aconselha-lo a pedir à Alemanha, que lhe faculte o acesso aos arquivos nazis por forma a poder consultar os planos de engenharia que serviram para a construção do muro que dividiu Varsória em dois sectores. Se no entanto, considerar que esta é uma solução muito demorada, e como é escasso o tempo para acabar com o terrorismo, gostava de ousar sugerir que pedisse aos sobreviventes do Guetto de Varsóvia vivos, e a morar em Israel, para serem eles próprios, recorrendo ás suas memórias, a construir tal barreira contra os terroristas.
Grato pela atenção subscrevo-me,
565671276621

Proposta de filme para o departamento de Maketing da Manuela

Da paisagem agreste de Trás-os-Montes, surgem luzes de néon vermelhas.
Num quarto escuro e espelhado vemos, em grande plano, uma mão que fecha a braguilha das calças de fazenda.
Ouve-se uma voz doce:
- Ocê vai querer mais alguma coisa, quérido?
A câmara afasta-se e deixa ver um empresário do Vale do Ave. Quatro botões abertos da camisa justa, deixando ver o medalhão de ouro e os pêlos do peito.
- Ai vou, vou! Vou querer a facturinha, se faz favor!