Do trabalho e das suas realizações
Há quem consiga trabalhar horas seguidas de enfiada. Há quem consiga estar horas sem trabalhar. Há quem viva para trabalhar. Há quem trabalhe para viver.
A verdade é que, bem ou mal, mais ou menos, todos temos de o fazer. Por mim, o que faço é apenas um meio para atingir um fim: sustentar um estilo de vida que me agrada e poder prover para mais e melhor no futuro, contemplando a possibilidade de vir a ter uma família. Não gosto do que faço mas, no entanto, consigo perfeitamente (dias melhores e dias piores) lidar com isso e fazê-lo de uma forma aceitável.
Para ser feliz e estar satisfeito com o meu trabalho teria de fazer algo mais livre e criativo, teria de interagir mais com pessoas, teria de poder ter mais poder decisório e responsabilidade no rumo a tomar, estar no terreno e agir em vez de sempre sentado em frente a um monitor. Pode ser que um dia isto mude e tenha a coragem de criar ou aceitar o risco de mudar de ramo. Várias hipóteses se perfilam e todas teriam de passar por uma abertura, um golpe de sorte ou por um empenho total. Escrever um livro para publicar, criar material para publicidade, desenhar peças para vender, abrir um bar (para enriquecer ou enlouquecer, esta já por mais de uma vez se atravessou no meu caminho e insiste em voltar) são as mais sólidas, vendo ainda num horizonte mais longínquo vinhas alentejanas numa herdade de turismo rural. Tudo isto são sonhos ou nem sequer isso, que têm muito que andar para conquistarem o direito a existir ou a passarem a projectos exequíveis.
Actualmente não concebo que o trabalho possa encabeçar uma lista de prioridades na minha vida e ocupa apenas um lugar secundário ainda que me tome a maior fatia do tempo e providencie a maior parte do orçamento mensal pelo que dele não posso abdicar. Resta-me esperar (e fazer por isso) pela oportunidade certa que possa aparecer para dar um salto quantitativo (sim, a remuneração importa) e qualitativo (sim, a satisfação pessoal também).
5 comentários:
Ora bem, eu sou suspeitíssima para falar de trabalho e isto porque, apesar de tudo o que se tem passado e do que se tornou a vida de um professor, eu tenho a profissão que sempre quis ter e adoro (mesmo) dar aulas. Penso que a principal razão está nesse aspecto que focaste do contacto...eu sempre quis ter uma profissão ligada à comunicação. Sou comunicativa e gosto de comunicar, falar, interagir, escrever (eu sei que não se nota nada e tal, blá, blá, blá...), etc. Sou, todavia, demasiado viciada no trabalho e o meu trabalho permite-me usar a criatividade, personalizar aquilo que faço e isso dá-me imenso gozo. É claro que há todo o resto burocrático e estéril, mas mesmo assim, o balanço continua a ser positivo. Não me vejo a fazer outra coisa, apesar de sentir que o meu trabalho é pouquíssimo reconhecido e pior remunerado. Consigo trabalhar horas de enfiada e vivo muito para trabalhar, mais do que trabalho para viver, ou seja,sou um mau exemplo!!!
ehehehheh
chiça penico... mas acredito que gostando do que se faz seja possível (dentro de certas condicionantes) desconsiderar um salário menos bom... o que não é o meu caso. Assim exigo uma fortuna, uma pipa de massa, para me chatear de morte com o que tenho de fazer no dia a dia! ;)))
Ora bem, o salário é muito importante, mas para mim, a realização pessoal é mais, ou seja, entre um trabalho melhor remunerado e de que não goste, e outro pior remunerado, mas de que goste, prefiro este último. Sem dúvida. Aliás, foi o que fiz quando tive de optar pela área a seguir e pelo curso. Como era boa (gaba-te canastro!!) em qualquer área (exceptua-se desenho e afins..tssss), poderia ter seguido uma área de ciências, como aliás fiz até ao fim do 11º ano, para ser médica, engenheira, bióloga, etc. O problema foi que o bichinho da Filosofia me atacou de uma tal forma, que eu disse para mim: "Naaaahhh..eu não quero ser médica, ou engenheira, ou lá o que fôr!! Eu quero é mesmo Filosofia!!!". E pronto, contra tudo e contra todos (numa família com engenheiros e economistas...)lá fui eu, borrifando-me para o salário e para o emprego (sei que não pode ser assim, mas fiz assim...). O resultado é que o irmão engenheiro está com uma vida invejável no estrangeiro e aqui a man pobre, chateia adolescentes com questões sobre o sentido da vida e ganha mal...c'est ça...escolhas!!!
É pena é estar a ser irónico sobre a tal pipa de massa... não só não a ganho como me aborreço de morte... mas tudo a seu tempo... ehheheheheheh
Já que dispendemos tanto tempo com ele (o trabalho) penso que tem de alguma forma preencher e realizar-nos enquanto pessoas... não o consigo conceber de outra forma.
besos
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