Canalha
Sentado no meio das bases, fato aprumado, pose de estado. "Este tipo está acabado. Sem confiança. Que miséria!" As câmaras de televisão estão todas apontadas para ele, que finge ignorá-las. "A tua vez está a chegar. Podias subir àquele palco e conquistá-los com duas ou três frases bonitas. Estão à tua espera." Contorce-se na cadeira enquanto aplaude o fim do discurso do líder. As câmaras sempre fixadas nele. "Mantém-te calmo. Deixa-o cair de podre. Daqui a uns meses apareces como salvador e o poder irá cair-te nas mãos. Não te podes deixar levar pela ansiedade!" Levanta-se e dirige-se ao palco, aclamado pelas massas. Do fundo os miúdos gritam um slogan ridículo. Passa a mão pelo cabelo, ajeita o microfone, finge-se incomodado pelos aplausos, sorri: "Caros amigos, foi com enorme esperança e com o maior orgulho que ouvi o discurso do nosso Presidente. Nele confio, com ele vou até ao fim do mundo! Sei que é ele o homem certo para levar o nosso país rumo ao futuro!!!"
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