Rocky Balboa
O regresso de Sylvester Stalone ao grande ecran sob a forma de um Rocky Balboa entrevado mas com problemas por resolver, deve ser entendido como tal. Entrevado e com problemas por resolver. O filme tem o perfume dos clássicos dos anos 80, com todos os ingredientes que esperávamos encontrar, se bem que as doses em que são servidos estejam um pouco diferentes de outras versões. Por exemplo, o primeiro murro é apenas desferido passados que estavam 60 minutos de filme. É pouco mas entende-se que o Balboa de 50 anos tenha amadurecido e agora prefira conversar sobre os seus problemas. Escusava era de ter 8 discursos moralizadores, daqueles que normalmente antecedem os grandes momentos deste tipo de histórias, em vez do tradicional único e épico. Ele fala com o filho, com o amigo, com a amiga, com a mulher morta, com ele próprio, outra vez com o filho, com o cão, com o filho da amiga, e, de discurso estafado em discurso forçado, passa o tempo até entrar a música grandiosa para o Rocky começar a malhar ferro rumo ao combate. Todos sentimos (pelo menos um pouco) aquele frémito que nos puxa para fora da cadeira do cinema para fazermos flexões com ele. O beijo da praxe da amiga ambígua e eis que chega o grande dia, com a entrada no ringue ao som de Sinatra. Dezenas de murros trocados, litros de sangue escorrido (vá, meio litro, que o senhor não caminha para novo e aquele tipo de sangue já não se fabrica), golpes furiosos, momentos de nenhum suspense com as previsíveis idas ao tapete de parte a parte e as inversões de domínio e, momento decisivo, um flashback com a Adrian para conseguir com que Rocky se levante de novo para um ataque final. Mau? Sim. Mau demais? Está bem. Mas dá a volta e vê-se, perdido o amor ao dinheiro do bilhete, principalmente para quem tem idade para ter vibrado com os outros. "ADRIAAAAAAAAAAAAN!"
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