segunda-feira, maio 05, 2008

F-R-A

Não há nenhuma diferença entre o que sinto hoje num cortejo de queima das fitas de Coimbra e o que sentia há vinte e cinco anos atrás, quando lá ia em criança.
São iguais os carros com flores, igualmente estranhos os estudantes de capa e batina; os banquinhos de praia em que se sentam as velhotas na primeira fila da rua são os mesmos; o mesmo cheiro a cerveja; as mesmas pedras da Praça da República a que os pés se colam só nesse dia; a mesma confusão; os mesmos empurrões; os mesmos bêbedos de que não pensamos mal só nesse dia; a mesma alegria que nos é completamente exterior; os mesmos pais em lágrimas a abandonarem o cortejo porque o carro do filho já passou; os mesmos cânticos, bengalas, cartolas, pipocas e balões; os mesmos coleccionadores de cervejas (parece-me que dantes se coleccionava mais plaquetes).
Durante uns anos tudo aquilo fez sentido e foi diferente. Agora voltou ao mesmo. Até voltou a inexplicável pequena inveja de quem vai cima do carro. Só desses.

1 comentário:

IM disse...

Nem me digas nada!...eu conheço uma pessoa que andou até ao último ano só a estudar e tal, toda afinadinha a guardar-se para o momento em que as notas estavam no papo o curso quase arrumadinho...essa tal moça, coitada, passou a última queima em verdadeiro estado de inconsciência...pobre da moça...se não fossem algumas fotos comprometedoras ainda ia dizer que ela não era ela...tssssss....
Ainda hoje tem uma senha se sangria que guardou porque já não "havia espaço"...tssssss...