quarta-feira, julho 18, 2007

Urso

Por razões completamente alheias à minha vontade e que, de momento, permanecerão perfeitamente obscuras para a quase totalidade da população mundial, eu queria mesmo muito ser um urso. Não um urso qualquer, pois de pronto me poderia ser apontada a possibilidade de já o ser, o que até poderá nem deixar de corresponder à verdade, mas enfim, há coisas que têm mesmo muita força e, portanto, nada disso interessa agora, mas um urso específico.

Pelas mesmas alheias e obscuras (e, no entanto, poderosíssimas) motivações do ponto anterior, e em alternativa, também queria muito que esse determinado urso anunciasse a sua chegada à recepção aqui da empresa, desencadeando uma sucessão inexorável de eventos que inapelavelmente conduziriam, não ao fim do mundo, como poderia à partida parecer, mas à concretização de uma mera possibilidade num destino mais que perfeito.

Caso não seja de todo possível cumprir nenhum dos dois anteriores pontos, também servia bem os tais interesses absolutamente nebulosos e de uma opacidade acima da média (mesmo quando comparados a um dia bom de smog londrino) para essa imensa maioria de seres humanos, uma simples e básica troca de localizações espaço-dimensiono-temporais entre mim e o supracitado urso.

Como nada disto depende de mim, dada a crueldade do destino que me privou há uns tempos do dom do transmorfismo que me permitiria mudar de forma a contento, também porque a chegada do urso ocorrerá na devida altura (pelo menos assim o espero) e apenas por sua livre e espontânea vontade (vá-se lá entender os caprichos dessas criaturas) e porque os meus talentos de teletransporte estão um tudo nada enferrujados e materializar-me-ia quase de certeza dentro de uma barrica de anchovas, o que, adiante-se, em nada ajudaria aos meus propósitos, vou ali beber um cafézinho.

12 comentários:

IM disse...

Carago (como se diz por aqui!),pareces o Louçã a falar!!!! ahahahaha...este post está cheio de sentidos entranhados de não-ditos, de reticências e de sugestões...merece-me uma leitura desconstutiva a fazer a bom termo (eu sei, eu sei, o "meu" Derrida já está a fazer tijolo, mas eu continuo tão fã como antes!)...
Um urso...ora aí está. Um urso é um animal com tantas e diversas conotações: desde a mais negativa (que a bem te apressaste a rectificar no início) à mais positiva, ou seja, o animal, terno, fofinho, quentinho, que aquece os braços das crinaçs quando são pequeninas! Lembrei-me logo (aqui vai toda a minha infantilidade, por detrás e para além dos meus 30+x anos...)do meu Pimpas...quem é o Pimpas? Um ursinho cor-de-rosa e branco que guardo religiosamente na casa dos meus pais e que recebi de presente quando tinha 4 aninhos...o Pimpas foi a minha companhia durante muitos anos...e lá está ele, com seu nariz artesanamente cosido (depois de o meu querido mano o ter dado ao nosso pastor alemão, o Kaiser, para o estraçalhar...)pela minha mãe que tudo fez para estancar as lágrimas que me corriam pela cara abaixo quando dei com o meu Pimpas sem nariz...
Portanto, esta conversa de chacha toda é para dizer que o urso é um animal enigmático e eu tenho muita simpatia pelos ursos!! Espero que tenhas o nariz no sítio...ehehehehe...é que outro dia quase que ficavas sem uma das patinhas!!!!!! eheheehheehhe

Quanto ao teletransporte, tens razão...cuidado com as materializações...já pensaste se ias parar dentro de um talo de bróculos???? Sentes os dentes do Mikas....arghhhh...ahahahahahhahaha....
-Mikas!! Mikas!!! Já aqui!!! Junto! Junto! Larga!! Larga o talo dos bróculos!!! É o catarse! Mikas! Mikas!
(too late..Catarse already gone...gluupppp...)

Catarse disse...

o nariz sim, a patinha também, já o juízo foi-se... mas também não era assim tanto...

espero não cair em nenhuma das clássicas armadilhas para ursos nesta floresta de bróculos em que me vi subitamente envolvido...

catarse, o urso, espera que os acontecimentos futuros corram a contento, até porque um urso contente tem muito mais piada e já se sabe que se o urso se constipa não há circo para ninguém...

IM disse...

...sim, um urso furioso não é uma coisa bonita de se ver...ehehehehe...(floresta de bróculos?!? )

Catarse disse...

os ursos vivem nas florestas... já eu vivo no meio de bróculos... catarse urso => floresta de bróculos

e ainda a propósito de leituras desconstrutivas esta vai ser um pouco complicada mas aguardo a tentativa... ;)

IM disse...

(pois, eu percebi a floresta de bróculos e o catarse urso, só achei piada à expressão "floresta de bróculos"!!!)

(vou tentar desconstruir este intricado post onde um urso aparece de forma inesperada...embora hoje não esteja boa para desconstruções...ehehehe...aliás, hoje não estou boa para nada...só sai disparate, non-sense....mas pronto, há bons pontos de partida para a desconstrução: as metáforas da floresta, o urso, a armadilha...
Comecemos...
a)uma floresta é um espaço muito vasto, com uma enorme variedade de fauna e flora, difícil de desbravar, selvagem, arriscado, mas ao mesmo tempo desafiante, novo, inesperado. Numa floresta cada um tem de sobreviver com o que há à disposição; os predadores são muitos, o alimento variado, mas sempre arriscado de conseguir; é um lugar onde existem imensos ruídos e não há caminhos traçados; cada troço que se avança é quase igual ao anterior; uma floresta é cheia de surpresas e armadilhas.
b) um urso: animal que por definição é selvagem e só vive verdadeiramente numa floresta; nessa floresta tem uma posição de destaque e é um animal remido por muitos torna-se agressivo quando ameaçado ou quando tem fome e o seu ar aparentemente doce e pacato, contrata com a sua ferocidade e com a sua força; é um animal extremamente dedicado às crias e aos outros familiares, muito protector e possessivo.
c) a armadilha: aquilo que só existe para caçar algo que se aprecia ou se precisa; a armadilha mantém em cativeiro, prende, agarra e pode matar das mais diversas formas; mas a s armadilhas representam o lado desafiante do risco, do novo, do ir em frente.
d) os bróculos: os sarilhos onde já se está metido ate´ao nariz...uma floresta de bróculos é o pior sítio possível para um urso...na floresta de bróculos habitam os sonhos...os impossíveis...está cheia de armadilhas. Falta saber se a adrenalina compensa o risco.

...ora bem: a floresta representa a forma como Catarse vê a vida e o urso representa a personalidade de Catarse (plena de contradições e incpmpletudes...); a armadilha é o que dá sentido e o que Catarse procura no sentido em que sabe que perto da armadilha está o alimento (como urso atento, fará tudo para dela se desviar, mas ao mesmo tempo sabia-lhe bem a vertigem da queda num buraco negro de onde não se sabe se se irá sair...);
Os bróculos representam aquilo a que catarse já se rendeu e de que dificilmente se consegue libertar; bróculos que ocupam os pensamentos e os dias...

Esta é uma leitura assim mais ou menos...falta-me qualquer coisa...tenho de pensar (pensa, IM, pensa...eheheheheh)

IM disse...

(uma coisa que me falta escrever com cuidado! Irra! Só gralhas...mas acho que dá para perceber!!!)

g. disse...

Então a novela continua sem mim? Não pode ser. Euzinha, aqui um dos elementos fundamentais da coisa...Mas devo dizer que ando armada em URSA explorada pelo patronato e que não tenho tido forças para escrever...Pior..Não me apetece porque passo o dia a fazê-lo e estou vencida pelo enorme cansaço. Eu é que estou metida num molho de couves portuguesas! E não sei se devo por lá ficar, sob o risco de perder identidade de "pessoa/arroz de casca" e passar a ser apenas "a trabalhadora sem tempo p/ vida própria".

PS- Quanto à outra novela sob cenário de pista gelada e Rojovérsio e os bróculos como protagonistas...muito, mas muito havia a dizer!!! Lamentamos mas não temos tempo. Numa outra ocasião o meu "eu" argumentista(e psicóloga de pacotilha) ditará o enredo. Por agora apenas direi que alguém fechará alegre e inevitavelmente os olhos e...

Catarse disse...

AdC: Essa parte acaba por passar, não? A da pessoa própria desaparecer... é o período de (re)habituação!

IM: humm... sobre a desconstrução do texto há partes engraçadas mas penso que peca por uma análise um tudo nada demasiado profunda... há alturas em que ser assim tão analítico é um defeito... priva-nos da experiência pura e simples... mas, enfim, considerando não este texto apenas mas um conjunto deles no geral, até tem alguma (!) ligação à realidade... sendo que esta, a realidade, concretamente a minha, como tudo, tem dias... há, no entanto, partes que não mudam de todo e outras que mudam com dificuldade.

AdC e IM: mas gosto de saber que vivo sob a lupa ;) de 2 atentas psicólogas desconstrutivistas e estou ansioso por saber mais e mais do que se destila destes textos que aqui vou deixando...

IM disse...

?? Análise profunda???? Na....pelo contrário...a análise foi mesmo de "psicóloga-de-trazer-por-casa-em-mau-dia"...eheheh...jamais me atreveria a uma análise profunda embora seja, confesso, muito analítica, mas acho que isso é defeito (feitio?) de formação, personalidade, eu sei lá!!!!
Agora discordo, totalmente, acerca da existência de experiência pura e simples...não existe. A experiência é sempre, mas sempre "contaminada" pelas nossas expectativas,desejos, formatos, enfim...e o ser-se mais analítico não nos priva da espontaneidade dos momentos (eu que o diga!!)!!
E tudo é tão flutuante, tão indefinido...não é? E claro...há dias...dias em que tudo parece no seu lugar, definido, pleno; outros em que é uma salgalhada, em que parece que se está sempre no sítio errado na hora errada e na pior altura possível!!! eheheheh
Mas folgo em saber que não te importas de ser "psicanalisado" por duas psicólogas de trazer por casa, daquelas que lêem a sina na feira de Espinho!!!! eheheheeheh...
(vou procurar apurar as minhas análises, embora não me atreva a expô-las...análises mais deep just to keep!!!)

IM disse...

Arrozinho!!!! A novela não te dispensa!!! Mas, como qualquer novela, depois de perder uns episódios é sempre possível recuperar!!!!eheheh

g. disse...

Não me parece que o desaparecimento da minha pessoa seja assim tão passageiro. Pelo menos até fim de Agosto/Setembro. Seja como for, isto é uma espécie de "modo de vida". O que aos 20 e poucos tem muita graça! Muito trabalho, mas muito "glamour". Mas aos 30 acho que começa a perder o encantamento. É a velha história de só conseguires questionar uma situação quando te afastas bastante dela...Agora questiono.

Por falar em encantamento...Na novela que passa neste canal, a minha varinha mágica prevê que Rojovérsio não se detenha perante a floresta de bróculos. Rojovérsio é demasiado impulsivo e não vai resistir a bróculos ou outras espécies saborosas que pululem pela pista de gelo.
Quanto a Catarse, aqui a psicóloga de pacotilha diz que como teve muitos anos a poder ver horizontes límpidos, agora prefere horizontes densos e desafiantes que qualquer floresta (e não precisa de ter plantas carnívoras) oferece. De acordo. São necessárias aventuras sem freios. Mas cuidado se a floresta tiver plantas carnívoras! É que com bróculos, a malta cá se arranja. Mas com essa espécie maligna, apenas nos podemos transformar em chiiiiiiiicleeeeeete. Epá, isso era um bocado chato...Digo eu, a quem os dotes de "psicóloga de pacotilha" já foram elogiados! Eheheheheheheh!

IM: pronto...parece que já estou a recuperar a carruagem noveleira. Mas isso é graças à minha irresponsabilidade em vir para a blogosfera em vez de ir tratar das minhas obrigações. Obrigações, bahhhh! Tenho é saudades destas conversetas - as mais tontas e as menos tontas.

PS- Já tenho os vossos bloguezinhos nos "favoritos" de um computador de um qualquer jornal nacional. Se um dia destes o computador for apreendido, já sabem..."Envelope 9" ;)

IM disse...

Que bom que estás a faltar às tuas obrigações e a passar por aqui!!!! eheheheheehh...xiii..esperemos que o compuatdor não seja apreendido..há material aqui suspeito...essencialmente aquele mais esquizofrénico!!!! ehehehehehehe