O Anti-Português
Há um gozo mesquinho que parece atravessar o País com a detenção de um tal de Castelo Branco. O País, ou pelo menos, algum País, sente esta prisão como uma vingança doce sobre alguém que se afirmava de alguma forma superior.
Achava-se superior, se calhar pelas razões erradas, porque tinha dinheiro, jóias e queria pensões para pôr a dormir os motoristas. Este personagem interessa-me, não pela dimensão ética mas pela sua dimensão estética. Eticamente não é diferente de quase ninguém: faz negócios e quando pode, não passa factura. Foi o que aconteceu no aeroporto. A sua diferença é estética e está na forma como se apresenta ao mundo. È desabrido, é exuberante é efeminado é a antítese do português mítico.
Em Portugal há uma vergonha bacoca em de mostrar o que se é ou o que se tem. Há uma espécie de véu negro que cobre as caras diferentes dos Portugueses e os uniformiza em tristeza e pudor. Mas são essas mesmas caras, escondidas por detrás desse véu que desejam ardentemente ver a vida deste personagem, desejam saber os seus tiques sórdidos e as suas taras íntimas, para depois nos cafés e com os amigos dizerem o quão excêntrico ele é, e quão normais eles são.
Essa personagem afronta o Portugal velho e moralista e isso é óptimo.
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