quarta-feira, março 28, 2007

A DGV aconselha

Às vezes parece-me que, mais do que um sentido da vida, com tanta regras, códigos de conduta e espectativas criadas, existe antes um sentido obrigatório na vida. E um sentido proibido. Um limite de velocidade. Um proibido estacionar. Vendo bem, toda a metáfora do trânsito faz sentido, sendo o carro e como o guias a postura/máscara/atitude com que conduzes a vida. Podes sempre trocar de carro em certas alturas e andar mais depressa ou mais devagar conforme o estado de espírito e a conveniência.
Há por aí veículos ligeiros, pesados, de mercadorias, atrelados, especiais, chaços, clássicos, de competição, de construção, tunnings, usados, de luxo, roubados, emprestados, descapotáveis, utilitários, jipes, motociclos a motor e a pedal, o carro de gelados da Family Frost, ambulâncias, bombeiros e polícias, o carro com o megafone da CGTP, táxis, tanques, transportes públicos e carros funerários. Os personagens estão todos lá. Depois temos também os acessórios, derivados e associados, como a sinalização e o código da estrada, os trajectos (com ou sem mapa/GPS) e os atalhos, o trânsito, as garagens e estacionamentos, os acidentes, a BT e as multas, o seguro, as inspecções e o mecânico, as corridas, os furos, aquela estrada manhosa com a curva perigosa, aquele cruzamento onde toda a gente se perde, a bagagem, o combustível, o óleo, a água e os aditivos, etc.
Em casos particulares, já todos encontrámos ou fomos quem muda de faixa sem fazer pisca e provoca acidentes, aquela besta que nos indicou um atalho que afinal só nos fez perder tempo, a estrada esburacada onde passámos um mau bocado. Já tivémos que escolher para que lado virar na bifurcação com as devidas consequências futuras, algumas irreversíveis. Já demos boleia à pessoa errada ou fomos largados na beira da estrada. Já de certeza fomos ao mecânico, mandados parar pela polícia por termos infringido a lei e já tivémos acidentes mais ou menos graves, por culpa nossa ou de outros, sendo mais ou menos prudentes.
Mas também há alturas em que conduzimos tranquilos numa estrada lisa, junto à costa num dia de sol, o motor a roncar baixo e certinho, capota aberta com o vento a soprar suave, a música certa a tocar no rádio, a companhia certa no lugar do pendura ou um animado grupo de bons amigos a encher todo o carro. Se for mesmo o caso da companhia ser a tal, até dá para pensar em trocar o 2 lugares por um familiar. Ou então, solitário, livre e desapegado, ir de mota a fundo na faixa da esquerda.

Por falar em carro, já lavava o meu...

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