"Arbeit macht Frei"
Esta expressão está escrita à entrada de um dos maiores campos de concentração da Polónia: Auschwitz – Birkenau ou Oswiecim em Polaco.
O facto de alguém se lembrar de pôr à entrada de um campo de extermínio a expressão: “ o trabalho liberta” sempre me fez perguntar a quem é que essa expressão se dirigia.
Pensar numa actividade como “apenas trabalho” liberta-a de qualquer dimensão ética que esta possa ter. Assim, todas as práticas são possíveis, desde que sejam integradas na categoria de trabalho. Neste sentido, aquela expressão, era muito mais dirigida aos funcionários nazis que no dia-a-dia operavam a máquina assassina, do que aos judeus, ciganos e polacos, pois esses, por mais que trabalhassem, nunca iram sobreviver à incineração.
Hoje, embora com consequências diferentes, também não é difícil reconhecer que a expressão “é trabalho”, como que anula qualquer avaliação ética da acção que se pratica. Quando alguém integra determinada actividade da sua vida na categoria de trabalho, como que se distancia de tal forma da sua prática que lhe retira qualquer peso ético. A expressão muito comum “isto é o meu trabalho” como que neutraliza qualquer carga valorativa que a actividade possa ter. O exemplos são mais que muitos, mas para ilustrar esta conclusão deixo ao leitor a procura de uma situação concreta em que embora não concordasse com certa prática a executou “só” por ser trabalho, e por isso mesmo, ficou com a consciência tranquila.
Assim, a integração de certa actividade na categoria de trabalho, liberta da culpa que se sente quando essa actividade ofende a ética de quem pratica.
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