terça-feira, fevereiro 05, 2008

X-Leader!

Liderança. A palavra ainda mete medo, gera angústias e dúvidas nesta nossa neo-democracia de apenas 30 e poucos anos (e, ao mesmo tempo, já tão envelhecida, gasta e sem chama) mas tanto que precisamos dela. Necessitamos de um líder, de alguém cujo pulso firme não se converta num punho (pelo menos sem razão), de alguém cuja voz instile confiança e nos inspire mas não nos minta ou engane, de alguém que faça mas não só por fazer, que saiba o que quer e partilhe o que sabe, que almeje as estrelas e nos conduza até lá. É da natureza humana, particularmente das massas, ser liderado, procurar um exemplo, em suma: seguir! Lamentavelmente, essa necessidade expõe-nos a abusos de charlatães bem falantes que nos induzem em erro com falinhas mansas e promessas vãs, como qualquer transmissão em directo de um também qualquer hemiciclo parlamentar nos fará o favor de prover com os necessários e pictóricos exemplos.




Para além de tudo o resto, e sem entrar numa espiral de teorias redundantes da conspiração, anos de guerras televisionadas, notícias pré-digeridas pelos mass media (artigos recentes apontam para uma grande maioria de notícias escritas por acessorias de imprensa com a consequente perda de isenção, validação ou investigação jornalística independente) com clara intenção de manipulação da opinião pública, escândalo económico após escândalo político que nos saturaram a capacidade de indignação e mobilização, sistemas eleitorais e democráticos cada vez mais fechados sobre si mesmos e cheios de políticos profissionais (também conhecidos como zeros à esquerda que lambem botas e rabos até à sua incompetência gritante lhes ser reconhecida e tão notória que são despedidos para cima) oriundos dos chamados aparelhos da política partidária, pressões de lobbies cada vez maiores e com agendas cada vez menos claras, o neo-contra-terrorismo institucional da política do medo (doenças, terrorismo, fanatismo, fome, desemprego, drogas, crise ambiental...), controlo da informação pela massificação (advento WWW) e desinformação pela veemência da mentira (vulgo cara de pau), crises económicas e de desemprego levaram a um afastamento das bases votantes cada vez menos interessadas em participar seja lá no que for (pelos motivos certos ou de um modo informado). Ouvem-se expressões hediondas como "Está bem, ele rouba mas ao menos este faz alguma coisa por nós" ou "Quero lá saber disso. Não posso fazer nada. De que vale a pena chatear-me?" que só podem ser produto do tal povo sereno que prefiro apelidar de camelo ou carneiro, já que ninguém se importa ou se sente visado.





Toda esta podridão tranquila, esta nonchalance despreocupada enquanto o abismo caminha para nós (sim, já nem sequer nos damos ao trabalho de ir até lá e, qual Maomé indolente, esperamos a todo o momento que a montanha venha a nós) afecta, directa ou indirectamente, todos os sectores da sociedade, prespassa transversalmente classes, regiões, religiões, crenças, estratos e ideologias de um lado ao outro do espectro. Fundimos tudo, abolimos as diferenças enriquecedoras num marasmo cinzento e homogéneo e qualquer batata ou cenoura armada ao pingarelho que, qual mosca indesejada, na sopa nos caia, é prontamente reduzida a um puré de digestão fácil para os estômagos delicados dos papalvos (sim, continuarei a onda dos insultos para ver se ainda há por aí filhos de boa gente). Já uma vez o disse e repito: qualquer pessoa minimamente familiarizada com o processo produtivo sabe que a normalização facilita o processamento. E o fruto mais apetecido para a actual classe dirigente (perdoem-me o mau uso da palavra pois ela implica capacidades mas...) que temos somos nós. Como cada um tem aquilo que merece e só se mete nas merdas quem quer, aceitemos placidamente o que nos calhar na rifa, pois pouco ou nada temos feito para contrariar o statu quo.





Em jeito de conclusão, e para ir directo ao assunto: precisamos de um Líder, com tudo o que a palavra implica. Para ontem já era tarde. E desenganem-se os que defendem a revolução tranquila. Já passámos esse ponto... Falta sangue na guelra e, se tivermos mesmo de chegar a isso, nas mãos e no chão! Falta a força das convicções e a convicção de usar a força, alicerçada nos conceitos de justiça, inteligência e racionalidade para o bem maior, numa fase conturbada e de transição para um sistema mais evoluído e purgado dos actuais males! Bem sei que isto é uma encosta escorregadia e perigosa, ainda para mais muito semelhante a tantas histórias negras do passado da Humanidade, mas só as palas que nos meteram nos olhos nos fazem acreditar que está tudo bem ou que ainda há outra volta a dar a isto. Tudo é cíclico e este está a fechar-se!




Bom, para aqueles que possam estar a pensar de onde veio isto assim sem aviso, tudo começou com ontem numa conversa de almoço, com uma tortilha à frente. Minutos antes discutíamos batatas fritas. É assim, meus amigos!, a revolução não escolhe hora nem... ementa!? Já me imagino de garfo, perdão, forquilha e archote na mão a liderar uma turba de revoltosos (angry mob elevada à potência) rumo ao Parlamento exigindo cabeças rolantes. A figura legal de incitamento ao motim fascina-me desde os tempos em que o saudoso jogador "El Toro" Acuna foi condenado pela FIFA numa decisão ímpar por, sozinho e sem ajuda, provocar o completo pandemónio no relvado e nas bancadas de um estádio em Espanha. Lindo!

3 comentários:

Anónimo disse...

Então conta-nos catarse. Conta-nos o que tu tens feito pela revolução. Conta-nos o que é que tens feito para não te aconchegar no conforto do colinho da serpente que tão bem descreveste.

Sam.C.

Catarse disse...

Sam C, rapper de M, aqui que ninguém nos ouve neste blog subversivo, a campanha insidiosa que visa o derrube do actual regime pseudo-democrático já começou. Conforme conversa conspirativa em certo almoço, incitei, perdão, sugeri já o assassinato, perdão, assacidente daqueles indivíduos corruptos que grassam na classe política e dirigente nacional a título de exemplo. De seguida, entre a tua música revolucionária, destinada a inflamar os ânimos da juventude, e uns textos por mim habilidosamente urdidos para conquistar o voto dos insatisfeitos com o actual estado das coisas, conseguiremos consolidar o braço político deste movimento (vendo o sucesso dos nossos testes com as candidaturas independentes do género Alegre e Barak, há receptividade suficiente). O braço forte (não da lei, como o Cobra do Sly Stallone) e armado está a ser recrutado na Amadora.

Como vês, Sam C, as coisas ganham momentum!

Long Live The Revolution!!

Catarse disse...

P.S. ou melhor Post Scriptum para evitar mal entendidos -Comunicaremos de novo dentro de 12 horas, conforme o plano.