terça-feira, novembro 18, 2003

O que queria Joaquim Loureiro?

“A juventude está perdida” disseram os carrascos de Sócrates. O primeiro mártir da filosofia ocidentalque foi aliás assassinado por tentar corromper a juventude.
Este exemplo serve para pôr em perspectiva todas as afirmações das gerações mais velhas sobre a juventude e sobre os seus comportamentos. Vem isto a propósito de um artigo publicado nas páginas do público em que Joaquim Loureiro afirma que o modo escolhido pelos estudantes de Coimbra (fechar a cadeado as portas da universidade) para contestarem as propinas é um “índice de menoridade cultural e ideológica.”
Do meu ponto de vista, o erro de Joaquim Loureiro, é utilizar o termo menoridade, pois ele pressupõe uma bitola apenas sugerida: a geração de estudantes que esteve na vanguarda do 25 de Abril. Ora, se é correcta a presunção de que se estão a comparar duas gerações, o argumento de fundo do articulista é: a minha geração é melhor que a tua. E este, é o argumento mais antigo de sempre.
O que me parece escapar a Joaquim Loureiro, é que não se trata de comparar duas gerações e saber quem daqui a 200 anos é que teve razão; do que se trata é perceber que a geração que nasceu depois do 25 de Abril é diferente da geração que lutou contra o fascismo. È diferente culturalmente e ideologicamente e não menor culturalmente e ideologicamente.
Esta geração a que chamaram rasca e a que chamo The Beach Generation, o mais radical que alguma vez fará vai ser umas greves e manifestações. Porque a verdade, é que se a geração do articulista fez uma revolução no País, a geração actual nem as propinas consegue derrotar.

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