quinta-feira, março 04, 2004

Take 2

Primeiro, é necessário subir ao cimo do pilar mais alto da ponte 25 de Abril.

Depois, olhar para Sul e recuar 30 anos. Utilizemos a vontade. Com ela subimos a ponte e com ela recuamos o tempo.
Aqui, no passado e no topo, agarrados a este cabo vermelho, vemos a Lisnave à hora do almoço. De dentro da sua enorme cantina, sai a cor da sopa, a espessura dos fritos, e o olhar beato de quem almoça sozinho. De repente, o apito da tarde e o exército azul levanta-se para produzir.

Encaremos agora, o vento norte e regressemos ao futuro de onde partimos. Daqui de cima, à mesma hora do almoço, vemos nas avenidas novas a sopa feita nini-prato, os fritos feitos douradas grelhadas, e o mesmo olhar beato, de quem, em pé, frente a uma montra, almoça sozinho.

Desçamos à esplanada do op art e ocupemos um puff branco.

Hoje, ao norte, nas avenidas novas, as pessoas que não dispõem do tempo são as mesmas que ontem, ao Sul, na Lisnave, vestiam de azul e não tinham as máquinas.

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