terça-feira, julho 06, 2004

Dias cinzentos

POBRE DE MIM


Ando como um marciano, como um doente
Como um vilão pelas ruas de Roma
Vejo pessoas e cães a passar
E soldados com uma sirene
E sinto, na alma, pena
Tenho vontade de esbofetear
Tenho vontade de mudar de apelido
Ando desde sempre sobre pedaços de vidro
E nunca percebi como
Mas diz-me onde está a tua mão
Diz-me onde está o teu coração

Pobre de mim, pobre de mim, pobre de mim
Não tenho sequer um amigo qualquer
Para tomar um café
Pobre de mim, pobre de mim, pobre de mim
Vê que chuva de água e de folhas
Vê como este Outono é
Pobre de mim, pobre de mim, pobre de mim
Olho em volta e estão todos acima de mim
Pobre de mim, pobre de mim, pobre de mim
Vê que chuva de água e de folhas
Que pobre dia este é

Ando como um dissidente, um descarrilado, um desertor
Sem ter sequer um chapéu ou um guarda-chuva para abrir
Com o cérebro algemado
E digo coisas já ditas
E vejo coisas já vistas
Acho os simpáticos antipáticos
E os cómicos põem-me triste

Tenho medo do silêncio
Mas não suporto o rumor
Diz-me onde está a tua voz
Diz-me onde está o teu amor

Pobre de mim, pobre de mim, pobre de mim.

Povero me (de Gregori e Locasciulli)- Tradução Gabardinesca

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