Filhos de senhoras pouco sérias
O vereador da Câmara Municipal chega, não interessa onde, sentado ao lado do seu motorista. A assessora sai do banco de trás e fica, pasta na mão, à espera. O motorista sai do Volvo, grande, cinzento, reluzente e caro, e dirige-se à porta do senhor vereador. O vereador ainda não acabou de ler o jornal. Por isso, o motorista deixa o carro no meio da rua, a atrapalhar o trânsito, e espera, mãos atrás das costas, ao pé da porta do senhor vereador. Após dois minutos a virar páginas do pasquim regional, o senhor vereador fecha o jornal, dobra-o, poisa-o em cima do tablier, ajeita a gravata e, com ar enfadado, olha através do vidro para o seu motorista. Este, percebendo a ordem, estica o braço e abre a porta, deixando sair o senhor vereador que - súbito sorriso nos lábios - faz um cumprimento jovial a quem há dois minutos o esperava e o via ler o jornal.
Podem não acreditar, mas isto aconteceu, há poucos minutos, numa das principais cidades portuguesas.
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