terça-feira, agosto 23, 2005

João Deão 10




O restaurante está vazio. Apenas a luz azulada do mata-moscas ilumina as cadeiras viradas ao contrário em cima das mesas. As amigas de Isabelle foram para casa. "e estamos é cansadas, os pés inchados, e blábláblá, e mais isto e mais aquilo, e temos de acordar cedo, e temos de dormir bem, e..."

Isabelle está escondida atrás do muro do Jardim botânico que João decidiu saltar. A luz dos faróis de um carro varre o murro e projecta as sombras do gradeamento, mesmo em frente de Isabelle. João já no meio da mata chama-a. O coração salta-lhe da boca, tem a face quente da excitação e sente uma agilidade há muito esquecida. Curvada corre para junto de João. Ele corre pela densa vegetação desaparecendo de imediato. Isabelle tenta adaptar a sua visão à pouca luz. Perdida, procura-o. Mata densa. Clareira mais à frente. Sentado num banco do jardim sobre a cidade: João. Aproxima-se. Coloca as mãos na cintura, sente a frescura do vento na sua pele transpirada e observa deste promontório a cidade.

Sente a mão de João a descer-lhe as costas e tornear-lhe o corpo. Demorando-se. João repete o gesto, como se lhe despisse a roupa interior por cima do fino vestido. Desce pela perna até à parte de trás do joelho. Pára. Com a ponta dos dedos toca, ao de leve, nessa pele sensível. Inclina-se e beija-a. A saliva arrefecida pelo vento, arrepia-a. Desce a mão ao tornozelo. Agora, com firmeza, percorre o caminho até ao limite do vestido. Pára. A mão entre as pernas de Isabelle. Aperta com suavidade o interior das coxas. Isabelle, de pé, estremece. E, abre-as ligeiramente. João toca-lhe com segurança. Com o indicador. Sente-a, movendo o dedo. Constrangida, vira-se para João, afastando-lhe o braço. Ele sentado, ela de pé frente a ele. Ele abraça-lhe a cintura e beija-lhe a barriga. Sente o paladar do suor na pele abaixo do umbigo. Brinca com os pelinhos. Visualiza desfalecer por cima dele. Abraçam-se. Beijam-se na boca. Sentem o coração a latejar em todo o corpo.

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