Crise alimentar
Com tantas boquinhas para alimentar por aí era já previsível que este dia chegasse e sem querer discutir a veracidade ou o alarmismo da notícia, isto é matéria antiga e antes vista. Sem ser, de longe, especialista na matéria, acho que as teorias de Malthus sobre o crescimento exponencial da população e o apenas geométrico dos recursos (que são limitados neste nosso cantinho da galáxia) são muito prementes e cada vez mais confirmadas pelos cenários actuais de escassez. Falta àgua, comida, energia, medicamentos, dinheiro, ar puro, biodiversidade... Sobram problemas como a fome, guerras, pestes, mortes, desgraças e, acima de tudo, pessoas... A pressão populacional atinge níveis incríveis, nunca antes vistos e que, fatalmente, conduzirão a mais infelicidade dos que por cá andam. As desigualdades sócio-económicas tendem a agravar-se, a instabilidade cresce, a qualidade de vida diminui para todos (sim, mesmo para os mais ricos, chegará o dia em que terão de viver, ainda que dentro de cupulazinhas protectoras ricamente decoradas, num mundo de merda, sozinhos ou com companhias muito pouco recomendáveis, sempre à espreita de um deslize para os predar). Isto para não falar em cenários catastróficos se o ecossistema global não reagir como se espera que tais sistemas auto-regulados o façam, contrariando a (imensa) pressão a que está a ser por nós sujeito com uma força de igual módulo e de sinal contrário que reduza drasticamente o número de humanos. Sim, vai haver sangue (leia-se mais ainda). Sim, vai haver mortes (leia-se mais ainda). Não, não vai ser bonito (leia-se menos ainda). E tudo isto vai bater à nossa (ainda) tranquila porta um destes dias. Já não falta muito. E depois? Haverá solução? Talvez, com o advento da energia livre, não poluente e barata, o próximo grande desafio que se coloca à Humanidade, haja esperança. Sem isso, vejo apenas dois blocos cada vez mais divergentes que se oporão: o dos que têm e o dos que não têm. Uns, poucos, muito poucos, ricos e felizes (aqui incluo todo o primeiro mundo) e bem fornecidos e armados a todos os níveis. Outros pobres, muito pobres (o terceiro mundo), muitos, mesmo muitos, e muito, muito zangados e insatisfeitos, muito, muito esfomeados, capazes de tudo. O intermédio, a classe média, verdadeira cola social, caminha para o desaparecimento, para a extinção, o que acentuará as desigualdades e o fosso entre os extremos. Negro este cenário? Sim. Sem dúvida. Futurista distante? Nem por isso. As nossas próximas criancinhas terão, infelizmente mas com toda a certeza, uma visão muito mais nítida e próxima de todos estes problemas para os quais teimamos, a bem da nossa paz de espírito e alicerçados num confortável discurso umbiguista do tipo o problema-não-é-meu-e-não-posso-fazer-nada-para-alterar-isto, em seguir, rumo ao precipício de olhinhos bem fechados. Até ao dia em que, Cu-cu!, tudo isto nos bater violentamente à porta, seja de que inesperada forma for. Para já está lá em baixo, na porta do prédio, a deixar publicidade não endereçada, daquela que ninguém lê...
P.S. - Há mais uns quantos cenários a explorar como corolário de tudo isto: O tal final mais feliz da energia livre, uso racional de recursos, controlo da natalidade, etc. O da especiação total dos dois extremos. O da conquista de um pelo outro, o mais forte e apto a sobreviver nesse mundo. O da extinção completa da raça humana. Agora qual deles virá a ser realidade...
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