Anos 80
Anos 80. Essa década incrivelmente espalhafatosa, misto explosivo de kitsch, yuppies, conservadorismo, pop, baby boomers, queda do modelo comunista, início da era da informação e Michael Jackson, Europe, Madonna e INXS, e que em Portugal foi potenciada pela recente mudança de regime. Os seus ícones abrangeram marcas e objectos tão distintos como a Apple, a IBM, o cubo mágico, a MTV e o teledisco, Ray-Ban, Maradona, entre tantos outros. Vivi-a dos 4 aos 14 pelo que as memórias são as mais antigas, aquelas que nos servem de base, ainda que difusas e já desbotadas pelo tempo. Hoje estão na moda outra vez seguindo a regra dos 30 anos para estes ciclos pelo que tudo o que desse tempo data é agora alvo de um coleccionismo compulsivo. Será que vamos ter uma 2a Dama de Ferro, desta feita nos USA? A guerra fria passou agora das salas de guerra para os mercados e bolsas e adivinham-se outros paralelismos conservadores com este crescente ímpeto regulador e uniformizador. Olhando em redor vemos o novo Mini, Beetle e Fiat 500, o renascimento dos óculos à atirador, uma moda ostensiva e exuberante, o rap em grande agora sob o disfarce de Hip-Hop, entre tantos outros exemplos de um saudosismo estranho e marcante que nos assola e que não vejo (ainda?) ter paralelo na geração que se segue. Sinal dos tempos e da idade? Talvez. Insatisfação de quem não tem tudo o que queria e teima em ficar preso entre o mundo dos nossos pais e as possibilidades infindáveis que adivinhámos mas não fomos capazes de desbravar até ao fim por medo ou comodismo? Parece-me que sim. Pelo menos para alguns de nós.
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