segunda-feira, abril 09, 2007

Insignificâncias existenciais

Existem momentos nas vidas de todos nós em que somos confrontados com escolhas. Aliás, todos os momentos são escolhas. Em cada instante abrem-se milhões de cenários possíveis para percorrer e existem decerto consequências bem diferentes para cada uma delas (ou talvez não, para quem acredita na predestinação das grandes coisas). Assim, confrontamo-nos com escolhas que vão do banal ao vital, das aparentemente inócuas mas que se revelam, numa cascata amplificadora, inacreditavelmente essenciais para o desenrolar da nossa vida e da vida de outros ou das aparentemente importantes mas que, por erro de avaliação ou inevitabilidade, se revelam afinal completamente irrelevantes para o resultado final.

Acrescente-se a isto 7 factores que, grosso modo, tomamos em consideração para ponderar o que fazer nas diversas situações: influências de outras opiniões, tempo para pensar a decisão, constrangimentos circunstanciais, experiências passadas relevantes, informação disponível, instinto e o acaso.

Assim, saibam que existe a possibilidade de na próxima vez que escolherem queijo fresco ao almoço poderem apanhar uma pequena intoxicação, que vos levará à casa de banho a meio da noite com febre, tropeçarão nos chinelos deixados no meio do quarto, baterão com a cabeça na esquina da cadeira, rachando a cabeça o que vos obrigará a uma ida ao hospital, a caminho do qual terão uma avaria na altura errada pois estavam a passar 2 delinquentes que vos assaltam e deixam sem nada; a pé seguem então até ao dito hospital onde ficam três horas à espera com dores e diarreias, finalmente são atendidos por um tipo mal disposto que vos faz milhares de perguntas parvas para as quais não há resposta possível àquela hora da manhã, saem de lá com a cabeça enfaixada, cambaleando sozinhos em direcção a casa. São 5,23 da manhã, um carro passa por uma poça de lama, encharca-vos, e quando caem vencidos pelo cansaço e pelo ocorridos na últimas horas, amaldiçoando o queijo estragado que provocou toda esta cadeia insana de acontecimentos, reparam num bilhete do euromilhões no chão com os números do jackpot dessa 6ª feira, confirmam que é verdade num jornal que por ali jazia, descobrem também que no dia seguinte fará bom tempo, a gasolina baixou de preço, a guerra no Iraque acabou, descobriram a cura para o cancro, foi preso um político corrupto em Portugal, e rumam a casa tão bem dispostos, que, quando passam por uma rapariga lá do bairro, por sinal lindíssima, simpática, inteligente, e que nunca tinham tido a coragem de abordar, ela, inspirada por ver alguém em tão clara situação de desgraça (sujo, cabeça partida, olheiras, roupa rasgada,...) mas tão feliz, resolve vencer a inércia e a vergonha que a tinham anteriormente impedido de confessar uma certa atracção e aborda-vos no que será o início de uma bela relação.

Bom, depois disto e resolvidas com facilidade as questões que me tenho vindo a colocar sobre o meu emprego, casa, carro, família, amigos, relações amorosas, finanças, religião, política e sentido da vida, estou na dúvida sobre o que verdadeiramente interessa e que pode determinar todo o resto do meu curso de vida: o que vou escolher para o almoço? Bacalhau com natas ou massa com espinafres, bacon e... queijo fresco!?

9 comentários:

IM disse...

Ora bem , apesar de eu ser vegetariana e não comer queijo fresco ou outro, no teu lugar eu alinharia no queijo fresco dado tudo aquilo a que ele hipoteticamente conduziu! ehheehhh..acho que aquele filme que vi no outro dia (A Premonição) e que não vale o bilhete, acabou por ditar esta minha (disparatada) sugestão...
IM

IM disse...

Uma outra hipótese...uma ~"solução Zen": deixa que o almoço te escolha...lololo
IM

Catarse disse...

Auuuummmmm, estou a meditar nisso. O almoço. Ser o almoço. Deixar que o espírito do almoço faça parte de mim, do meu ser, incorporar o almoço na minha mente. Se eu fosse um almoço que almoço seria? E hoje qual o almoço que está em consonância com o meu estado de alma? Aummmmmmm.... bacalhauuuuuummmmmmm... bolonhesaaaauuuuuummmmmm.... cozido à portuguesaaaaaauuuuummmmm....
salada de carpaccio de salmaaaaaaauuuuuuummmmmmmmmmm...

Ainda não vi a premoniçaaauuummmmmm, se calhar vou antes ver o 300aaaaauuuuuummmmmmmm

IM disse...

Bem...eheheh...não sei a bolonhesa seria uma boa escolha por causa do episódio da IC19...da betoneira...bolonhesa ...tudo muito picadinho, irreconhecível...também nessa linha o cozido me parece uma má opção...tudo partido aos bocados...uma grande misturada...coisas às rodelas... (ui...até dói!!).Portanto, eu no teu lugar escolheria algo muito inteiro de preferência, atendendo ao episódio, algo de vegetariano...não seria melhor?...

IM disse...

Bem...eheheh...não sei a bolonhesa seria uma boa escolha por causa do episódio da IC19...da betoneira...bolonhesa ...tudo muito picadinho, irreconhecível...também nessa linha o cozido me parece uma má opção...tudo partido aos bocados...uma grande misturada...coisas às rodelas... (ui...até dói!!).Portanto, eu no teu lugar escolheria algo muito inteiro de preferência, atendendo ao episódio, algo de vegetariano...não seria melhor?...

IM disse...

Desculpa....apaga um comment..dupliquei...sou uma desgovernada!!!!

Catarse disse...

Bom, pensando bem em pedaços na estrada, realmente prefiro algo mais inteiro e compostinho. Nada de Rat-au-vin hoje (referêcia obscura a um episódio do Black Adder em que o Baldrick sugere essa ementa).

Olha que às vezes bem que gostava de me duplicar!

Algo vegetariano? Ora bem, porque não? Parece-me boa ideia! Alguma sugestão? Estou a ficar inacreditavelmente perturbado de fome com esta conversa e são só 11,50...

IM disse...

Uma sugestão? Bem há excelentes restaurantes vegetarianos em Lisboa...eu alinharia nuns bifinhos de seitan...por aí...Os Tibetanos era uma boa opção...não sei se é perto ou longe de ondes trabalhas...nem sei se terás de passar por algumas betoneiras o que é sempre mau agoiro....eheheheeh

Catarse disse...

Pois, para almoçar Lisboa fica 30+30 kms fora de mão o que não dá muito jeito... terei mesmo de ver o que está na ementa da cantina.

Se os tibetanos forem o PSI tenho de repensar a estratégia porque da vez que lá fui não fiquei grande fã... Pelo que me contaram o Jardim dos Sentidos é capaz de ser melhor escolha e se incluir a massagem mais ainda! Eheheh.

Confesso-me omnívoro! E cada vez mais abrangente nas escolhas gastronómicas... nhac nhac nhac! É experimentar tudo; o que não mata engorda! E se não vou para o ginásio rapidamente esta verdade torna-se evidente porque a balança não pára de acelerar!