domingo, abril 13, 2008

O vermelho e o negro

Escreveu Stendhal este romance a pensar na crítica à sociedade francesa do período da Restauração, particularmente sobre a frustração dos objectivos racionalmente traçados pelos excessos das paixões mas facilmente se consegue um paralelo com o jogo do Benfica contra a Briosa. Nado e criado em terras da lusa atenas, adianto desde já que, se era para perder, que tenha sido para a Académica que bem precisa daqueles pontos para a justa manutenção na primeira divisão. Adiante. A analogia com a obra do título prossegue na observação dos adeptos encarnados e desta direcção do LFV com evidentes reflexos na prestação da equipa:
- Estes jogadores não são assim tão maus como os pintam e exemplos de vassouradas indescriminadas para mostrar serviço estão cheias de reviravoltas de sucesso de acabados na luz a vingarem com outros emblemas ao peito;
- O clube tem, de facto, condições físicas, materiais e humanas para ter sucesso, com um estádio novo e um centro de estágios moderno;
- Ultrapassado um passado recente de descalabro a todos os níveis, o que se agradece aos actuais gestores, começa a ser patente a sua inépcia para mais do que isto;
- A paixão em demasia cega e chega de envocá-la para sanar o insanável.
Há problemas estruturais bem complicados por resolver, ainda que acredite nos méritos do Rui Costa, dadas as condições próprias de tempo e autonomia, para formar uma equipa técnica profissional e capaz de atingir o almejado sucesso continuado e regular, sem ceder à pressão de mais uma "limpeza étnica" só para encher o olho do adepto insatisfeito com bodes expiatórios e caras novas sobre as quais ninguém pode falar por desconhecimento mas que cedo verão os dedos acusatórios apontados, terminado o estado de graça e sem tempo para provarem os seus méritos (vide Lisandro, Tarik, Miguel Veloso, etc). A formação tem de ser posta a render de uma forma regular à imagem do rival da segunda circular. O balneário blindado e posto imune às habituais encomendas jornalísticas provocatórias à imagem do rival do norte. As fugas de informação seladas assim como a boca do presidente que tem de aprender a conter-se de modo a não personificar a falta de nível que censura aos outros quando as coisas não lhe correm a contento. O equilíbrio financeiro assegurado, já que se trata do único clube em Portugal que tem o potencial de gerar receitas suficientes para se manter estável independentemente (dentro de limites razoáveis, até porque as vitórias nunca fizeram mal a ninguém) dos resultados desportivos. Por último, mas não menos importante, o culto de vitória e dignidade de outros tempos tem de ser recuperado a bem do prestígio de uma instituição de nível mundial.
Aproveite-se o bom e repare-se o mal. Olho nos bons exemplos e no espelho para não cometer os erros que apontamos aos outros. Apoio incondicional à equipa, principalmente nos momentos difíceis, mas mantendo um sentido crítico para não deixar que se instale um comodismo injustificado ou uma inércia e apatia que nos retirem o brio e a vontade de vencer tudo.
SLB SLB SLB!

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