Pão ou circo?
Coimbra ofereceu aos seus cidadãos, em honra do euro e da Rainha Santa Isabel, grandiosos espectáculos de fogo de artifício. O povo juntou-se à noite ao pé do rio para os ver. Os jornais mostraram as fotografias. O fogo parece ter sido um sucesso.
Mas há uma pergunta que me inquieta. Deve um país que não tem dinheiro para aumentar os salários dos funcionários públicos, um país que não tem dinheiro para fazer subir o salário mínimo de um nível miserável, um país que não tem dinheiro para prevenir incêndios, um país que anualmente vende património para controlar o deficit, oferecer grandes espectáculos de animação às suas populações?
Como se explica que um país que não tem dinheiro para nada gaste (queime, em bom rigor) largas dezenas de milhares de contos num investimento só reprodutivo para a empresa que faz o fogo? Será para dizer "Tomem lá uma coisa bonita! Vocês têm passado momentos tão maus que merecem..." Parece-me demasiado triste...
Em tempos de crise as autoridades públicas têm que estabelecer prioridades. Quem quer festa que a pague, pois as prioridades devem ser as que permitam que todos neste país tenham uma vida digna. Só quando isso estiver garantido devem os dinheiros públicos ser aplicados em festas...
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