sexta-feira, julho 09, 2004

Como dissolver a Assembleia da Republica.



Primeiro, coloca-se o precipitado do poder do povo, os deputados, num almofariz médio. Este precipitado, 230 cristais, devem ser separados individualmente com os dedos. A operação deve ser executada com tempo, ponderação e sem recurso a instrumentos metálicos ou abrasivos. Não usar químicos. O processo tem de ser mecânico. Com a base do almofariz assim cheia, deve o aprendiz de feiticeiro, procurar no seu laboratório um pilão de cerâmica. Reduza os cristais a pó, esmagando-os com veemência e convicção politica ou outra.

De seguida, o pó deve ser peneirado numa rede com 2 milímetros. O objectivo é retirar as impurezas que o tempo introduziu nos cristais. Só depois se procederá à dissolução. Para isto uma garrafa de água do luso destilada à temperatura ambiente serve muito bem. O pó é vertido, no recipiente com a água e depois com a ajuda de uma vareta mexido vigorosamente.

No final, a água volta à "corrente do rio que todos dizem que vai forte, mas que ninguém pergunta quem são as margens que a modelam".

Nota: As quantidades ficam a gosto do leitor, porque a essência, caro "leitor desocupado" é sempre o processo. O substantivo é sempre o adjectivo.

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