Os novos fascistas
A palavra "fascista" sempre teve para mim (talvez seja um problema geracional, ou então será só meu) um significado que não corresponderá exactamente ao seu significado original. Fascista para mim é alguém que acha que a sua posição é a melhor e que todos os outros devem fazer como ele. Alguém que se considera superior a ponto de que o mundo deva ser moldado à sua imagem.
Em princípio, hoje a essa palavra, no meu mundo, deveriam estar colados os meninos da direita portuguesa. As suas camisinhas de marca, os seus cabelinhos penteados. Mas curiosamente não é assim (talvez porque esses sejam demasiado medíocres para poderem presumir que têm razão. São, em geral, simplesmente boçais).
Quem me aparece hoje colado à palavra fascista, na minha geração, são os jovens que se dizem de esquerda. Retrato tipo: curso superior a caminho para mestrado ou doutoramento; vestuário ligeiramente radical mas cuidado; gostos musicais que abarcam Manu Chao e música clássica; têm uma opinião sobre o cinema francês; jantam e tomam café em sítios chiques e de vez em quando vão às discotecas da moda; pertencem a organizações de cidadãos que defendem um interesse sectorial, que em geral nada está relacionado com eles; lambem tudo o que é rabo de intelectual ou professor universitáio importante; estão dispostos a tudo para subirem na vida; acham que se os outros têm dificuldades na vida é porque não querem trabalhar; quando estão descontraídos deixam escapar frases absolutamente arrepiantes sobre os pobres e assim essa gente que não se lava e não se esforça.
Afinal quem está errado, o meu significado do conjunto de letras f-a-s-c-i-s-t-a, ou a vida fascista deles?
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