quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Deus - Existe, não existe, joga aos dados, não joga aos dados... afinal cuméquié?!

Dúvidas, dúvidas, dúvidas. Pela própria definição de fé, neste assunto não é necessária a existência de prova mas, como todos temos um São Tomé dentro de nós, precisamos de ver para crer. A facilidade com que dogmaticamente aceitamos uma qualquer teoria, imaterial e incompreensível, sobre um qualquer campo da física teórica que apenas uma boa meia dúzia de pessoas na terra domina verdadeiramente e, ao mesmo tempo, recusamos a ideia de um ser superior a nós, seja ele (ou eles) de que tipo for é, no mínimo, curiosa. Egocêntrica, limitada de imaginação, arrogante e narcisista também me surgem no espírito.

Que as noções básicas de bondade, caridade, paz e compreensão são transversais a todas as grandes religiões é um dado adquirido e cujos benefícios civilizacionais são óbvios. Que as instituições que (tentativa e arrogantemente) se intitulam gestoras destas (e doutras) doutrinas e teologias tenham caído em descrédito, decadentes e corruptas, também (Igreja Católica incluída mas não exclusiva, bastando ver alguns ensinamentos praticados no Médio Oriente sobre violência e direitos da mulher) e cujos malefícios civilizacionais são, nesta altura, igualmente óbvios. Confundir os dois conceitos é um erro primário.

Para mim, pessoalmente, dada a diversidade, complexidade e improbabilidade de fenómenos naturais, a própria existência da vida, bem como toda a noção de acção e consequência, bem e mal, crime e castigo, objectivos e propósitos, sede de conhecimento e imaginação criativa com livre arbítrio à mistura, é-me relativamente pacífico aceitar uma superior ordem das coisas que nos escape. Se tal é corporizável (metafisicamente) num só ser superior ou divino já é outra história e cai no domínio da pura fé, pessoal e intransmissível, que não necessita de explicação ou fundamentação.

Não acredito num Deus que necessite do fausto de um espaço de culto como o de uma Igreja em detrimento de alimentos ou vacinas. Não acredito na necessidade (muito menos na obrigatoriedade) do ritual para celebrar a arbitrariedade de comportamentos (públicas virtudes e vícios privados) de quem lá vai ao Domingo para a lavagem semanal da alma, podre até ao âmago. Não acredito em frases claramente manipuladoras e chantagistas como "Quanto mais me celebrares, mais te favorecerei" como li numa publicação beata. Não me rendo à noção da presciência divina nem me submeto ao jugo da sua inércia.

Do mesmo modo, não acredito na versão ópio do povo quando aplicada apenas ao conceito de Deus. O conforto da ideia, civilizacional ou não, é, na minha opinião, intrínseco à natureza humana mesmo para aqueles que se imaginam o pico da evolução universal ou se sentem sozinhos, na definição astronómica do termo sem, contudo, conduzir necessariamente ao adormecimento dos cordeiros (interessante escolha de palavras) de Deus pela ignorância pura do culto proselitista e da obediência cega das massas. Ou como disse o grande pastor do Discordianismo: "If organized religion is the opium of the masses, then disorganized religion is the marijuana of the lunatic fringe. – Kerry Thornley, The introduction to the Principia Discordia 5th Ed.", pelo que prefiro enquadrar-me na segunda mole de seres sencientes.

Uma vez que não tenho quaisquer pretensões evangelizadoras sobre o tema, nem mesmo uma noção exacta daquilo em que acredito, provavelmente uma mescla de várias crenças e visões do mundo temperadas a gosto pela minha imaginação, estado de espírito e fase da vida, aceito obviamente que se discorde de tudo o que escrevi mas não consigo ver com bons olhos noções de verdade absoluta sobre o tema. Acabo sempre por imaginar a gargalhada satânica que recepcionará os incrédulos agnósticos e ateus sobreposta à surpresa inexistente dos devotos crentes votados a um limbo igualmente inexistente, sem propósito algum.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olha lá que Deus ainda te castiga...

Anónimo disse...

Eu sei tudo, Eu vejo tudo, Eu posso tudo!

Pensas que o furo que tiveste ontem foi fruto do acaso? AH! Não existe acaso. Só existo Eu!!

Agora tenham juizinho e vejam lá o que escrevem sobre mim! Fui... ou melhor, dada a minha omnipresença não só fui como ainda estou.

D.