Saúde: público ou privado, mas nunca público e privado.
O problema da Saúde em Portugal é um caso típico de uma raposa fechada com as galinhas no galinheiro. Os serviços de saúde funcionam mal. Quem não conhece ninguém no “sistema”, espera meses ou anos por uma consulta ou cirurgia. Quem menos pode tem que pagar. Quem mais pode é atendido na hora e não paga nada.
Quem pode resolver estes problemas? Os médicos.
Quem lucra com estes problemas? Os médicos.
A solução para o sector da Saúde em Portugal é fácil: separar completamente o público do privado na prática da medicina. Quem quer exercer no privado que o faça, livremente, mas não poderá exercer simultaneamente no público. E se quiser voltar ao público terá que abandonar o privado e esperar, por exemplo, dois anos.
E não me venham com o argumento de que quando se fizer isto os melhores médicos escolherão o privado. Porque todos sabemos que os melhores médicos só o são porque têm à sua disposição os meios do público e é daí que vem o seu prestígio. E os que são verdadeiramente insubstituíveis realizam intervenções de tal forma caras que nunca serão exequíveis no privado.
Era aliás este caminho que apontava o relatório do grupo liderado pelo Dr. Daniel Serrão, encomendado pela Ministra Maria de Belém, no governo do Eng.º Guterres. Claro que a proposta ficou na gaveta. Claro que na Saúde continua tudo na mesma.
Só falta dizer uma coisa: é claro que nesta proposta nem tudo são facilidades. É preciso, para a pôr em prática, ter a coragem de enfrentar o lobby médico. É preciso explicar aos médicos que em vez de cinco ou dez mil contos por mês, eles terão que ganhar apenas mil ou dois mil. Que em vez de um Ferrari terão que conduzir um Audi. Que em vez de férias quatro vezes por ano, terão que ter 21 dias úteis como todos os outros. E essa coragem, até hoje, ninguém teve.
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