segunda-feira, setembro 24, 2007

Razão vs Emoção

Já muitas vezes tenho pensado na natureza dual que a maior parte das coisas que nos rodeiam têm, como o fotão: onda/partícula. É como se, da física à natureza humana, algumas regras gerais tivessem sido impostas, fazendo de nós mecanismos da mesma máquina gigante. No caso presente a questão em mãos prende-se com uma decisão que oscila entre a razão e a emoção, entre o plano pessoal e o profissional. Em ambos os lados a decisão está tomada. Pena é que tenham chegado a conclusões diametralmente opostas. A vida não é fácil nem justa, se bem que, uma vez por outra podia ser, para variar, ou pelo menos injusta a meu favor. Bolas...
Bom, seja como for, o relógio está a contar para o prazo final, sábado, e há um lado, o profissional, que está em vantagem para levar a sua avante. A questão é que, para mim, o lado pessoal, mesmo em inferioridade numérica, logística, contra tudo e contra todos, será sempre mais importante, desde que lhe dêem uma hipótese. Se dependesse só de mim, sei bem qual seria o rumo a tomar mas... Admito que não é fácil de decidir este tipo de coisas, ainda mais quando involve mais do que uma pessoa, mas não há como o evitar porque, de outro modo, a decisão acabará por ser tomada por inércia, o que me parece ser muito pior do que assumir as consequências de mudar de vida. E, em última análise, nada é irreversível nem fica escrito em pedra, há (quase) sempre volta a dar, mas se queremos alguma coisa temos mesmo de lutar por ela, arriscar sem medos, em vez de assistirmos passivamente ao desenrolar da história ou de esperarmos que o acaso ou o destino nos faça cair o que queremos no colo.
Serão sempre as pessoas, sempre, o mais importante para mim. Principalmente aquelas a quem esta frase se aplica: “The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing, but burn, burn, burn, like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars and in the middle you see the blue centerlight pop and everybody goes "Awww!” (J. Kerouac) Uma vez disseram-me: "És louco e queres arrastar-me para a tua loucura!" Sim! É mesmo isso! Anda! Vive a vida louca! Faz pipocas de panela aberta!!

4 comentários:

IM disse...

Gostei muito destas palavras do Kerouac embora se apliquem a muito poucas pessoas, mas é dessa que eu realmente gosto: as que assumem a diferença, as que se esforçam,as difíceis, complexas, complicadas, esquistas, diferentes, malucas...as que rompem com o comum, não porque seja engraçado fazê-lo, mas porque SÃO assim.
Também partilho (por virtude,feitio ou defeito) dessa luta insana razão/emoção; também sei o quanto custa decidir quando outras pessoas estão envolvidas...penso que é uma questão do momento...num momento preciso, exacto, um dos lados pesa um milagrama a mais. A decisão vai por aí. Nunca poderemos saber se teria sido melhor de outra forma. Nunca temos como saber.
Se és "louco" e arrastas alguém nessa loucura, porque não? Não sei se haverá outra forma autêntica de estar diferente dessa! Se alguém alinha nessa "loucura", então é porque lhe reconhece mérito e sentido. Se não alinha, então é porque a tua vida exige um rumo próprio, teu, para quem queira/possa/esteja disposto a aceitar.
Ainda hoje dizia aos meus alunos: "Desprezem as estradas largas; sigam os carreiros"(Pitágoras). Não é para todos; é para alguns. Arrisca. Desafia. Faz as pipocas com a panela aberta e, se tiveres paciência, apanha as que cairem ao chão...
;-)
Isabel

SS disse...

Gostava eu de ter metade da tua coragem para fazer as benditas das pipocas de panela aberta. Pelo menos já levantei um pouco a tampa, já não é mau.
Quanto a ti meu amigo.... a tua decisão já foi tomada, apesar de ter consciência que tua esperança é a última a morrer.... continua assim, porque só assim és tu mesmo! :)

Catarse disse...

Sempre pipocas de panela aberta!! Mesmo que depois tenha de passar um tempito a apanhar a caca do chão... ;)De outra maneira nem conseguia dormir descansado sem saber que tentei... E as portas, como as tampas, deixam-se sempre abertas! A corrente de ar areja as mentes mais bafientas e empedernidas! ;)

Catarse disse...

também não quero dar ideia que por tudo e por nada me ponho em pipocadas... reservo essa especialidade para ocasiões e pessoas singulares, únicas, mais raras que visitas de cometa halley em ano bissexto no equinócio da primavera em noite de lua cheia, aquelas descritas por kerouac, que merecem e valem mesmo a pena, até para não banalizar a coisa, o que lhe retirava todo o sentido...

tenho/tive a sorte de conhecer algumas, conto e quero conhecer mais, ainda que também já me tenha enganado na avaliação no passado... as primeiras compensam largamente os riscos corridos com as segundas.