A grande final
Não tenho muitas saudades dos 80s. A minha década melhor foram os 90s. Dos 80s recordo, antes de mais, três pátios, em escadinha, que estiveram vinte anos escondidos atrás de um prédio e recentemente voltei a ver de uma janela amiga. Três pátios onde joguei muitos milhares de futeboladas. Com bolas de futebol, com pacotes castanhos de leite "achocolatado", com bolas de ténis e até sem bola. Naqueles pátios eu era o Paolo Rossi e o meu melhor amigo o Maradona. Ele fintava tudo e todos e eu metia-a lá dentro. Os tipos da turma B eram como a selecção alemã: mais fortes e implacáveis, embora menos talentosos. Parece-me que toda a escola primária serviu apenas de preparação para aquele grande jogo final, no último dia da primária: turma A contra turma B. O tira-teimas. Tínhamos o Xana (encontrei-o há dias no Continente, com dois filhos pela mão) na baliza, o Pedro Neto e o João Miguel na defesa, o Paulo e o David no meio, o Rossi e o Diego na frente. A Professora arbitrou de uma janela alta e a bola era autografada pelo Paolo Rossi (não eu, o outro). Chegámos ao intervalo a vencer por um (que grande remate de meio-campo), mas fomos ainda a tempo de ser esmagados pela fúria germânica na segunda parte. Acabou 4-1. O Maradona saiu antes do fim do jogo, desolado com a exibição pouco inspirada e foi directamente para casa. Não me lembro se voltou ao colégio nesse dia. Só o voltei a encontrar nos 90s, ainda a tempo de discutir o jogo. Se os alemães nos tivessem autorizado a utilizar a Sandra, terceiro melhor jogador da turma, tudo teria sido diferente.
8 comentários:
Claramente a turma A teve um problema táctico de ocupação de espaços contra uma equipa fisicamente mais capaz no um contra um. Garantida a vantagem, deviam ter recuado um dos pontas-de-lança para o meio campo para favorecer a posse de bola e retirar espaço e iniciativa ao adversário. Depois era só circular a bola longe da baliza, bascular a equipa de flanco a flanco para desequilibrar as marcações e, cinicamente, explorar o espaço nas costas da defesa contrária em rápidos contra-ataques apoiados no pivot atacante que receberia a bola de costas para a baliza até chegarem os centro-campistas. Espalhar a magia! Sobre a não inscrição da Sandra não me posso pronunciar uma vez que se trata, claramente, de um assunto do foro da direcção.
"A minha década melhor foram os 90s"...sem dúvida...
:-)...ainda dividia a década em duas partes...
:-)
A primeira metade foi assim tão má? ;)
Não! Não! Exactamente ao contrário...a 1ª metade foi muito, muito especial...
;-)
Viajei no tempo a ler este post e revi-me perfeitamente no que nele foi escrito.
Há muita coisa familiar nele, inclusivamente um nome...
Havia, de facto, um Toni na equipa da 4.ª B.
Fizeste a primária no S. José?
Artur,
aquilo em que me revejo no post, são os pátios em escadinha, as horas e horas de futeboladas, os pacotes de leite "achocolatado", tudo isso, até as rivalidades entre equipas da escola primária. Há muita coisa em comum com aquilo que foram os meus anos 80, e o post fez-me soltar um sorriso meio nostálgico da minha infância feliz.
Fiz a primária nas anexas, onde é a ESEC e sou contemporâneo do Catarse. Quanto aos nomes que falas, nenhum deles me é familiar, à excepção de um, o meu.
É que Toni é so um nick...
Ah... Bolas...
E eu que estava pronto para propor a desforra... ;)
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