sexta-feira, abril 23, 2004

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Em cada 100 euros que o patrão paga pela minha força de trabalho, o Estado - e
muito bem - tira-me 20 euros para o IRS e 11 euros para a Segurança Social.

O meu patrão, por cada 100 euros que paga pela minha força de trabalho, é
obrigado a dar ao Estado - e muito bem - mais 23,75 euros para a Segurança
Social.

E, por cada 100 euros de riqueza que eu produzo, o Estado - e muito
bem - retira ao meu patrão outros 33 euros.

Cada vez que eu, no supermercado, gasto os 100 euros que o meu patrão me pagou,
o Estado - e muito bem - fica com 19 euros para si.


Em resumo:
- Quando ganho 100 euros, o Estado fica quase com 55.
- Quando gasto 100 euros, o Estado, no mínimo, cobra 19.
- Quando lucro 100 euros, o Estado enriquece 33.
- Quando compro um carro, uma casa, herdo um quadro, registo os meus
negócios ou peço uma certidão, o Estado - e muito bem - fica com quase metade
das verbas envolvidas no caso.

Eu pago e acho muito bem, portanto, exijo: um sistema de ensino que
garanta cultura, civismo e futuro emprego para o meu filho.
Serviços de saúde exemplares. Um hospital bem equipado a menos de 20 km de
minha casa. Estradas largas, sem buracos e bem sinalizadas em todo o País.
Auto-estradas sem portagens. Pontes que não caiam. Tribunais com capacidade para
decidir processos em menos de um ano. Uma máquina fiscal que cobre
igualitariamente os impostos.

Eu pago, e por isso quero ter, quando lá chegar, a reforma garantida. E
jardins públicos e espaços verdes bem tratados e seguros. Policia eficiente e
equipada. Os monumentos do meu País bem conservados e abertos ao público. Uma
orquestra sinfónica. FILMES CRIADOS EM PORTUGAL. E, no mínimo, que não haja um
único caso de fome e de miséria nesta terra.

Na pior das hipóteses, cada 300 euros em circulação em Portugal
garantem ao Estado 100 euros de receita. Portanto, Doutor Durão Barroso,
governe-se com o dinheirinho que lhe dou porque eu quero e tenho direito a tudo!

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