segunda-feira, agosto 22, 2005

Notas de Verão 2


Manifesto
Os combates são difíceis mas alguém os tem de travar. Como os minaretes, de execução delicada. Começaremos com argumentos racionais. Seguiremos com manifestações. Pegaremos em armas. Esta é uma luta que une todos os homens e mulheres de bom gosto. È uma luta que começa hoje, aqui, e só terminará quando de uma vez por todas, se eliminar o culto pérfido da caipirinha neste Pais. Bebida diabólica que todos parecem saber confeccionar. Bebida maléfica que todos dizem estar muito forte. Bebida feia, servia num copo molhado, com fruta esmagada dentro, sobre um guardanapo de papel. Bebida pirosa que se presta a rimas pirosas: a caipirinha bebe-se por uma palhinha. Gorda, baixa e larga, uma palhinha que assassina a nobreza de beber um copo na rua. Lutemos com determinação para a erradicação absoluta desta bebida, deste erro moral feito produto de bar. A caipirinha degrada. A caipirinha suja. A caipirinha é nojo.

Proposta:
Eliminação imediata das limas do mercado Português (se querem esmagar fruta dentro de copos, esmagam maçãs raineta, ou fruta seca).
Erradicação do açúcar amarelo e sua substituição por farelo. Têm a mesma terminação fonética e pode ser que vão ler o Gil Vicente.
Confisco das palhinhas atarracadas.
Criação de uma força de segurança especial, com livre transito em todo o território nacional para verificar estas medidas.

Só com a mão pesada podemos zelar pela segurança das nossas crianças adolescentes e defender o que é nosso: a doce ginginha, o apaziguador licor beirão, divertido licor de medronho, as alegres pinhoadas, o louco bagaço, os torresmos sérios, o courato crocante e o belo do tremoço. Contra a caipira, regalemo-nos um doce de Odemira.

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