segunda-feira, maio 17, 2004

As passadeiras vermelhas.


A passadeira vermelha concretiza num momento publico, todo um desejo de vitória e glória. Em todos os acontecimentos em que o sucesso é comemorado, os homenageados têm a honra de passar por cima de uma passadeira vermelha. È assim no cinema, é assim nas recepções de estado, é assim nas cerimónias religiosas. Numa palavra, a passadeira vermelha foi adoptada como elemento simbólico, para a celebração da vitória nas artes, na política e na religião.

Eu, que em vez de ver um "burro a comer figos" vejo "figos a comerem um burro", pergunto sobre a razão de haver tal símbolo nas celebrações. A resposta embora não sendo simples, pode no entanto ser a que ser segue.

A passadeira vermelha simboliza o sangue de todos os que tentaram atingir a vitória e falham. Na verdade, a passadeira vermelha simboliza todo um campo de batalha sanguinolento, por cima do qual os vencedores desfilam vitoriosos. Em cada, passo sobre um fio de lã da passadeira vermelha está o pisar de um morto que pereceu em busca da glória atingida por quem o pisa.

Por isso, das imagens do Aznar, Bush, Blair e Durão, em cima de uma passadeira vermelha a cumprimentarem-se não foram mais que a antecipação simbólica
das imagens dos soldados Americanos a pisarem os Iraquianos.

Mas o pensamento pode ainda ir mais longe, já que se pode perguntar quem é que nunca desejou passar por uma passadeira vermelha. A partir daqui talvez seja melhor parar -por agora- e confiar ao leitor as sua próprias conclusões que devem ser atingidas pelo método da maiêutica socrática. Os fórceps só virão se tiverem de vir. -ou não-.

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