terça-feira, setembro 27, 2005

João Deão 26



O meu olho do cu nunca recusou tranca valente, e, talvez por isso, seja hoje, com uma ruga funda na bochecha de velho: um leve sorriso de peles secas e esgaçadas. Agasalhou grandes caralhões e obrou ainda maiores cagalhões. A diferença não foi só vectorial. Foi moral. Recordo um cliente. Nunca atestara cona de carne, ia casar-se, e queria, a bem de berlaitadas felizes, saber das linhas gerais das coisas da foda. Mormente da localização precisa da bicha. Deitei-me de barriga para cima, acalmei-o, abri as perninhas, exibi a berbigona, e preparei-me para o foder missionário. Assim, tal qual os padres mandam. O nubente, segurou o caralho com as mãos transpiradas e procurou-me a rata. Porém, encontrou-me o cu. Veio-se, corou de vergonha, agradeceu a ajuda e partiu convencido da sua sapiência sobre a localização da senaita. Que bela essa noite, em que, com propriedade, escuta a enrabada mulherzinha a urrar: "oh da guarda, que me esfacelam o cu!"

1 comentário:

Anónimo disse...

aprecio o arrojo estético e verbal, de inspiração sadista mas a roçar o pornográfico, ainda que sempre com um lampejo de bom gosto e refinado humor.

Aguardo com emoção o famijerado JD 27, com a certeza que o Pasolini exulta em espasmos escatológicos no mais fundo dos infernos
e o Henry Miller se envergonha de ter feito em vida tão fraca prosa da foda ao mesmo tempo que é sujeito, no purgatório, às mesmas sevícias que preconizava.