sábado, fevereiro 24, 2007

causa e efeito

Um prenúncio de chuva deixou toda a população indígena encharcada por antecipação, dada a inevitabilidade que o futuro assumia naquele lugar. As coisas aconteciam porque tinham de acontecer e não era só porque afinal alguém decidiu sair com o chapéu de chuva ao ouvir o oráculo dizer que ia apanhar uma molha que isso ia deixar de acontecer como estava previamente determinado. Claro que isto era um grande transtorno para o fluxo linear do tempo e para o destino, que tinha de fazer horas extra para trazer um tufão vindo de lugar nenhum e poder fazer aquilo que antes da previsão teria conseguido com um simples aguaceiro, não fora o parvo ter levado um guarda-chuva - agora pulverizado pelos ventos ciclónicos. Como estas coisas são mesmo assim e ninguém faz as perguntas certas aos oráculos, nunca saberemos se a morte tenebrosa que o tipo do guarda chuva sofreu devido ao tufão teria igualmente sucedido com o aguaceiro. Ou melhor, nunca teríamos sabido não fora o facto de um anónimo estivador da marinha mercante não tivesse feito uma observação jocosa com o sucedido:

Apanha antes com uma chuvada

Não provoques o destino

Ou um piano vindo do nada

Ainda te trespassa o intestino

Ora sucede que isto foi dito na presença de um dos maiores físicos teóricos da actualidade que rapidamente sacou da régua de cálculo (de parte incerta, uma vez que estava num quarto de uma pensão reles, nu e com um estivador da marinha mercante) e brilhantemente enunciou pela primeira vez a primeira lei de Gaynerdovski: "Os acontecimentos chave, que servem de âncora a essa realidade, acontecerão sempre, independentemente de todas as outras variáveis." E o corolário: "Quanto mais força for exercida para impedir ou modificar um acontecimento chave, maior será a força contrária exercida por esse acontecimento chave nos acontecimentos vizinhos." Ou em linguagem mais corrente: "Algumas merdas têm mesmo de acontecer e quanto mais as tentas evitar, de mais alto elas te caem em cima!" As implicações desta lei foram imediatas e rapidamente os oráculos foram parar ao desemprego e um turbilhão de inevitabilidade irresponsável assolou o mundo. Ninguém se importava com as consequências dos seus actos e as seguradoras foram à falência. Era a loucura completa mas, simultaneamente, eram tempos felizes pois ninguém andava preocupado. Aliás, em breve ninguém andava para lado nenhum pois a probabilidade de acontecer algo tenebroso subiram em flecha com os condutores de avião iniciados, os móveis pela janela, os tiros e facas atiradas ao ar e o pior de tudo, a quantidade de gente nua pelas ruas que desafiava a concentração do condutor mais atento e assim, mal por mal, as pessoas preferiam ficar em casa a ver televisão e a ter ideias esquisitas. Até que um acontecimento chave chegou, vindo sabe-se lá de onde, inexorável como poucas coisas (talvez um tsunami de 50 metros de altura a 250 kms/hora desse uma pálida ideia mas…), imparável no seu trajecto. "Desculpem, disse o cientista, tenho andado a pensar na minha teoria e descobri um pequeno erro. É que a minha régua de cálculo estava um pouco, enfim, difícil de ler e afinal os acontecimentos chave inevitáveis só acontecem de 10000 em 10000 anos e a uma escala cósmica. Não ao tentar voar montado num aspirador do 7º andar! Eh. Pois, foi uma pequena falha na casa decimal… Eh. Eh. Bom, vou andando…" O motivo pelo qual este era um dos acontecimentos chave está relacionado com o facto de o que sucedeu ao pequeno cientista ter sido tão desagradável que deu origem a um movimento compensatório de amor e carinho global que salvou a Humanidade do seu triste destino de auto extinção.

22 comentários:

Anónimo disse...

Aposto que a IM** (Isabel M.) vai dizer o seguinte:
"não provoques o destino... Adorei, que interessante, se fosse possível provocar o destino ... lolololol!!! Adorei, Adorei o conselho, agora tenho de ir, Tchau!!!..."

**fã muito recente da escrita de catarse

Boa noite
Lola

Anónimo disse...

Ciúmes, Lola, ciúmes... tão feio!

Cliente anónimo

Anónimo disse...

É verdade, tive ciúmes mas também é verdade que desde que fui abordado por 4 gandulos de Coimbra ( pareciam todos modelos ) também me senti só e com ciúmes de outros travestis. Eles prometeram voltar e não voltaram. Foi em 2003
Gosto muito da noite e das pessoas que a frequentam e, pelo menos neste blog, eu encontro na Sra. TCravidão uma voz amiga. Sei que não ía nesse carro (onde só íam 4 homems) mas ... o seu discurso é tão parecido... tão direccionado ... tão...tão... certeiro.......

Beijo
Lola

Anónimo disse...

Concordo com uma coisa.
O Discurso penetrante do Tcravidão já me salvou em duas insónias de solidão-de-Sábado à noite.
Agora essa história de Travestis é que não me cheira nada bem.

Nasci mulher e orgulho-me de ser genuina. Vou às comprar e gosto de cuscuvilhices! Essa malta que se veste de mulher e mija de pé é que nunca chegará a lado nenhum... Nem é carne nem peixe!!!

Mili Brinca

Anónimo disse...

Este Cravidão é cá um desmancha-corações... como nunca vi!
Pavão

Anónimo disse...

Tens razão Chico. Mas tu, nos anos 80, também eras assim!!!...
Cenoura

Anónimo disse...

Cala-te Cenoura dum raio.
Até devias ter vergonha. Pensas que o Cravidão é burro? Ele sabe muito bem o que andaste a fazer lá na rua há 20 anos! Tens memória curta...
M.Mendes

Anónimo disse...

Não te admito isso Miguel!
Cenoura

Anónimo disse...

Parece-me que vou ter de gastar mais duas balas.
Pavão

Anónimo disse...

Vamos mas é beber uma cerveja e comer uns caracóis à Rosinha do Fininho!
Tó Lucas

Anónimo disse...

Tu tens é que vir comigo comer uns ovos moles ao Canal Caveira (antiga estrada para o Algarve)!!
Canelas dos seguros (Chanel)

Anónimo disse...

Sou eu que estou a vender esses terrenos!!!
Mª José ('Norton & Norton')

Anónimo disse...

Voltando ao discurso penetrante do TCRAVIDAO o que me parece é que esse atarracado mas entroncado monstro da Literatura/Poesia Económica (gramaticalmente convincente - 1º ciclo no galinheiro), refiro-me obviamente à forma clássica como escreve e como expõe os seus eclipses teatrais, tem actualmente duas facetas de interpretação psicanalistica e tb popular!

1-Por vezes inconformado com a situaçáo real do nosso presente, apresenta-se como um Homem motivado por um inconformisto neo-realista de um jovem já com cabelos bancos que ainda não encontrou a gargalhada certa para o estilo que pratica quando tem uma entrevista para emprego e de seguida vai ao café, nomeadamente after-shave até à patilha e o último botão da camisa desapertado e que diz mal da arbitragem do último jogo do Benfica.

2-Por outro lado, e voltando ao Ed Wood que passou recentemente no Hollywood, representa o demasiado rápido movimento secular do cidadão comum, entenda-se como um comedor de broa com sardinha ao que chama de Bucha... acompanhado de um como cheio, individuo que, em regime de pós conferência/simpósio sobre OPA's sai dali baralhado com o que ouviu, se torna num estranho comprador de moradias estilo antigo (português suave) cujas correias outrora da charua do tractor se transformam em tubos de queda das águas pluviais (projecto actualmente exigido nas Câmaras em sede de Licenciamento) na fachada principal do referido imóvel!

O Cravidão leia-se autor de larachas como: "Como melhorar a escola?-2004"; "terminando tudo no Funeral do Ensino Artístico"2005 e greve geral (...ou genial...)2005/2006; actualmente Presidente em funcões da 'Associação de Estudantes da Escola Superior de Teatro e Cinema ou AEESTC' acaba por representar um pouco aquilo por que os jovens de hoje gostariam de ter passado em 1959, quando Amílcar Cabral, juntamente com Aristides Pereira, seu irmão Luís Cabral, Fernando Fortes, Júlio de Almeida e Elisée Turpin, fundam o partido clandestino PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e do Cabo Verde.

Mas o problema é que nos dias que correm já é complicado haver muito mais heróis como em 1941, antes de Pearl Harbour, o Capitão América já combatia os nazis. Aliás, foi ele que deu cabo de Hitler, sem armas de fogo e sem aliados. Chegou mesmo a dar cabo de Hitler por duas vezes, em 1945 e nos anos 90, com o fim da Guerra Fria, por ocasião da redefinição de conceitos estratégicos dos EUA e da NATO.

Para terminar gostaria de salientar os prazeres da vida que nos oferece este rico planeta como:
A gastronomia, o clima, a nossa linda costa Atlântica e também Mediterrânica e nunca me posso esquecer do bife na pedra do Cabaça.

Aquele abraço
Lola

jbfmartins disse...

Sem dúvida uma apreciação engraçada!
Ainda há quem erga os braços e aponte para determinadas curiosidades que escapam, por vezes, ao observador destreinado!
Admiro a Lola

Anónimo disse...

É verdade! Acho o mesmo! Agora vou arrumar o meu quarto.
Até amanhã.

Anónimo disse...

Está lançado o debate... mais um!

Anónimo disse...

"Apanha antes com uma chuvada Não provoques o destino"...
Este Catarse tem uma escrita que chega a todo o lado; a todos os corações! Mesmo aqueles que após a leitura do Diário de Maria ainda se sentem balbuciantes e nebulosamente cabeleireirados...

Anónimo disse...

Concordo com o comentário anterior!!!
Viva Catarse!!!

Anónimo disse...

ta tudo doido?

Anónimo disse...

ta tudo doido?

Anónimo disse...

ta tudo doido?

Anónimo disse...

Na vida tal como no tabuleiro há que não abanar muito. pode entornar.
Orcar Alves, filósofo desempregado