contextos, falta de cultura, medo de assumir que não se sabe ou desinteresse?
Num artigo recente que me enviaram, um jornal (Washington Post) dedicou-se a uma experiência engraçada: Colocaram um dos melhores violinistas da actualidade, considerado uma estrela pop da música clássica, Joshua Bell, no metro, de t-shirt, jeans e boné a tocar vários temas num Stradivarius de 1713 (3,5 milhões de dólares) três dias depois deste ter dado um concerto onde os bilhetes custavam 100 dólares e que esgotou. A reacção do público que passava apressado foi quase zero, exceptuando umas poucas crianças e alguns adultos que abradaram. Noutra história semelhante na essência que ouvi também há pouco tempo, contaram-me uma troca que fizeram entre aipo e umas plantas daninhas, entregues a alguém que cozinhava e exigia aipo para o que estava a fazer e não deu pela troca, aceitando de bom grado as ervas. A net está cheia de fws de mails contento gravíssimas incorrecções e mitos urbanos que estão lentamente a ser absorvidos como verdadeiros. Um miúdo na televisão dizia que o 25 de Abril foi mau por se terem obrigado crianças a combater como se via nas fotografias.
O primeiro caso choca pelo pouco impacto que algo declaradamente belo teve nas pessoas. A arte verdadeira precisa mesmo do contexto dos museus, críticos, holofotes, revistas e televisão? Aparentemente sim. A segunda choca pela arrogância do conhecimento, desconhecimento e pela negação do desconhecimento. Nem comento os fws sobre canibais chineses com três cabeças do espaço. A quarta é cá do nosso burgo, cheios de minhocas na cabeça por não conseguirmos falar abertamente das coisas, sem extremismos ou histerias.
Outros acontecem diariamente mesmo à nossa frente, onde o valor das coisas é sempre relativo à escala que deixamos que os outros nos imponham ou por olharmos demasiado para dentro do nosso próprio mundinho.
O que falta? Interesse? Tempo? Perspectiva? Cultura? Sinceridade? Atenção? Tudo, provavelmente...
3 comentários:
Falta tudo isso, sem dúvida, mas o pior para mim, é que falta inteligência e sem isso...sem isso...nada é possível.
Carecemos de tudo isso e...de um pouco (pouquinho) de bom senso - às vezes era o que bastava para inverter esta ordem artificial das coisas. Ou será a ordem natural?...Depende. Se pensarmos que vai sempre existir cultura de massas e cultura de elites...Bem, talvez as massas e as elites andem um pouco cruas. No máximo "al dente"!
Junte-se então inteligência e bom senso ao que falta. E tanto que falta...
Enviar um comentário