terça-feira, abril 22, 2008

A minha geração não tem tesão: tem medo. Medo, medinho, tanto medo que cria bicho. E é por ter medo, que precisa da segurança que a memória dos anos 80 lhe trás. Falo das Stan Smith, do Cid, do Verão Azul e de tudo o resto. Medo que a instabilidade no trabalho ou que a incapacidade em acreditar no amor, na política ou na religião, gerou como monstro dentro de cada um. Por isto, sinto o aparecimento dos anos 80 como expressão de profunda decadência e tristeza: última bóia de salvação para uma geração que deixou de acreditar. Mais que um património comum de partilha. Porque se fosse património, era coisa do presente com pulsão de futuro, de mudança, e de acreditar. Mas como é só um sorriso inócuo, um pacificador das angústias e de incertezas, não pode ser património. Ouçamos 1970 (Retrato) de Jp Simões

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