sexta-feira, novembro 21, 2003

O padre da Sé Velha sai à noite e quer pagar impostos.

Algo está a mudar na Igreja Portuguesa. O pároco da Sé Velha, João Evangelista, afirmou ao jornal público, sobre os estudantes de Coimbra que ?os meninos que dizem "não pagamos" passam a vida nos bares de Alta".
Como é que ele sabe? O padre de Coimbra, só pode fazer uma afirmação destas, se também ele passar a vida nos bares da Alta, porque se o não fizer, não pode, sem desrespeitar os princípios cristãos, afirmá-lo. Como estou certo, que o Padre tem um respeito extremoso pelos valores cristãos, só o posso congratular pelas noitadas bem passadas. Esta é a primeira mudança que observo na Igreja Portuguesa: a noite como palco de trabalho pastoral.

A segunda é bem mais importante e refere-se as afirmações que o mesmo prelado fez: "Se eles não pagam, porque é que a gente há-de pagar?". Mas quem é a "gente" E pagar como? O senhor padre quer dizer que se os estudantes não querem pagar propinas, então, porque é que o resto da população as há-de pagar através dos impostos. E aqui está a segunda novidade que o senhor padre parece anunciar: a igreja quer pagar impostos. Deve ser isso. Porque só pode fazer uma afirmação destas, quem paga impostos. Certo? Mas toda a gente sabe que decorre directamente da Concordata assinada entre o estado Português e Igreja de Roma a isenção de impostos. Vamos à letra da concordata.


Artigo 8º
São isentos de qualquer imposto ou contribuição, geral ou local, os templos e objectos nele contidos, os seminários ou quaisquer estabelecimentos destinados à formação do clero, e bem assim os editais e avisos afixados à porta das igrejas, relativos ao ministério sagrado; de igual isenção gozam os eclesiásticos pelo exercício do seu múnus espiritual.
Os bens e entidades eclesiásticos, não compreendidos na alínea precedente, não poderão ser onerados com impostos ou contribuições especiais.


Assim só se pode compreender as afirmações daquele Padre como um indício de que algo está a mudar na Igreja Portuguesa. E que mudanças positivas! Digo eu?

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