Só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas.
Bebezinho do Nininho-ninho:
Oh!
Venho só quevê pâ dizê ó Bebezinho que gotei muito da catinha dela. Oh!
E também tive munta pena de não tá ó pé do Bebé pâ le dá jinhos.
Oh! O Nininho é pequenininho!
Hoje o Nininho não vai a Belém porque, como não sabia se havia carros, combinei tá aqui às seis ho'as.
Amanhã, a não sê qu'o Nininho não possa é que sai daqui pelas cinco e meia. (desenho de uma meia) (isto é a meia das cinco e meia).
Amanhã o Bebé espera pelo Nininho, sim? Em Belém, sim? Sim?
Jinhos, jinhos e mais jinhos.
Fernando.
(Carta de Fernando Pessoa a Ofélia Queiroz - 1920)
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