Criancices
Em visita à sobrinha e face a um comportamento que se repetiu já por mais que uma vez, de birra e recusa em interagir, ouvi da minha irmã a frase "Cuidado que elas [as crianças] são cruéis. Quanto mais lhe ligares ou pedires menos ela dá. Experimenta ignorá-la.". Aceitando o conselho, assim fiz e os resultados não tardaram. Face a esta nova atitude, diferente da que estava habituada de ter sempre tudo à disposição à mercê dos seus caprichos, privada dos 100% de atenção, estranhou. Começou por provocar e não teve nada em troca. Depois pedinchou e obteve o mesmo. Até que percebeu que tinha de dar para receber, uma lição sem dúvida valiosa, tanto para ela como para mim.
Os princípios da psicologia reversa em acção são de facto admiráveis e, à escala, parece-me que, independentemente da idade, continuam a ser, em certa medida, válidos para todos os escalões etários. Tendemos a dar as coisas como certas e a não lhes dar o devido valor, relaxando no esforço sempre necessário que mantém uma relação biunívoca equilibrada. Algumas pessoas são, naturalmente, mais self-centered e talvez até um pouco mais egoístas ou com um certo excesso de mimo, com uma parcimónia muito particular no que toca a dar mas exigentes no que toca a receber. Umas ultrapassam isso em crianças, outras nem por isso e ficam sem perceber porquê que há amizades e relações mais fortes com outras pessoas do que com elas. Claro que cada um é como é mas isso tem implicações óbvias no tipo de pessoas que atraem (ou repelem). Por essas e por outras é que alguns têm um leal e solidamente construído círculo de amigos, namoradas, confidentes e outros acabam mais isolados e sozinhos. É preciso dar para receber. É preciso lealdade, honestidade, abrir um pouco o que nos vai na alma, dar sem esperar nada em troca, partilhar com desprendimento, emocional e materialmente, para que os outros também o façam, estabelecendo laços de compreensão e entendimento que são o cerne das (boas) relações. Sem isso não adianta entrar em queixumes e lamúrias de género "ninguém me liga". E não é um processo fácil nem imediato, nem sequer garantia de que dê certo, mas atitudes, perdoem-me o excesso de linguagem, filhas da puta, mesquinhas, egoístas, vingativas ou imaturas (ou tão somente de laxismo, o tal dados por certos) terão sempre o merecido resultado de isolar cada vez mais essas pessoas que acabarão, certamente, mais sozinhas ou rodeadas de outros da mesma cepa. Isto é válido em vários graus de intensidade e para as mais variadas interacções, sejam elas de amizade, colegas de trabalho, familiares ou relações amorosas (especificidades de cada uma à parte) e, uma vez ultrapassado um certo limite de paciência, tolerância ou compreensão, pode acontecer que certos laços fiquem irremediavelmente comprometidos ou se transformem em algo banal e de circunstância.
No caso inicial, o da sobrinha mais bonita do mundo (e só o digo agora porque sei que ela ainda não sabe ler, senão estava bem tramadinho e ela não me ia ligar nenhuma nos tempos mais próximos), não me parece que haja qualquer risco de se vir a tornar em alguém assim, até pelos moldes em que está a ser educada e porque tem muito tempo para aprender, mas a moral é válida para outras pessoas porque a desculpa da idade já não lhes serve e o tempo não volta para trás. Da minha parte, se incorrer em tal falha (já me bastam os mal-entendidos ou a falta de tempo), agradeço uma chamada de atenção (directa se as indirectas falharem) a tempo de corrigir tal comportamento porque prezo bastante todos aqueles que me orgulho de chamar de amigos e não quero correr riscos de os perder sem motivo.
Os princípios da psicologia reversa em acção são de facto admiráveis e, à escala, parece-me que, independentemente da idade, continuam a ser, em certa medida, válidos para todos os escalões etários. Tendemos a dar as coisas como certas e a não lhes dar o devido valor, relaxando no esforço sempre necessário que mantém uma relação biunívoca equilibrada. Algumas pessoas são, naturalmente, mais self-centered e talvez até um pouco mais egoístas ou com um certo excesso de mimo, com uma parcimónia muito particular no que toca a dar mas exigentes no que toca a receber. Umas ultrapassam isso em crianças, outras nem por isso e ficam sem perceber porquê que há amizades e relações mais fortes com outras pessoas do que com elas. Claro que cada um é como é mas isso tem implicações óbvias no tipo de pessoas que atraem (ou repelem). Por essas e por outras é que alguns têm um leal e solidamente construído círculo de amigos, namoradas, confidentes e outros acabam mais isolados e sozinhos. É preciso dar para receber. É preciso lealdade, honestidade, abrir um pouco o que nos vai na alma, dar sem esperar nada em troca, partilhar com desprendimento, emocional e materialmente, para que os outros também o façam, estabelecendo laços de compreensão e entendimento que são o cerne das (boas) relações. Sem isso não adianta entrar em queixumes e lamúrias de género "ninguém me liga". E não é um processo fácil nem imediato, nem sequer garantia de que dê certo, mas atitudes, perdoem-me o excesso de linguagem, filhas da puta, mesquinhas, egoístas, vingativas ou imaturas (ou tão somente de laxismo, o tal dados por certos) terão sempre o merecido resultado de isolar cada vez mais essas pessoas que acabarão, certamente, mais sozinhas ou rodeadas de outros da mesma cepa. Isto é válido em vários graus de intensidade e para as mais variadas interacções, sejam elas de amizade, colegas de trabalho, familiares ou relações amorosas (especificidades de cada uma à parte) e, uma vez ultrapassado um certo limite de paciência, tolerância ou compreensão, pode acontecer que certos laços fiquem irremediavelmente comprometidos ou se transformem em algo banal e de circunstância.
No caso inicial, o da sobrinha mais bonita do mundo (e só o digo agora porque sei que ela ainda não sabe ler, senão estava bem tramadinho e ela não me ia ligar nenhuma nos tempos mais próximos), não me parece que haja qualquer risco de se vir a tornar em alguém assim, até pelos moldes em que está a ser educada e porque tem muito tempo para aprender, mas a moral é válida para outras pessoas porque a desculpa da idade já não lhes serve e o tempo não volta para trás. Da minha parte, se incorrer em tal falha (já me bastam os mal-entendidos ou a falta de tempo), agradeço uma chamada de atenção (directa se as indirectas falharem) a tempo de corrigir tal comportamento porque prezo bastante todos aqueles que me orgulho de chamar de amigos e não quero correr riscos de os perder sem motivo.
3 comentários:
Penso que este video, representa bem o que dizes :)
http://www.youtube.com/watch?v=C9jjo1HFcGw
Infelizmente, penso a tua sobrinha tem grandes hipóteses de contrair várias das doenças que referes, não por culpa dos pais, mas sim pela contaminação quase certa que irá sofrer por parte da sociedade em seu redor.
Todos querem ter direitos, mas recusam qualquer dever.
As pessoas pedem a Deus que determinado clube ganhe um jogo de futebol, enquanto morre uma criança à fome a cada 5 segundos.
Quantas vezes incorremos em actos imorais? Vária, no entanto o nosso egoísmo eclipsou o poder da razão, porque o que nos interessava era o nosso EU.
Muitas das vezes roubamos, mas quando nos confrontam com o suposto acto imoral, dizemos: “Eu roubei, mas apenas porque ele tinha muito.”
O problema é sermos os juízes de nós mesmos, deixando assim que a nossa autocrítica se deixe corromper pelos nossos interesses pessoais.
Na maioria dos casos o altruísmo morre assim que percebemos que vamos ter que abdicar de algo.
(ainda não vi o video mas verei em breve)
Bom, por essa linha de raciocínio estaríamos todos condenados à sacanice moral completa. É certo que, por vezes, cometemos erros de avaliação mas teremos sempre, a dada altura, de confiar no nosso próprio juízo de valor. Há sempre (e de uma certa forma tem de haver, pela autopreservação com justificações ao nível genético) um certo egoísmo que se sobrepõe ao altruísmo mas há também algumas pessoas bem formadas que equilibram um pouco a balança. Talvez de menos, talvez cada vez menos mas...
Concordo ainda que cada um de nós, ou pelo menos a maioria, se considera boa pessoa (bem ou mal) e tem justificação (cabal ou nem por isso) para os seus próprios actos reprováveis mas, a bem de alguma necessária auto-estima, não nos podemos estar sempre a avacalhar.
Em todo o caso, há sempre o bom e velho julgamento pelos nossos pares e o ostracismo social. O truque é saber quem são eles (os pares) e ter a coragem para aplicar o castigo.
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