quinta-feira, abril 12, 2007

Vida que vai na sela dessas dores

Para tudo parece haver um processo de aprendizagem. Os primeiros dois anos de textos no blog, bem espremidos, são uma espécie de agenda fundida com diário. Leio os posts e lembro-me dos dias, das alegrias, das tristezas, dos encantos e dos desesperos.
Depois tudo muda. Não é pudor, é juízo. E é quando chega o juízo que vão embora a loucura e a beleza. É sempre que chega o juízo que se vão as coisas de que mais gostamos. O juízo é estúpido. O juízo é irracional. O juízo não é natural. O juízo não é normal.

8 comentários:

IM disse...

Certo.O juízo é aquilo a que recorremos quando deixámos de ter a capacidade para sentir pura e simplesmente. Vamos buscar o dito juízo que esvazia de cor os nossos dias. Numa analogia um tanto forte, o juízo é como um cancro que cresce dentro de nós e nos rouba a Vida. Abaixo o juízo!!! Viva a loucura!!!!! lololoolol

Catarse disse...

Muito boa, Artur, esta apologia da loucura!

A cura para esse "cancro" terrível, o juízo, existe! É ir buscá-la onde a deixámos há uns anos atrás. Quando as coisas tinham verdadeiramente cor, sabor, cheiro, textura e som. Quando tudo valia a pena mesmo que não valesse nada. Estamos a ser detidos pela inércia da experiência acumulada. É tempo de aligeirar bagagem! Sai uma rodada de demência com alzheimer, tónica e uma rodela de limão para todos já!

Vive a vida louca - faz pipocas de panela aberta!

David Taborda disse...

Há uma tira do Calvin em que a mãe, em jeito de reprimenda, o acusa de não ter juízo. A resposta é clara: "Eu tenho imenso juízo só que decido não lhe ligar". Às vezes temo-nos de curvar perante a sabedoria em estado bruto... Um outro exemplo vem do Guia da Galáxia que diz que a única maneira de perceber o Universo é ficar louco...

Catarse disse...

Acrescente-se outra pérola desse magnífico Guia de leitura obrigatória para todos os seres sencientes, mesmo os não turistas:

"We have normality. I repeat - we have normality. Anything you still can't cope with is, therefore, your own problem"

e claro: "DON'T PANIC!"

IM disse...

Gostei das pipocas com a panela aberta e acrescento: quem tiver juízo que as apanhe!
IM

IM disse...

Já estou a ser chata, mas lembrei-me desta a propósito da loucura:
"Os loucos abrem os caminhos que depois emprestam aos sensatos" (C.Dossi). É claro que isto mereceria ser desmontado já que pressupõe que os loucos não são sensatos (discordo!) e "sensatez" não é, necessariamente, sinónimo de "juízo" e é de juízo que aqui se fala (ou da falta dele, o que vai dar no mesmo). O que é ser "sensato"? Bem, para mim é saber gerir a loucura!...pronto...já chega...(irra! hoje estou chata...)

Anónimo disse...

O pior é que ao fazeres pipocas de panela aberta corres um risco!
Que é o de teres de as apanhar ......seja lá onde for! :)
Que se lixe!
SS

Catarse disse...

Vá, só mais uma então: “The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing, but burn, burn, burn, like fabulous yellow roman candles exploding like spiders across the stars and in the middle you see the blue centerlight pop and everybody goes "Awww!” Kerouac