sexta-feira, março 28, 2008

Os sete pecados magníficos... perdão, mortais

Quem nunca pecou que atire a primeira pedra... ao contrário do que cada um de nós estará pronto a afirmar, não surge após esta frase nenhuma revoada de calhaus, seja para que audiência for proferida. Sempre prontos para afirmar solenemente uma qualquer qualidade camuflada de defeito como teimosia por persistência ou demasiado críticos numa espiral depressiva, é dificil ser assertivo numa auto-análise. Tomando como referência, por exemplo, os sete pecados mortais, temos:
Da minha parte, destes posso dizer been there, done that pelo que o meu lugar no Inferno estaria garantido se tal local ainda existisse. Claro que o grau em que os cometes importa e era importante aferi-los por uma qualquer escala para se poder ter uma melhor noção sobre o dito pecado. Por exemplo, por Gula nunca fiz mais do que ficar mal disposto. Por luxúria se calhar estava caladinho. Avareza é um ponto fraco da minha parte e teria muito a melhorar neste capítulo para poder garantir bilhete. Ira sim, um must; ainda que raros, tenho no cadastro uns épicos ataques de fúria daqueles que fazem ver tudo em vermelho sendo que, ultimamente, estou bem mais tranquilo. Soberba, sim, dado que não nego que gosto das coisas boas da vida, tanto materiais como imateriais. Vaidade, na óptica da minha óptima auto-estima, admito-a em certo grau. Quanto à Preguiça, já foi pior, bem pior, tendo agora uma dose razoável que me permite apreciar um belo fim de tarde espapaçado ao sol tranquilamente.
Como em tudo é a dose que faz o veneno e por isso, mesmo um pecado pode ser o tempero certo para condimentar uma vida demasiado insossa. Em demasia pode estragar tudo, pelo que todo o cuidado é pouco. É pecar, malta, é pecar. Mas com juízo! A redenção está à porta assim como o fim de semana! Aproveitem e depois confessem-se aqui!

quinta-feira, março 27, 2008

Adoro traidores. Detesto mentirosos, mas adoro traidores. Traidores à séria. Os que escolhem construir sozinhos o seu próprio caminho, contra as expectativas da família, dos amigos, do estado ou da religião. Esses sim, são os sozinhos. Os singulares, os que interessam. A traição, enquanto acto contrário às expectativas que uma instituição, ou pessoa tem de outra, é por definição sempre um acto de liberdade.

Selecção Nacional e a sua némesis

"Tudo que se eleva acima da sua condição, tanto no bem quanto no mal, expõe-se a represálias dos deuses. Tende, com efeito, a subverter a ordem do mundo, a pôr em perigo o equilibrio universal e, por isso, tem de ser castigado, se se pretende que o universo se mantenha como é."

Deve ser por isto que volta e meia levamos uma coça destes gajos; para nos porem no nosso lugar. Bom, nunca sabem bem mas se há altura para uma derrota é num amigável. Agora aprendam com os erros para ver se não os repetem quando for a doer.

E que falta faz o Karagounis ao meio campo do Benfica...

quarta-feira, março 26, 2008

Democratite

Lindíssima forma de governo que funciona com base num pressuposto de que todos somos iguais no direito ao voto e na escolha de um governo eleito pela mairia mas que na prática e no nosso ainda demasiado imaturo sistema:
- Impede que falem mal dela própria por causa do papão do fascismo (que serve de areia para os olhos enquanto enchem os bolsos);
- Impede que falem mal dela porque é anti-democrático (parabéns pelo inovador conceito de pôr anti antes de qualquer forma de crítica a algo);
- Impede que falem mal dela própria porque não há outra melhor;
- Porque as assimetrias socio-económicas colocam demasiado stress num sistema que priveligia a igualdade;
- Porque o sistema fiscal é demasiado falível e permeável na distribuição da riqueza;
- Porque a segurança social é tudo menos segura;
- Porque há quem troque votos por sacos de plástico e electrodomésticos;
- Porque há crime sem castigo e a justiça há muito que deixou de ser cega;
- Porque há quem tenha elegido a Fátima Felgueiras, o Valentim Loureiro, o Alberto João Jardim e o Avelino Ferreira Torres, assista à pouca vergonha e ainda goste deles e venha para as ruas falar (Quem lhes deu o direito de expressão e o direito ao voto não os pode revogar por justa causa?);
- Porque os políticos mentem mais do que fazem e ninguém tem já paciência para os desmentir
- Porque a imprensa tem o rabo preso e cala-se ou diz o que lhe mandam;
-Porque já poucos se interessam (quem se pode dar a esse luxo) ou votam ou porque têm muito mais com que se preocupar dado o aumento do custo de vida;
- Porque enquanto não houver igualdade de educação e civismo o conceito não funciona porque os votos não valem todos o mesmo se não forem votos informados;
- Porque com a falência de todas as outras soluções governativas que faliram ou secaram perto do eucalipto democrático hegemónico, este reina agora soberano, incontestado e descontrolado (salvo uns poucos feudos ditatoriais ou utópicos ainda mais descontrolados) como qualquer monopólio.

My thoughts exactly

Só que para ser politicamente incorrecto, eu diria: quem nos anda a roubar?

Leiam isto.

Se o preço do barril de petróleo em euros desceu de 2000 até agora, por que é que o gasóleo custa agora mais do dobro do que custava então?

E quando o dólar começar a subir, será essa a justificação para que os preços dos combustíveis continuem a disparar?

Que roubalheira...

Hoje, ser politicamente incorrecto, é ter uma opinião precedida pela classificação de que a opinião que se segue é politicamente incorrecta. É assim, como, classificar de pintura tudo o que foi pintado, ou de cinema tudo o que foi filmado. Ser politicamente incorrecto é ser politicamente correcto. Por causa do advérbio. Os advérbios são as lulas da corte. Os moldáveis, os intriguistas, os traidores. Tal como os politicamente incorrectos. Prefiro o tipo substantivo. Calhau abrupto, burro, elefante parado, Bartleby, que só sai para a guerra quando sabe que pode perder tudo. Por isso, borrifo-me em ter opiniões sobre as contingências da governação, sobre ambiguidades das vontades ou sobre questões fracturantes. Prefiro ver saias rodadas, o medo de ser descoberto a fumar, a falta de preservativos, a tosse que o vinagre das saladas causa na garganta, as aftas dos outros, as bifanas gordurentas, os empregados do cinema, os mendigos na rua, as escolhas de comprar ou não comprar um carro, as hesitações e as palavras trocadas.

terça-feira, março 25, 2008

Só que na Islândia os sifões são mais caros

A Madeira pode vir a ser uma ilha sustentável. Mas apenas em termos energéticos. De resto, comparar a Islândia à ilha em que vigora o "andavas de jerico a vender sifões e agora és milionário", só por brincadeira...

(este post é uma experiência. se tudo correr bem, na página do Público linkada a Gabardina terá link de volta. Viva a tecnologia!)

O pequeno Necrotério Rêgo Grande Cólica de Jesus era coxo, anão, preto e albino (uma combinação raríssima e supinamente infeliz), cego, surdo, mudo, maneta, corcunda, vesgo, paraplégico, mongolóide, desdentado, gordo, zarolho, atrasado mental, careca, feio (mesmo sabendo que há gostos para tudo e que estes não se discutem, neste caso havia consenso generalizado sobre o quão hediondo era o rapazinho), sopinha de massa e gago (titubeava ciciante os gemidos incoerentes que a custo conseguia emitir entre rios de baba), tinha mau feitio, lábio leporino, síndroma de Tourette (felizmente era mudo e por isso não incomodava muito), acne, lepra, gases, sarna, artrite, renite, lúpus, sida, herpes, hepatite, doença de crohn, parkinson, alzheimer, unha encravada, halitose, pele oleosa, caspa e pulgas, era gay, judeu ortodoxo, fumava, ressonava, consumia gorduras saturadas e álcool, drogas, conduzia (a cadeira de rodas, claro) como um louco que, adianto, também era (paranóico - sempre que passava achava que toda a gente ficava a olhar para ele; e histriónico - adorava ser o centro das atenções) e votou Santana, Soares e Sócrates nas últimas eleições, não respectivamente. Mas acreditava piamente na reencarnação, razão pela qual tinha muita fé que um dia, nem que fosse na próxima vida, pertenceria a uma minoria mais feliz e menos discriminada. Teve azar. Nasceu portista.

segunda-feira, março 24, 2008

Blogar é uma forma de engate

Quando os mais ilustres assumem coisas semelhantes, não há por que o negar: este blog existe para o engate.
Ter este blog não é propriamente andar no Second Life, site que todos sabemos para o que serve. (Não quer dizer que alguns dos seus colaboradores não tenham por lá um avatar... a gerência não põe as mãos no fogo nem por ela própria). Ter este blog é, digamos assim, um meio termo aceitável e socialmente correcto entre ser uma pessoa estável, dedicada à família, e passar os dias fechado num quarto sombrio, a fumar, sem tomar banho, a tentar convencer desconhecidas a fazer sexo via messenger.
Apesar dos textos mais ou menos artísticos, da preocupação estética e da oferta musical, textos e caixas de comentários, títulos e sitemeter servem um único e nobre propósito: o engate.
A julgar pela reportagem sobre o Second Life, e exclusivamente em termos de eficácia, este blog tem-se revelado um acertadíssimo investimento.

Números de telemóvel nesta caixa de comentários. Na ausência de forma de contacto, uma leitura mais demorada poderá ser encarada como tentativa de aproximação e o teu IP investigado exaustivamente até que cheguemos até ti. Volta sempre.

Em defesa da pena de morte

Foi já com os eléctrodos bem ferrados nas pernas, logo após me terem perguntado se queria dizer mais alguma coisa que tudo começou. Começar é uma forma de dizer, já que o meu fim estava, de facto, à distância de uma descarga eléctrica. Mas começava, começava mesmo. Começava a consciência de que ninguém pode levar tanto da vida impunemente. Ninguém pode amar, como eu amei e sair sem arranhadura. Por isso, começava, começava depois da pergunta da última vontade, o sentido que faltou ao tribunal humano, cheio de erros e equívocos, de advogados e juízes. Eu era pobre: estava no sítio errado: fui condenado em três tempos. Mas agora, agora mesmo, no espaço de tempo em que a descarga eléctrica já saiu do interruptor, mas que ainda não me atingiu, agradeço, dou graças, comovido, graças ao Juiz vesgo, ao advogado incompetente e, principalmente à vontade humana de ter culpados. O meu fim, torresmo, é o merecido. Se morresse naturalmente o meu cadáver sublimar-se-ia pela potência do amor que dei e recebi.

Delico-doce

Ultimamente anda tudo em bicos dos pés para não pisar calos a ninguém, sempre com falinhas mansas e linguagem cuidada, uma criteriosa escolha de palavras e expressões para não ferir susceptibilidades que, muitas vezes, nem sequer são assim tão fáceis de ferir e só por andarmos com todos estes rodriguinhos e cerimónias se tornam florzinhas de estufa.
À menção de qualquer tema minimamente polémico logo saltam associações e comentadores profundamente indignados e ofendidos com a abordagem menos própria. Com tantos paninhos quentes torna-se difícil conseguir dizer seja o que for sobre qualquer tema com medo de ultrapassar uma fasquia que se vai tornando cada vez mais alta nessa selecção. O cuidado com as minorias deve ser uma preocupação, claro, mas sem cair no ridículo de ofender pela redução ao indefeso.
Sempre houve, há e continuará a haver temas mais sensíveis, mais polémicos, mais delicados mas há, na minha opinião, mais vantagens numa abordagem descomplexada e aberta, mesmo correndo o risco de melindrar alguém, do que num chove-não-molha morninho que não leva a lado nenhum.
A primeira vítima deste tipo de discurso é o sentido de humor que, limitado e agrilhoado por todas estas convenções, mirra e definha, num ciclo vicioso que leva a mais cinzentismo e ainda menor capacidade de encaixe e de, muito importante, rir de nós próprios. Não tarda nada estamos uns suiços. Rigorosos, mecânicos, perfeitos, inflexíveis. E sem pontinha de graça ou interesse.
Vamos! Venham daí piadas sobre maricas, pretos, sportinguistas, gajas, surdos, aleijados, católicos e alentejanos. Mas também sobre garanhões, brancos, portistas, gajos, cuscos, atletas, mórmones e lisboetas. Qualquer tema é um bom tema desde que abordado com inteligência e que provoque um riso saudável típico de uma mente aberta e descomplexada. Não há assuntos tabu. Excepto, claro, o Glorioso! E a correcção gramatical das minhas frases de 14 linhas. Isso é que não!! Com essas coisas não se brinca!

domingo, março 23, 2008

I/E/migrações

O plano era simples. Agarrar o borrego pelas patas da frente e hipnotizá-lo com uma chispa de lume. Depois: corte rápido: batatinhas: cebola: forno muito quente e prato. Assim mesmo. Porém, o borrego era gado fino. Patinha tratada no salão do Rolo. Gravata de seda. Fato estilo colonial de linho egípcio. E, um cachimbo aromático que, pensei – mal – ser o tempero. Eu, que sirvo refeições desde o século de Péricles, tenho, como podem imaginar, visto muitas coisas, mas um borrego com ares de David Livingston… Sentei-me muito convictamente, e com a segurança que a experiência de servir à mesa há 25 séculos inevitavelmente trás, olhei bem nos olhos do bicho. O borrego que não era burro nenhum, e que, já cá deve andar há tanto tempo quanto eu, percebendo a minha hesitação, pisgou-se. Cabisbaixo e derrotado, sentei-me ao canto da cozinha à espera de uma epifania que me salvasse o almoço de Páscoa. E foi então que recordei o Morrison. “Esta semana no Pingo-Doce, lombinho de sangacho em tomatada e coentros só 99 cêntimos”.E, mais que a conveniência do preço, apreciei o estar morto. Pois, se são conhecidas as manhas dos borregos, as do sangacho são as mais temidas. Há aliás uma história…

sexta-feira, março 21, 2008

epifania do dia

“Acredita porque é absurdo.” disse Søren Kierkegaard, à pequena rapariga que se preparava para saltar para o outro lado do arroio. A rapariga decidiu dar trela ao velho rebarbado. Estalou os dedos sem razão aparente; disse: duvidar é já acreditar. Kierkegaard arregalou muito, muito, muito os olhos remelosos, fez o esgar do coiote que pisa a bomba que preparou para o Bip-Bip e epifanou-se para um país do sul. Hoje, gere uma pequena empresa de ferro-velho, lá para os lados de Espiche. Consta que gosta de meixão e que não perde as promoções do LidL de Silves.

quinta-feira, março 20, 2008

Não estou de Acordo!

http://pt.wikipedia.org/wiki/Acordo_Ortogr%C3%A1fico_de_1990

http://orto.no.sapo.pt/

Sinto-me um imigrante dentro do meu próprio país quando já não reconheço a minha própria língua. Não bastando os constantes atropelos que a vejo sofrer no meu local de trabalho, coisa que, confesso, me arrepia de um modo que roça a intransigência, levando-me, por vezes, a não conter algumas respostas irónicas que me poderão um dia sair caras ou a ferir os sentimentos de alguém (como é que se corrige alguém que passa o dia a dizer "fostes" sem a clássica resposta, que, aposto, passaria despercebida, "Reparastes? Já não digo vistes!"), arruinando o bom ambiente de trabalho que tanto custou a construir, atropelos esses cometidos tanto por quem vive no topo da pirâmide como pela base e ainda, vantagem duvidosa bem sei, com o bónus de chacinarem também o inglês quando a sede de sangue gramatical não fica saciada com a barbárie cometida contra a língua materna, somam-se-lhe ainda os autênticos estrangeirismos nacionais como pips (people, malta, turma) e cubs (cubo, cubíbulo, casa), estes oriundos desse glorioso viveiro onde se reinventa e renova constantemente a língua de Camões, a margem sul.

Não querendo ser um velho do Restelo nesta ou noutras matérias e sabendo que a velocidade das mudanças (sociais, económicas, tecnológicas,...) tende a aumentar de dia para dia na nossa sociedade, deixando rapidamente para trás os cadáveres (metafóricos) ressequidos e esquecidos de quem não se adaptou, custa-me a aceitar sem uma razão solidamente sustentada toda ou qualquer mudança só porque alguns (aos quais não reconheço superiores competências na matéria) decididaram que seria assim e, quase exclusivamente, por critérios economicistas ou de suposto fortalecimento e união dos falantes da língua. Admito alguma nostalgia ligada aos meus argumentos, assim como algum receio de ter de reaprender noções e conceitos que dava como adquiridos para sempre mas que me interessa se passamos a ser muitos mais a usar algo coerente e consistentemente se o que iremos usar é, para mim, menos rico e de pior qualidade? E porquê tamanha aproximação ao brasileiro (sendo que não tenho nenhum sentimento contra aquele país ou língua, bem pelo contrário até por causa das minhas próprias raízes)?

Ninguém pára para pensar? Ou melhor, ninguém para para pensar?

(Versão 2.0: Correcção de um erro gramatical graças à atenta revisão de um anónimo leitor. Vide comentários anexos)

quarta-feira, março 19, 2008

Futebolices

Tozé Marreco, avançado que emigrou (como tantos outros jovens portugueses em busca de melhores condições e por falta de apostas cá dentro) para o FC Zwolle da Holanda, foi convocado para a equipa de sub-21 de Portugal.

Também o Garrincha era coxo e não foi por isso que foi pior jogador ou que o empurraram para fora do Brasil mas a infelicidade do nome, simultaneamente prenhe de alma lusa, Tozé, e de um peso nos ombros, Marreco, é demasiado grande para não nos compadecermos dele.

Força, Tozé, estamos contigo! Aposto que vais carregar a equipa às costas! Ou isso ou se falhas o golo decisivo és rapidamente promovido a Areias, o camelo, mas só com uma bossa. Seu dromedário!

Em Portugal, os estrangeiros dividem-se em dois grupos: nos que têm dinheiro, e nos que não têm. Os primeiros, são turistas, os segundos, são ilegais. Aos primeiros: hotéis, acessibilidades e moças simpáticas de menu nas mãos, aos segundos: camaratas limpas, fronteiras e jagunços de menu nas mãos. Para mim os estrangeiros em Portugal deviam ser divididos em dois grupos: os que dizem p´jama, e os que dizem pí´jama. E isto logo na fronteira. Haveria um palanque, o estrangeiro subiria ao microfone -com malas e tudo-, e uma voz perguntaria: Dizes p´jama, ou pí´jama? O estrangeiro responderia e, era de imediato dirigido para a fila da esquerda ou da direita.

terça-feira, março 18, 2008

Portugal, que imigração?

Vamos imaginar um tipo na Roménia. A vida está má. Não dá pra comer. O Munteanu - vamos chamar-lhe assim - decide emigrar. Decide emigrar para um (outro) país da União Europeia, onde se viva melhor. Parece-me lógico. Fica perto e deve ser um dos melhores sítios no mundo para se viver. Presumo que alguém que decide emigrar não escolhe o destino à sorte ou comprando o bilhete mais barato da Ryan Air. O Munteanu informa-se. Presumo que escolhe de acordo com as coisas que mais valoriza. Presumo que faça uma lista dos países da UE e ponha uma cruzinha aos três ou cinco países melhores em cada categoria. País mais tranquilo: Luxemburgo, Finlândia, Dinamarca. Pais com salários mais altos: Inglaterra, Alemanha, Suécia. País com mais protecção social: França e nórdicos. País com mais sol: Grécia, Itália, Espanha, Portugal. País com menos desemprego: Irlanda. País com mais crescimento económico: Irlanda, Espanha. É difícil (impossível?) imaginar um cenário em que o resultado desta análise indique como melhor país para emigrar: Portugal.

O que me leva à conclusão de que quem imigra para Portugal à procura de melhor vida ou é uma pessoa que não se sabe informar ou tem critérios muito estranhos. Ou seja, ou o Munteanu é uma pessoa muito inapta ou procurava um país com baixos salários, pouca protecção social e muita corrupção. Só assim se explica que tenha vindo parar a Portugal.

segunda-feira, março 17, 2008

Fazer vida longe. Reconstruindo cumplicidades com o homem do café. Interpretando os ruídos dos vizinhos e, catalogando como estão catalogadas as borboletas os hábitos dos outros. O velho de pantufas que ainda está a atravessar a passadeira, as flores de plástico em cima da mesa, a ordem dos livros, ou a falta deles, o chiar do chão, e o cheiro do eventual cão. Sim, porque há muitos cães eventuais e viver com pessoas efectivas. Fazer vida longe, é necessário ter uma vida perto. É necessário ter o Cohen sabido, o Reed esquecido, o Chico no mp3 e o Art e o amigo bem escondidos. Para se ser imigrante, para se imigrar para uma cidade, para uma pessoa, para uma profissão, para uma religião, é necessário ter os tarecos bem arrumados.

Longe de casa?

2 anos e 4 meses depois, a minha casa é Lisboa. Já o disse anteriormente mas sinto-o cada vez mais e não vejo um retorno à base a perspectivar-se como possível. Depois de umas quantas atropeladas mudanças e de perder um pouco a noção de onde era a minha casa - a Amadora nunca convenceu neste papel -, começo, numa perspectiva mais alargada da coisa, a ver Lisboa como o sítio que reconheço como lar. Home is where the heart is, pelo que, nesta ordem de ideias e sabendo que o meu neste momento nem me pertence por inteiro, é aqui que me sinto bem e onde quero ficar.
O estatuto de imigrante implica um afastamento do local onde estamos em casa e para onde queremos voltar, sendo que, neste momento, me sinto muito mais deslocado quando rumo a Coimbra (é um deslocado relativo, claro, porque estão lá família, amigos e locais cheios de memórias que não me deixam ser-lhe indiferente) do que aqui.
Uma vontade de sempre, a de sair do país, nesta altura deixa de fazer sentido, até porque há, agora mais que nunca, alguém que me faz querer muito ficar por cá e uma série de planos a solo ou a dois por concretizar. Tudo na vida são conjunturas pelo que não é possível fazer futurologia (e acho que quanto mais damos algo por certo mais certo é que se esfume logo a seguir) mas, tanto quanto me é dado perceber, o imigrante (re)encontrou o seu lar.

domingo, março 16, 2008

Pensar o cinema segundo o critério da escassez: um cinema – recurso e um cinema – visão. O primeiro existiria enquanto arte, na medida em que mostra a condição humana através de valores de produção (actores, decores, pós-produção etc...). O segundo, cinema – visão, evitaria propositadamente aqueles valores de produção, para ser arte na medida em que em vez de se limitar a mostrar a condição humana, a interpreta segundo um determinado ponto de vista. Assim, no primeiro ressaltará o que se vê na imagem, e, no segundo, a visão de quem produziu a imagem.

VW Polo


100.000 kms e 10 anos depois chegou ao final a nossa relação. Tanto passeio, tanta viagem, risos e lágrimas, sustos e surpresas, fases boas e más, por tudo isto passei ao volante do JT. Agora é altura de dizer adeus e escolheres um novo dono. O motor 1.0 a gasolina que me locomoveu durante estes últimos tempos tem tudo para fazer outro tanto, fiel e regular como sempre. De mim ficam só boas referências para quem as quiser ouvir.

1500 euros são um valor escasso para tanta memória mas a vida é assim mesmo...

sexta-feira, março 14, 2008

Homens & Mulheres

Li num blog chocolateiro o desabafo de uma amiga sobre o relacionamento entre homens e mulheres. Nem a dita miúda é burra nem acredito que se preste muito a desempenhar tal papel. Por outro lado, há coisas que não são mesmo para perceber ou para meter a foice em seara alheia.
Salvaguardado este ponto, acho que já não vivemos (este nós refere-se principalmente a pessoas da minha geração, cultas, instruídas, inteligentes, emocionalmente estáveis e, no geral, urbanas e evoluídas) numa altura em que se possam manter ou encarnar de livre vontade esses chavões de burras e machistas. É certo que cada um tem aquilo que (faz por) merece(r) e só se mete nas merdas quem quer, pelo que, ultrapassada que está a queima dos sutiãs dos anos 60 (mesmo dado o habitual lag da tradicionalista e conservadora (se calhar mesmo só inerte e preguiçosa) sociedade Portuguesa quanto aos hábitos, usos e costumes) e lutas pela igualdade de deveres e direitos, é tempo de partir para a assunção honesta das diferenças existentes entre géneros, quanto a mim a única e verdadeira maneira de respeitar todos por igual, para facilitar o diálogo que, de vez em quando, parece estar a ser falado em línguas completamente diferentes pelas partes envolvidas. O respeito mútuo, a confiança (tão difícil de recuperar uma vez perdida) e a compreensão são pilares sobre os quais assenta uma relação seja ela de que cariz for e não há, para mim, espaço para imposições autistas lado a lado com amor, amizade e carinho.
Felizmente, a cada dia que passa e por força das imutáveis leis de "mercado", procura e oferta, e se não faltar força de vontade, personalidade e carácter, escasseiam estes dinossauros que caminham para a extinção ou para nichos muito reduzidos.

quinta-feira, março 13, 2008

Viking - Strip Bar

Por ocasião da festa pós-ante-estreia dos passaroucos enamorados, calhou por força do destino e das circunstâncias que o cast & crew do filme rumasse ao Cais do Sodré e a este antro em particular. O contraste entre a entourage cinematográfica e os frequentadores habituais do tasco fazia lembrar uma sopa passada com pedaços. O caldo era semelhante mas os legumes inteiros destacavam-se. Mais ainda se destacava uma tríade de dignos personagens entre os locals:

Um Patrick Swayze em versão marinheiro tatuado, degradado e drogado que dançava de braços cruzados sobre o peito, gesto de rockeiro com dedos em riste nas mãos e ar de concentração introspectiva enquanto entoava para si as letras profundas da playlist infernal que emanava da cabine do DJ.

Um ser híbrido de cabelo à la actual Nick Cave revamped para mais careca e mais poupa, óculos dourados redondos, semblante enigmático, olhar perdido e um viveiro de herpes simplex, duplex e triplex em que insistentemente remexia num tique obsessivo-compulsivo.

Uma stripper, Vivianne, mecânica e sem réstia de sensualidade, em regime de exibição despudurada em palco desmontada à saída em pêlo pelo meio da assistência por entre olhares provocadores para a cabine do DJ e um sorriso confiante de quem tem, pelo menos parte, da assistência masculina refém do seu tarimbado corpo.

Decadente. Ambiente estranhamente familiar para a fauna de habitués residentes. Degradante. Pleno de histórias, estórias e personagens absolutamente cativantes e fora do normal. Depravado. Atraente e repulsivo ao mesmo tempo na óptica do observador.

Escasseava por lá classe, nível, sensualidade, limpeza, elevação, dignidade, aprumo, saúde física ou mental.


Apesar de haver escassa a informação sobre esta banda, posso garantir que os rapazes são simpáticos, têm um som sério e que gostam do que fazem. Será por isso um gosto o concerto de hoje no Music Box, numa das ultimas zonas sérias de Lisboa: o cais do Sodré.

quarta-feira, março 12, 2008

Benfiquices

Ultimamente tudo escasseia para os lados da luz.
Boas exibições. Vitórias. Pontos. Golos. E ultimamente até jogadores (7 indisponíveis, 3 dos quais titulares indiscutíveis entre os quais a dupla de centrais titulares e o melhor marcador, para o jogo de logo num plantel de 25 fazem alguma mossa) e treinador...
Seja como for, do outro lado a coisa também não está fácil para Laudrup, com poucas escolhas disponíveis e a cantera a ter também de colaborar para a elaboração da lista dos convocados.
O apoio, como sempre, mantém-se porque a vitória é o único caminho!
O palpite:
Quim; Leo, Katsouranis, Edcarlos, Nélson; Rodriguez, Petit, Rui Costa, Maxi; Nuno Gomes, Makukula
Do banco sairão: Sepsi, Mantorras e Di Maria para os lugares de Maxi, Nuno Gomes e Makukula
Marcadores: Rui Costa, Makukula e Mantorras. De La Red pelos espanhóis.
E que o resultado não peque por escasso!

terça-feira, março 11, 2008

Exposição

A escassez é, não só o critério de valor mais utilizado, o que significa que uma coisa valerá mais ou menos, não pelas qualidades próprias que possui, mas, pela circunstância acidental de ser ou não abundante, mas também e necessariamente a contrario, mecanismo que extingue o valor do seu antónimo abundante. Tentarei exemplificar.

Muy raro, tio...

Como sinónimo de escasso, raro é, em português, muito utilizado mas toma em espanhol um outro significado, similar é certo, mas mais positivo. O de precioso.
Nesse sentido, temos que há coisas verdadeiramente raras nesta vida às quais nem sempre damos o valor que merecem. Tal costuma suceder apenas quando nos faltam, quando não estão, como sempre esperámos que estivessem, lá. Ou quando se tornam escassas.
Por outro lado, é certo que sendo o que é demais moléstia o que é de menos também não é bom. Pode argumentar-se que a necessidade estimula o engenho mas pode acabar por aparecer uma solução imprevista. Em resumo, a dose faz o veneno, frase lindíssima retirada de uma aula de bioquímica perdida no tempo.
Como o tempo é escasso e o trabalho abunda, de momento não vai dar para mais.

segunda-feira, março 10, 2008

Ser escasso

Há palavras que se usam noutras línguas em sentidos que fazem falta à língua portuguesa. Uma delas é o italiano scarso que, correspondendo também ao português escasso, é muito utilizado para definir a insuficiente capacidade de alguém para desempenhar determinada função.
Muitas vezes me apetece dizer que o Luís Filipe Menezes é escassíssimo como líder da oposição, que a Ministra da Educação é escassa ou que o Ronny enquanto lateral esquerdo do Sporting é notoriamente escasso. Na falta deste sentido, sou obrigado a utilizar substitutos não totalmente satisfatórios, como idiota, desastrado e incapaz. Não respectivamente.

Não tanto escassa como mal distribuída

Disse David Hume que a escassez era a fonte de todos os conflitos. É uma maneira de ver as coisas. Outra pode ser a má distruibuição. Face à crescente inovação tecnológica que permite a exploração de matérias primas cada vez mais distantes ou anteriormente consideradas não rentáveis ou inatingíveis (no limite fora do nosso berlinde azul) e ao aumento do uso de energias renováveis, inesgotáveis por definição, será válido manter esta premissa? Penso que não e que passará antes pela desigualdade na acumulação e controlo de certos bens e serviços, essa sim alimentada por algo aparentemente ilimitado: a ganância humana. Concordo que, para já, vivemos "presos" neste mundo cada vez mais mundinho e que importa ser racional na utilização de alguns recursos como a àgua potável (cuja privatização, da rede pública, adianto, vejo como perigosa e sem retorno), sob pena de assistirmos ao encarecimento dela até se tornar num bem de tal modo caro que o seu uso sem restrições se torne apanágio dos ricos e poderosos e se transforme (como de certa forma já o é na agricultura e indústria) num factor limitante para o desenvolvimento e mesmo para a sobrevivência, à imagem do que vimos em grandes filmes (premonitórios?) como Mad Max ou no fiasco Waterworld.

Escassez e neurose

Os denominadores comuns que encontro na geração a que pertenço são a escassez e, por via dela, a neurose. Houve, em tudo o que passei, sempre a nota de escasso, de recurso a disputar, de limitação. Uma voz a dizer “não há para todos” e violentar os que ficam de fora. Falo das vagas para entrada na universidade, dos elegíveis estágios profissionais, dos empregos, da segurança social, do serviço de saúde, enfim…tudo o que a geração anterior teve em barda, mas que resolveu apresentar à minha como escasso. Por isso, há na geração a que pertenço, uma permanente sensação de risco, de medo de perder do que há pouco. Uma permanente neurose, que resulta da impossibilidade de ter mão na escassez. Mais importantes que a traição que os pais do estado social fizeram aos seus filhos, serão as consequências que essa terá no futuro.

sexta-feira, março 07, 2008

Gostar de pés

Há quem adore. Não eu mas, por exemplo, o Tarantino. E essa fixação do Tarantino traz-nos desgostos, como os feios pés da Uma Thurman, em grande plano no Kill Bill. Os pés dos filmes do Tarantino aqui.

Levar ou dar com os pés

Faz parte. Acontece. Quando uma relação, seja ela de que índole for, corre mal eventualmente é algo que sucede. Sim, é triste. Sim, custa. Mas, tantas vezes, é mesmo a melhor coisa que se pode fazer ainda que não seja fácil ver isso na altura. Para "ambos os dois". Para quem dá com eles porque chegou ao limite, para quem leva com eles porque não faz sentido querer ficar com quem não quer ficar. Do choque nasce a mudança e uma vontade de melhorar, uma oportunidade para crescer, para nos reinventarmos. Às vezes perpetuamos uma relação apenas por comodismo, por inércia, pela manutenção do status quo. É a paz podre só para evitar a convulsão da ruptura. Mas a ruptura pode ser boa e até necessária para avançar, para evoluir.
O mais importante nestas alturas de perda é assumir o sucedido, recuperar a auto-estima, sarar o orgulho ferido e levantar a cabeça, mais que não seja pelo simples motivo de não valer a pena querer quem não nos quer, ficar com a pessoa errada e porque o sentimento tem de ser recíproco (mais a mais, por vezes gostar, mesmo que seja muito, não chega). A quebra dos hábitos e das rotinas é sempre dolorosa mas não é por adiarmos algo que o problema se resolve. E mais vale resolvermos o problema nos nossos termos e calendário do que esperar que ele se resolva por si ou por terceiros.
Claro que falar é fácil mas, por muito que pareça impossível perceber isto no momento em que ocorre a ruptura, o passar do tempo ajuda imenso e há sempre amigos e farras para ocupar o espírito e ajudar no processo. Também é necessário fazer uma auto-avaliação para ver quais os pontos a melhorar, se os houver, quais os erros cometidos, para evitar cometê-los de novo, e avaliar compatibilidades, para não sair outra fava na rifa. Por muito difícil e frio que isto pareça, as feridas saram, a disponibilidade para novo envolvimento emocional ressurge e, com sorte, sem forçar nada, acaba por aparecer outra pessoa. Com muita sorte, a pessoa certa. Aquela com que apetece ficarmos para o resto da vida. Aquela que faz todo o sentido e que dá sentido a tudo.
Eu sinto-me com sorte, com muita sorte mesmo. Isto apesar de ontem, no jogo de futebol das quintas, me terem dado com um pé. Aliás, com mais do que um pé. Vendo bem, deram-me cabo de um pé. Mais precisamente, acho que me partiram um dedo do pé. Hélas. Faz parte...

quinta-feira, março 06, 2008

PES - Pro Evolution Soccer

Ou, como o conheci originalmente, Winning Eleven. Muito, muito bom! Talvez até, nas últimas versões, demasiado bom, demasiado completo, se isto pode ser um defeito, tornando-se menos rápido ou intuitivo o domínio sobre as capacidades do jogo, o que acaba por exigir mais empenho e horas de treino para se poder efectivamente usufruir plenamente desta pérola da programação de simuladores de futebol.
Relembro as horas passadas em frente à televisão (com este e com outros jogos, inclusivamente um certo fim de semana, de sexta a domingo, em que a minha realidade se transferiu para o interior do fabuloso mundo do Final Fantasy IX com grande frustração por, independentemente de apenas ter feito curtas pausas para comer e dormir, não ter sequer terminado o primeiro dos três CDs) a ganhar calos nas mãos e entoando já com um razoável domínio da pronúncia japonesa os cânticos dos adeptos da J-League. Kashima Antlers, Sanfrecce Hiroshima, Urawa Reds...
Ossoiotoiossoiotoio! 出場停止選手のお知らせ!!! Goooooooool!!

Hoje ao norte, 12 ao sul, 13 em todo o lado

The LoveBirds

Corto uma unha do pé. Os sistemas têm o doce desespero da inclusão total. Limo uma unha do pé. Os fechados, mas também os abertos, pois estes têm na definição de fronteira, outra vez o doce desespero da inclusão total. Raspo um calo do pé. O mecanismo de inclusão que mais me comove nos sistemas fechados é o argumento a contrario, pois exige que se postule uma dualidade absoluta entre o que está dentro e o que está fora. Tiro um espigão da mão.

quarta-feira, março 05, 2008

Pés p'rá cova

Os últimos suicídios e acidentes mortais em Portugal fazem-me lembrar o caso JFK, em que as testemunhas-chave tinham o estranho hábito de se suicidarem com tiros na nuca.

terça-feira, março 04, 2008

O glorioso mundo dos PEZ

A elegância tem sempre pés de barro.

Só tem pés de barro o que não é de barro. Se de barro fosse, não se falaria nos pés.

Ter pés de barro, é, na verdade só ter de barro os pés. Por isto, gosto dos de pés de barro. Fortes e frágeis: a derrubável e gentil força.

segunda-feira, março 03, 2008

Dependente e

Inútil é o que me sinto por não conseguir calçar a próprias meias ou atar os próprios atacadores. Ainda que seja temporário e por um breve período, serve de lição aos 31 anos: tudo fazer para chegar aos 131 conseguindo tocar sem dificuldade nas pontas dos pés.

Happy feet

Provavelmente os pés mais habilidosos do mundo, e que serão em breve também os mais bem pagos, os de Cristiano Ronaldo continuam este ano a mostrar que nem só de malabarismo vivem, com a veia goleadora que, aparentemente apenas por decisão sua - do género, ai são golos que querem?, - decidiram mostrar para coleccionar mais um recorde - o de Gerge Best, com 32 golos numa época, juntando a essa uma forte candidatura aos prémios de melhor marcador da Liga Inglesa, Liga dos Campeões e Bota de Ouro Europeia. O que mais será preciso para calar as eternas críticas de vaidade e arrogância, claramente coisa de quem não tem mais nada que lhe apontar na sua área específica de especialização em que se mostra como o melhor do mundo que sempre assumiu, com justas pretensões, que quis ser e tudo tem feito para lá chegar? Será assim tão necessário mascarar o seu brilho com uma falsa modéstia que, diga-se, a ser usada seria, certamente, também alvo de maledicência? Auguro-lhe para este ano, para além dos títulos individuais, a conquista da Premiership e da Champions. E já agora, venha daí o Europeu para verem o que é bom para a tosse. O puto é bom. É muito bom mesmo. É, neste momento, o melhor do mundo - a recente atribuição do imerecido terceiro lugar pela FIFA mais não fez que espicaçar-lhe o orgulho, pelo que agradecemos - e ponto final. Aliás, ponto de exclamação porque ele merece!

sábado, março 01, 2008

Deusa

A eterna questão sobre se Deus existe parece esquecer um pormenor importante: o género!

Porquê esta insistência num Deus masculino e que criou o Homem à sua imagem e a mulher a partir de uma costela deste? Este masculinocentrismo que prespassa toda a civilização ocidental bem que já ia dar uma volta ao bilhar grande... É que bem vistas as coisas, não podemos falar de uma representação plena da Humanidade sem mencionar os dois lados que a compõem, o yin e yang, o masculino e o feminino. Não somos uma sociedade matriarcal mas longe vão os tempos em que à mulher era apenas reservado um papel secundário nesta trama. Entenda-se secundário, mesmo nesses tempos, como apenas aparente porque mesmo (e a maior parte das vezes é mesmo assim) os maiores machistas caem derretidos (ainda que a maioria apenas no retiro escondido do lar) aos pés da eleita do seu coração. E vice-versa (sim, nada de feminismos exacerbados porque isto vale para os dois lados).

Pessoalmente assumo que posso até ter algumas dúvidas teológicas por resolver mas não tenho nenhuma dúvida sobre quem é a minha Αφροδίτη.