sexta-feira, abril 11, 2008

Ler nas entrelinhas

Nem tudo é o que parece e, sem contexto apropriado ou conhecimento de causa, é fácil cair em perigosos erros de interpretação, para mais quando falamos de textos ou frases isoladas. A blogosfera está cheia destes casos em que o tom de voz é substituído por smiles, reticências e pontos de exclamação (cuja introdução nos hábitos de escrita é estranhamente viciante e, ao removê-los, deixam a frase fria e despida de emoção) sem que, contudo, toda a informação que se pretendia comunicar chegue ou possa chegar correctamente ao seu destinatário. Acrescente-se a isto factores como o de não conhecer pessoalmente o autor, o seu sentido de humor ou de ironia, deste pretender deliberadamente ser vago, mal compreendido, induzir alguém em erro ou estar num dia mau. Ou ainda de pura e simplesmente não ter conseguido, por inépcia, falta de léxico ou momentânea perda da necessária verve, expressar-se da melhor forma.
Noutra escala, ainda assim com maior (diferente) capacidade de transmissão de informação, um telefonema pode padecer do mesmo mal. Ainda que possua a vantagem do som e do tom, perde-a no imediatismo da formulação da frase, na distorção por interferências de algumas palavras chave e ao não permitir (salvo 3G ou Skype e mesmo assim...) a visualização da expressão do interlocutor, capaz de veicular muito mais do que as palavras ditas ou escritas.
Seja como for, tudo isto faz parte do gozo de escrever (e ler), do jogo das insinuações e interpretações, dos innuendos e segundos sentidos que geram valor acrescentado e compõem um estilo próprio. A produção de textos tem, quase sempre, uma motivação muito própria e, regra geral, quanto mais pessoal for o tema, mais difícil se torna a sua interpretação, principalmente para aqueles que optam, redactores e leitores, por uma abordagem desprovida de sentido crítico, de proporções ou sensibilidade.
Enfim, siga a novela. Os leitores aguardam ansiosos...

2 comentários:

IM disse...

(eu cá continuo a ter alguma dificuldade em lidar com...digamos...pois...esta cor!!)
Ok. Estamos de acordo. Mas quem escreve bem, ou melhor, quem escreve com facilidade, quem se expressa com destreza, acaba por passar muito de si...a pontuação...o tom da escrita...as expressões usadas...há perigos decorrentes da interpretação, claro...mais ainda aqui...pois...mas há coisas que se podem conhecer aqui e que não seriam possíveis fora deste contexto...
A verdade é que lemos o que "queremos" ler com o que "podemos" ler e...et voilá...há muito misunderstanding por ai...mas também há muito tiro certeiro e...
pronto...já chega de conversa da treta...
:-)
(olha! Um smile!!!eheheheh)

Catarse disse...

sim, entre vermos o que queremos ver ou sermos mal interpretados ou ainda intecionalmente dúbios vai um passinho que leva rapidamente à confusão e aos mal-entendidos... mas às vezes dá cá um gozo!!! ;)))