Há momentos assim
O Porto está nas meias-finais da Liga dos Campeões. O que só vem provar que não há nenhum tipo de justiça no mundo do futebol, como não haverá no Mundo. Uma equipa que nos últimos 20 anos tem sido escandalosamente beneficiada nas competições profissionais portuguesas por arbitragens que fazem chorar a rir qualquer pessoa que conheça minimamente as regras do futebol (com excepção dos adeptos dos seus adversários nacionais, que não terão muita vontade de rir), que é o exemplo acabado do que não é fair play, que tem como presidente uma das figuras mais sinistras do país, chega a esta fase da competição de clubes mais importante do planeta aproveitando um conjunto de circunstâncias pouco habituais. Desde logo, na minha opinião, por ter um grande treinador (apesar de incrivelmente arrogante e mal-educado, como convém ao clube), que consegue tirar um rendimento inimaginável de um grupo de jogadores profundamente medianos (com excepção de Paulo Ferreira, do Ricardo Carvalho 2003/2004 e do Deco 2002/2003, que são do melhor que há na Europa). Depois por ser uma equipa com uma onda de sorte que não pára de surpreender: as bolas que batem nos postes, os "Frangos Baía" que raramente dão golo (com excepção do jogo com o Gil Vicente), os frangos dos guarda-redes adversários aos 180 minutos de uma eliminatória perdida... Por fim, mesmo na Europa, os erros dos árbitros. Ainda não vi o jogo de ontem, mas contra o Manchester, por exemplo, há um golo limpo anulado a Paul Scholes quando o Porto perdia 1-0 e estava já a perder a eliminatória, e o próprio golo do FCP resulta de uma falta que não existiu. Normalíssimo e semanal no campeonato português, mas muito estranho na UEFA, apesar de o árbitro em causa ser russo.
Mas a onda de sorte não fica por aqui: Numas meias-finais da Champions League, onde deveriam estar, para além do Porto, as três melhores equipas da Europa da actualidade (Milan, Arsenal e Real Madrid), o FCP encontra, devido à hecatombe desta semana, três equipas do "seu campeonato": Corunha, Chelsea e Mónaco. Não se pode ainda dizer que o Porto seja favorito, mas com sorte de campeão não se discute.
Eu, que tenho uma fortíssima costela Benfiquista, assumo que torcerei contra o Porto até ao fim (os argumentos patrióticos nunca me convenceram, não se aplicam ao futebol e muito menos a equipas que roubam 95% dos títulos que conquistam). Mas confesso que começo a achar piada a esta maré de sorte azul e branca. É mais ou menos como ver todos os carros de uma corrida de Fórmula 1 partirem motores, rebentarem pneus, terem acidentes, até que um Minardi ganhe a corrida. Por muito adepto que se seja da Ferrari, não se pode deixar de ter simpatia pelo facto.
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