Do amor e outros fármacos psicotrópicos fortes...
Com sintomas clássicos que vão desde aquele aperto no estômago até a uma boa disposição à prova de bala, dos olhos que oscilam entre um brilho intenso e aquele ar plácidamente sonhador, de um "rush" de energia a um frémito de excitação, nervosismo e antecipação que nos atira 10 a 15 anos para trás, com efeitos secundários vão desde a mais completa vulnerabilidade (voluntária) até à confiança plena, com uma farmacocinética que permite que se espalhe no sistema em velocidades variáveis, do atordoantemente rápido ao deliciosamente lento, consoante a posologia administrada e a sensibilidade ao fármaco utilizado, temos no amor, apresente ele a formulação que apresentar, do carinho à paixão, fraternal ou platónico, um dos mais poderosos medicamentos que se conhece. Tem, com toda a certeza, o seu lado perigoso, com as overdoses que deixam qualquer um abananado ou com as versões menos saudáveis (obsessivas ou não correspondidas). Tem também alguns avisos e contra-indicações pois é certinho que passamos a andar de cabeça nas nuvens e de sorriso parvo afivelado na cara. Mais ainda, perdemos a noção do que estamos a fazer, o tempo ganha uma relatividade imprevista até por Einstein, desligamos o avaliador dos riscos e mergulhamos de cabeça, sem saber o que está à nossa espera, apostando tudo na recompensa da felicidade e descurando alegremente a hipótese da viagem ao engano que nos pode levar do céu ao fundo do poço mais negro. Mas só quando nem sequer tal coisa nos passa pela cabeça, quando o salto de fé é absoluto, é que sabemos que é verdadeiro o sentimento. Vários efeitos fisiológicos são aparentes: mudança do prisma de visão do mundo para “bright mode”, aceleração do batimento cardíaco e pressão arterial à mera visão/presença/pensamento da/na fonte do estímulo, aumento simultâneo e paradigmático da confiança total e da desorientação completa, felicidade esfuziante ao mais insignificante sinal de recíprocidade e ainda outras individualizadas para cada sujeito, como melhoria significativa de uma ou outra característica, sendo possíveis efeitos em coisas tão díspares como apetite, estado da pele, condução, actividade física, capacidade intelectual e de trabalho, sentido de humor, etc. É absolutamente proibida a administração concomitante com ciúmes irracionais e desaconselhada no caso de não existir biunivocidade no sentimento; em ambos os casos nota-se um potencial imenso para a depressão, raiva e angústia que já não configura o efeito pretendido inicialmente: felicidade absoluta e incondicional dedicada a outra pessoa. Acima de tudo, naqueles casos em que é o produto original e não adulterado, é mesmo muito bom (falamos, claro, de princípios activos porque há genéricos disto impecáveis e autorizados a circular no mercado... a patente do cupido já ardeu há muito tempo). Em caso de persistência ou agravamento dos sintomas consulte um padre (se for essa a vossa opção na vida) ou alterem morada para a mesma residência. Se ainda assim não se notar qualquer alívio dos sintomas considerem a hipótese de gerar descendência. Não dispensa a consulta da bula, de um conhecimento mínimo entre ambos os intervenientes e dos antecedentes genéticos de ambas as linhagens.
5 comentários:
Mas isso pega-se??? ehehhehhe...sintomas que todos reconhecemos...eheheehhehe...sobretudo, o que é mais assustador é a falta de medida (também a medida estragava tudo...)...
"quando o salto de fé é absoluto, é que sabemos que é verdadeiro o sentimento"...sem dúvida, mas seja lá o que for que encontramos já é tarde de mais e já estamos inside the sheaf of broculae!!!!
Gostei dos efeitos fisiológicos!!!! eheheh...são um facto...andamos com aquele sorriso parvo, com um brilho nos olhos, com a pele mais luminosa...e quando alguém nos diz´"É pá, tás mais gira! Há lago diferente!!", respondemos com um sorriso ainda mais parvo e os olhos mais brilhantes:"Oh, não estou nada!! Estou na mesma!"(e dizemos isto com um sorriso de orelha a orelha de tal modo grande que se não tivermos as nossas reservas de vitamina B em ordem, rasgamos os cantos da boca!!!!)
E damos por nós a fazer disparates...a nãop dar conta das coisas...a pôr bolachas no frigorífico e a pasta dos dentes no cesto da roupa suja...a não nos lembrarmos se já jantámos...heheheheh...enfim...é tudo, tudo, verdade!!!! O pior são mesmo os baldes de água fria...as impossibilidades e mais, as coisas fora do tempo e do espaço...essas custam...as coincidências ou falta delas, a ordem ou o caos...não sei...porquê? Não é? Porquê???
UUUiiiii... isto é um perigo! Nem é pelo contágio mas mais pelos bróculos!! Sempre os bróculos!!
E há o problema dos disparates... às vezes pode ser problemático chegar vivo e de saúde a bom porto com a relação se andamos a chocar contra postes e a tentar ligar a luz no botão do forno...
Os baldes de àgua, tanto mais fria quanto maior for a dose administrada, são parte obrigatória do fardo/sonho... infelizmente quando corre mal, mas são sinal da vontade que havia em ir parar ao meio dos bróculos... ou da falta dela, porque não há grande hipótese de controlar estas coisas... são do género camião de 18 rodas sem travões numa pista de gelo coberta de azeite guiado por um cego maneta!
E ainda pior é saber de antemão que há para aqui mais bróculos que sei lá e que, para além de tudo o resto, está cá um trânsito na pista de gelo...
(ainda hoje ao almoço olhei duas vezes para os legumes disponíveis a pensar se deveria pedir bróculos!!!! ahahaha...a sério! É que eu adoro bróculos, daqueles mesmo de comer, verdinhos e dou os talos ao Mikas que tmabém é fã!!!!!!)
"camião de 18 rodas sem travões numa pista de gelo coberta de azeite guiado por um cego maneta!"!!!! Credo!!!! ahahahah...que cenário de impotência!!!! Parecia eu, outro dia, a entrar toda de lado na auto-estrada, saída de uma curva com excesso de velocidade, mesmo com o separador a um mílimetro do nariz!!!!! Quase que via a Nossa Sra. de Fátima, os pastorinhos, os amigos e restante família...
ahahahaha...e cuidado com o bróculos porque se a pista de gelo já é má de si com azeite quando uma pessoa vai sozinha, ainda vá, mas se há mais pessoal a patinar...xiiiiii...fica too dangerous!!!!
deslizo alegremente de olhos bem abertos em trajectória de colisão através da pista gelada...
será que Rojovérsio escapa desta arapuca? e o que acontece com Zimondeína? será que Liberneide gosta mesmo de Bugervílio? será que Flomerzinda aceita o pedido de Jubinéldio? não perca os próximos episódios da sua novela favorita!
LOLOLOLOLOLOL...gostei dos nomes das personagens!!! Muito ao género de uma dobragem venezuelana!!!
(acabas por fechar os olhos; é um mecanismo automático de auto-preservação, mesmo para quem vai alegre pista fora!!!)
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