quarta-feira, junho 16, 2004

Portugal - Rússia: a entrevista

Portugal joga com a Rússia e quase todos já falaram. O presidente, os jogadores, os adeptos. A gabardina tem o prazer de apresentar aos seus leitores a entrevista que faltava. Fomos ao estádio da luz e falamos com uma folhinha de relva que está dois dedos a seguir à linha branca que marca o meio do campo.
- Obrigado por nos receber, como é que se sente para o jogo de logo à tarde?
- Estou bem, obrigada, ontem sai com umas amigas lá do fundo, fui às docas e deitei-me tarde.
- Tarde e sozinha! diz uma folha de relva mais perto do meio do campo.
- Tens é inveja, sua porca, badalhoca...
- senhoras, senhoras, isto não são as eleições... Então quer dizer que para logo à tarde não vai estar a cem por cento?
- vou, claro, só uma pergunta, isto é para a televisão?
- Não, esta entrevista é para uma página de um blog na Internet. Gabardina.
- Mas os jogadores vão ler a entrevista?
- Podem ler, mas acho é pouco provável.
- Bem, fica o aviso... para ganhar à Rússia é necessário duas coisas?
E neste momento crucial da entrevista um senhor policia puxou o repórter e deteve-o.
As roupas escuras que envergava, a mochila preta que tinha, as botas da tropa que usava e um Corão que tinha comprado em segunda mão na livraria barata, não ajudaram muito a que os policias acreditassem que o nosso repórter estava somente a entrevistar uma folhinha de relva. Detido, humilhado e ofendido o nosso repórter está no Linhó, à guarda dos GOE à espera da transferência para a base de Guantanamo. Em breve circulará uma petição para o libertar.

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