quarta-feira, março 14, 2007

Podia perfeitamente acontecer...

Há coisas que mais vale deixar quietas. Como antigas maldições faraónicas, monstros pré-históricos ou pragas interestelares. Mas ao que parece, como qualquer filme de série B nos poderia dizer, ninguém sabe disso. E, volta e meia, a malta insiste em provocar a sorte e ver no que dá, mesmo sabendo que vai dar asneira. Pois foi mesmo este o caso que venho aqui relatar, em que uma série de circunstâncias levou ao aparecimento de um ser cataclísmico, capaz de gerar devastação em barda e, enfim, muito transtorno em geral. Tudo começou com um acaso que levou a que, certo dia, um meteoro infectado com um super-vírus do espaço caísse num lago pré-histórico da Terra. Esse vírus sobreviveu e contaminou o lago onde, de seguida, um monstro incrível, praticamente desconhecido nos dias de hoje, foi beber e ficou infectado. Durante uns dias este ser incubou a doença alienígena e acabou por cair numa poça de âmbar líquido, onde ficou dormente, graças à protecção que o vírus lhe conferiu. O âmbar solidificou e foi, uns poucos milhões de anos mais tarde, descoberto pelos egípcios que o consideraram um tesouro inestimável. Durante uns anos foi figura de destaque na corte de Tutankamon, até que foi levado para o seu túmulo e enterrado ao seu lado, coberto pelas maldições mais poderosas conhecidas na altura. Este cocktail improvável foi deixado a marinar durante mais uns milhares de anos até que um parvo (que nunca tinha ido ao cinema) o roubou do túmulo e levou para casa, para mais tarde o tentar vender. Ora, como não podia deixar de ser, calhava nessa noite um alinhamento estelar e planetário único, acompanhado pela explosão de uma super-nova, o solestício de verão, uma tempestade solar, um eclipse lunar e estava prestes a rebentar uma trovoada. Assim, o nosso braço do destino, o parvo, estava no sofá relaxado, a ler a Bola, quando um relâmpago lhe fulminou a casa, acertando em cheio no bloco de âmbar, derrentendo-o e libertando a coisa inominável que de lá saiu. Meio trôpego, o atordoado e atarantado ladrão de sepulturas acorreu para ver o que se passava com o seu mais recente achado. Foi com horror que encontrou um destroço fumegante, ainda carregado de electricidade, todo esparramado pela sua cozinha. Que grande porcaria, amanhã a dona Gertrudes vai ter cá uma trabalheira!, pensava ele, quando reparou que nem tudo estava destruído. Ali no meio, algo se movia. Pior, algo respirava. Recuou um passo, ficando encostado a uma parede, enquanto um vulto se deslocava lenta mas declaradamente na sua direcção. Com o dissipar do fumo, os contornos tornaram-se mais nítidos e apercebeu-se, aterrorizado, que estava na presença de um ser inominável que lhe saltou para cima. Era pequeno, com pelo curto encaracolado e verde, lambendo-lhe a cara, enquanto latia animado. Chamou-lhe Frufru e viveram felizes para sempre.

1 comentário:

Anónimo disse...

Mas que raio de coisa está a acontecer a este blog? Já não há "filmezinhos" (isto é um elogio a la Mário Viegas, sr. cineasta!), não há discussões estúpidas, não há piadas acessas? É preciso uma criatura regressar da noite - mais para lá do que para cá - para perceber que todos devem ter emigrado para "terras do choupal" (socorro!) e mergulhado no mais profundo marasmo e/ou bebedeira??? Sr.Martins: volte que está aperdoado. Isto se não somos nós a escrever disparates...olhe, dizque a administração adormece à chuva. E já nem sequer canta.

G.