quarta-feira, fevereiro 14, 2007

O despertar da mente

Num local recôndito da mente, bem abaixo dos níveis iluminados da consciência, um lodo mental viscoso goteja e escorre pelas sinuosidades do cérebro primitivo. Lenta mas deliberadamente começa a tomar forma e, produto de recalcamentos, frustrações, medos, raiva, maus sentimentos e feridas antigas, não é uma forma agradável. A gosma ganha força e expressão e insinua-se rumo aos centros superiores de decisão, mas subreptíciamente, nunca ostensiva, para não ser detectada e contrariada nas suas péssimas intenções. Um toque aqui, uma palavra ali, puxa, morde, mexe, por vezes de dia, muitas vezes de noite quando sabe que a vulnerabilidade é maior. Usando todos os expedientes e aliados, como a dúvida, o medo e a mágoa, vai reunindo potencial. Até que a oportunidade surge, cínica e cirurgicamente calculada para optimizar o efeito, para o ataque certeiro e mortífero numa manhã fria e chuvosa de segunda-feira.

Piiiiiiii, piiiiiiiiiii, piiiiiiiiiiiiiiii, ......

Rapidamente, o braço emerge dos cobertores que o escondiam e decidido lança-se no espaço que separa a cama do botão snoooze do despertador. Ahhhhhhhhh...que se lixe, hoje não vou trabalhar!!! Mudando de direcção para o botão do alarme, silencia o aparelho maldito de uma vez por todas, antes que este inicie o seu concerto infernal pela 4ª vez naquele dia.

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