terça-feira, março 02, 2004

Azar!

Ás vezes os jantares com conhecidos têm estes riscos. Melhor que os ignorar, é assumi-los e lidar bem com eles. Ás vezes aquilo que tem de ser feito, tem de ser feito.
Os dedos da mão direita começaram a ganhar uma força própria. O polegar já se tinha recolhido por detrás dos outros dedos fechados em punho, para evitar qualquer lesão no escafóide. O próprio braço se recolhia e anunciava já o murro potentíssimo.. E o conhecido falava e falava e falava. “ e todos entramos assim…” e “…se não fosse eu era outro qualquer...” e “…toda a gente faz isso…”; o braço pedia-lhe que se calasse, a face implorava-lhe que se vedasse. Mas ele, nada. E então veio a gota de água: “e se quiseres, liga-me, que eu vejo se te arranjo alguma coisa…”
- Sabe, juiz, eu nem imaginava que o pescoço de uma pessoa podia ser tão frágil”
- Frágil!? O senhor esteve 30 minutos a esmurrar o homem e a dar-lhe pontapés com na cara e só parou quando a policia lhe deu um tiro na perna e está a falar-me de fragilidade do pescoço. Olhe que é preciso mesmo não ter vergonha!
-Vergonha ? A si, juiz, nem lhe passa pela cabeça o que é a falta de vergonha.

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