quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Sou o moço de recados da Secretaria-Geral da Grande Torre dos Dias e, essencialmente, subo e desço, com requerimentos assinados e por assinar, as escadarias da torre, que gere desde o início dos tempos as acções humanas. O livre arbítrio não nunca existiu e, todos os actos, de todos os dias desde sempre, foram requeridos, analisados, ponderados, autorizados e transportados por mim algures neste edifício. Diria que conheço bem esta casa. A máquina burocrática: sonho de todos os burocratas, que muito antes de eu estar aqui escrever, o autorizou e me notificou, através da minha vontade de o fazer. Assim, a vontade, ou o que interpretamos como acaso, é o despacho de deferimento desta Secretaria-geral. Secretaria-geral que recebeu há poucos dias um requerimento especial. Os requerentes, grupo, que, razões de ética de mandarete, me impedem de identificar, pedem a substituição do Domingo por uma Quarta-Feira. A semana teria assim uma Quarta a seguir à Terça e outra a seguir ao Sábado. Já tenho o despacho na mão e vou entregá-lo nos serviços centrais. Paro e abro o envelope. Leio. Traduzo a linguagem burocrática. O requerido foi indeferido, porém a secretaria-geral, por dever de ofício, decidiu substituir o Domingo por uma Quinta-Feira e a Segunda-Feira por um Sábado. A mim, sinceramente não me convém…e como há muito tempo ando nestes corredores, sei que preciso de fazer algo para defender o Domingo.

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